7. Companhia perigosa

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Tudo começou quando Prem avisou que naquele dia eles teriam a companhia de Lydia, uma poderosa empresária que estava já há algum tempo tentando fazer negócios com a empresa, mas Ohm acabava desistindo sempre. Desta vez, porém, quem havia proposto a parceria era Ohm e por motivos exclusivamente financeiros.

"Por isso, é importante que você se comporte, Fluke!", Prem avisou firme.

"E quando eu não me comportei?", Fluke perguntou mostrando ao colega o seu olhar de cachorrinho.

"Não adianta me olhar assim, Fluke! É sério!", Prem tentava ignorar o efeito que aquele olhar tinha sobre si, mas foi poupado quando os empresários saíram de dentro do escritório de Ohm.

"Fluke, vamos precisar ir até a fábrica para mostrar à Lydia o seu funcionamento, tudo bem?"

"Ah, claro! Só me deixa antes…", Fluke disse se aproximando de Ohm e arrumando a gravata dele que estava um pouco torta. Para alcançar o acessório direito, Fluke ficou nas pontas dos pés e seu rosto muito próximo do CEO. Ficando evidente para todos ali que algo havia sido trocado entre eles naqueles olhares desfocados.

"Sai pra lá, deixa que eu ajudo o Ohm!", Lydia empurrou o rapaz e se colocou na frente de Ohm que instantaneamente trocou a sua expressão feliz e pacífica por uma que era assustadora.

"Por que você fez isso, Lydia?", ele perguntou se afastando das mãos da mulher para ajudar Fluke.

"Ele é só um motorista, Ohm! Por que você se importa?", a mulher perguntou com um olhar de desprezo.

"Tá tudo bem, Ohm! Eu tô bem! Vamos indo?", Fluke deu um sorriso fraco, constrangido, mas não queria prejudicar o CEO e apenas ignorou o comportamento rude da mulher.

No caminho para a fábrica, Fluke notou pelo espelho retrovisor que enquanto conversavam, Lydia tentava a todo tempo tocar em alguma parte do corpo de Ohm que estava praticamente encolhido no assento do carro tentando se desviar das investidas da mulher e isso o fez rir mentalmente. Mal sabia ele que o dia apenas estava começando.

O pessoal da fábrica já estava acostumado à presença de Fluke e quando eles se aproximaram da porta da sala de reuniões, logo abriram caminho para o motorista entrar junto dos executivos, mas desta vez, Lydia o impediu.

"Por que um motorista iria participar de uma reunião empresarial?", ela perguntou e entrou sem olhar para trás.

Já acostumados à fúria do CEO sempre que Fluke era impedido de acompanhá-lo, os funcionários esperavam que o mesmo fosse acontecer naquele instante, mas o motorista apenas se aproximou de Ohm, apertou levemente a sua mão e disse baixinho:

"Eu vou esperar aqui fora, não se preocupe, ok?"

Ohm queria protestar contra aquilo, mas foi vencido pela persuasão de Fluke e apenas concordou. O contrato com a empresa de Lydia havia começado a ser negociado quando as companhias ainda eram lideradas pelos respectivos pais de cada um deles. Por muito tempo Ohm havia evitado o vínculo por saber de alguns detalhes turvos da vida da mulher que era inescrupulosa e injusta, mas agora a sua empresa precisava desse contrato para financiar a expansão que pretendia no próximo ano.

Saindo da reunião, era já hora do almoço e Ohm pediu a Fluke que os levasse ao restaurante onde Prem havia feito a reserva. Em todas as vezes que o carro parava num cruzamento, cortava um outro veículo ou mesmo acelerava, Lydia reclamava da forma que Fluke conduzia o carro. O motorista, por sua vez, tentava permanecer imperturbável. Ohm crescia em ódio acumulado.

Chegando no restaurante, Lydia repetiu mais uma vez o sermão "o motorista não deve fazer isso" e Fluke acabou sendo privado de comer com eles. Isso era cruel e Ohm começou a protestar, mas Fluke o impediu mais uma vez.

Meu adorável motoristaOnde histórias criam vida. Descubra agora