O filho mais novo

31 6 17
                                        

N/a: Surto da madrugada, resolvi atualizar!

Na grande Incheon da década de 20 existiam 3 principais famílias: os Park, famosos por seus perfumes sem igual, a família Choi, conhecida por suas bebidas de sabores inigualáveis (muitas importadas) e a família Lim, conhecida por seus temperos e agora também pelos tapetes luxuosos que vendiam. Eram famílias que possuíam prestígio e eram amadas por todos. Muitos queriam fazer parte de seu quadro de empregados e muitos queriam se casar com alguns dos filhos e filhas dessas famílias, para aumentar o prestígio de sua própria. Constantemente eram convidados para bailes, jantares de negócios, reuniões políticas, feiras culturais, passeatas, festas de aniversário e afins. Ter a presença de um membro que seja dessas famílias em seu evento era motivo de orgulho e uma possibilidade de algum elo comercial no futuro.

A família Park possuía dois filhos e uma filha, dos quais os dois mais velhos já eram casados com as filhas mais novas da família Choi. A filha mais nova, estava noiva do filho do prefeito da cidade. A família Choi possuía um rapaz e duas filhas, o rapaz mais velho ainda não havia se casado, causando um grande alvoroço por onde passava entre as meninas, que sempre se arrumavam ao extremo quando sabiam que ele apareceria em algum evento, tentando fisgá-lo para si. A família Lim possuía três filhos, somente o mais velho sendo casado — com a filha mais velha do prefeito. Ele abriu sua própria loja de tapetes e estava planejando ter um filho. Entre os dois mais novos, o do meio possuía namorada e ele era o ator mais proeminente do momento e o mais novo não queria saber dos negócios do pai e muito menos de namoradas e menos ainda sobre filhos.

A verdade é que Jaebeom achava sua vida um tédio. Ele não queria mesmo seguir o ramo da família. Sua paixão sempre fora a arte e tudo envolvido a esta. Gostava do teatro, música e principalmente pintar, esta última atividade sendo aquela que escolheu para se aprofundar. De todas as artes, as que mais gostava eram o desenho e a pintura, entrando em diversos cursos na adolescência — sem a permissão de seu pai, mas com aval de sua mãe — para se aperfeiçoar na arte. 

Sua adolescência não fora uma das melhores, com seu pai criticando abertamente suas paixões e os comparando aos seus dois irmãos mais velhos, que tinham uma carreira sólida pela frente. Jaebeom sequer se interessava por temperos e muito menos por contas, tendo pavor das mesmas. 

Amava muito viajar e para isso dizia ao seu pai que iria pesquisar outros comércios da região como desculpa para visitar outros locais. Aos 15 já havia conhecido as principais cidades da Coréia do Sul e suas festas, documentando em seus desenhos a maioria das paisagens e pessoas que lhe chamavam a atenção, ao mesmo tempo que fazia um relatório ao seu pai sobre as novidades comerciais de outras cidades. Quem sempre lhe acompanhava nessas viagens era seu irmão Jinyoung, que lhe ajudava nos relatórios e o apoiava em seu sonho de se tornar pintor, ao contrário de Jun-seo, o irmão mais velho dos três, que compartilhava da mesma opinião de seu pai, inclusive o ridicularizando na frente de todos sempre que podia. Odiava estar na presença do mesmo, sempre correndo para Jinyoung quando podia, pois pelo menos perto dele conseguia um pouco de paz.

Também tinha o hábito de percorrer todo o território da família, procurando por árvores que lhe chamassem atenção, animais ou mesmo casas. Enfim, qualquer objeto que pudesse lhe chamar atenção ele desenhava, sempre treinando suas técnicas. Gostava de fato de representá-los tal qual eram, apesar de saber que o mundo da arte tivesse mudado e muito após o advento da fotografia. Como esta representava fielmente a realidade — mais do que a pintura em si — os pintores começaram então a repensar a representatividade dentro das pinturas, as desconstruindo o quanto podiam, reinventando formas de representar diversos objetos, entre outras coisas.

Existia um fato curioso sobre si: ele nunca teve qualquer previsão direcionada a ele. Nenhuma. Mesmo que os consultassem sobre a pintura, nada se via de seu futuro, diferente de seus irmãos, que tinham previsões desde que nasceram. Isso o desanimava um pouco, pois achava que não teria futuro com o que escolheu seguir, se sentindo obrigado às vezes a ir para a loja de seu pai o ajudar. Bom, de alguma forma ele teria que garantir um sustento para si e sua futura família (que não queria ter). Jinyoung dizia que em algum momento apareceria uma previsão para ele, mas que não era a hora ainda, para que ele não desanimasse. Já Jun-seo se aproveitava para caçoar dele e chamá-lo de fracassado e que ele não deveria nem pertencer a família, que ele devia ser adotado, entre outras coisas que o chateavam de verdade.

I Saw YouOnde histórias criam vida. Descubra agora