Trash n' old pictures.

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Louis P.

- Filho, eu estou sentindo que dessa vez vai dar certo! - O patriarca disse terminando de apertar uma das peças com a chave inglesa.

Ficava feliz em ver o meu pai tão animado. Querendo ou não, aquela máquina também era minha vida. Me envolvi bastante com ela ao decorrer dos anos e estudei bastante para ajudar meu pai a aprimora-la. Ele falava que aquela era a nossa invenção, mesmo eu não querendo todos os créditos por ela - até porque eu não tinha feito nem um terço do que ele havia feito.

- Tá muito legal, pai. - Respondi admirando a estrutura. - Vai dar certo, com certeza. - Já tinha acabado toda a minha parte do trabalho então resolvi me sentar no chão.

Meus olhos vagavam pela garagem procurando algo interessante para mexer. Aquele lugar era um depósito de lembrança dos meus pais. Ambos eram bastante materialistas e gostavam de manter certas coisas que os lembravam de momentos bons. Tanto que em uma das gavetas, estava guardado o botão da blusa de meu pai que caiu no primeiro encontro deles, junto com a nota da conta do restaurante. Ao meu ver, aquilo ali era um exagero, mas o que eu aprendi sendo um Partridge é que a memória é a coisa mais sagrada que temos e precisamos fazer de tudo para preserva-la.

Depois de "muita" procura, achei uma caixa vermelha debaixo de uma das cômodas. Não sabia o que era e nem me dei o luxo de perguntar a meu pai, apenas abri, me deparando com inúmeras fotos de meu pai e dos antigos amigos dele.

Tirei algumas das fotos da caixa para analisar elas. Meu pai parecia estar muito feliz nessa época. Seu grupo não era muito extenso mas eles pareciam infinitos. Sentia inveja disso. Não que eu gostasse muito de socialização, mas parecia ser incrível ter um grupo com mais de três pessoas.

Folheei mais algumas fotos até perceber uma presença diferente em meio as figuras, uma presença familiar, mas não consegui me lembrar de onde a conhecia, seu rosto estava meio borrado por causa do desgaste das fotos. Continuei a passar as fotos até ver a foto de uma moça abraçada ao meu pai.

Era ela.

- Ei, pai. Quem é essa? - Virei a foto na direção dele e percebi que o semblante dele havia ido de concentrado para meio nervoso.

- É a minha ex namorada. - Respondeu em um só fôlego.

- Ela parece aquela moça que estava cantando a música que estávamos ouvindo no caminho pra cá.

- É porque é ela! - Ele se aproximou com um sorriso pequeno no rosto. - S/n Frederiksson...

- Frederiksson... - Franzi o cenho tentando me lembrar de onde vinha esse nome. - Frederiksson não é o sobrenome da vocalista do Roxette, a Marie? Elas tinham algum parentesco?

- Sim. Marie era tia dela. S/n começou a cantar por causa dela, elas eram muito parceiras.

- Então quer dizer que você já namorou uma famosa. - Empurrei o ombro do homem que havia se sentado ao meu lado. Ele sorriu.

- Sim. Comecei a namorar S/n bem no início da carreira. Ela cantava em bares e fazia algumas apresentações em shows. Era incrível ver ela nos palcos, ela transmitia uma coisa tão bonita... Ela fazia você se sentir como se estivesse em outra dimensão. Era demais. - Meu pai falava com um ar nostálgico e com os olhos brilhando. Parecia uma criança após ver algum brinquedo gigante.

- Ela ainda tá viva? - Perguntei esperançoso. Eu realmente esperava que ela estivesse, não queria tocar em algum assunto muito delicado.

- Sim, está sim. Mora em Los Angeles e é casada.

- Por que vocês terminaram? - Me apedrejei mentalmente por ter perguntado assim que meu pai olhou para o chão com uma feição triste.

Ele pensou um pouco e então disse: - Ah, filho... Não demos certo. Namoro na adolescência nem sempre dá certo e não fomos a exceção dessa vez.

- Ainda fala com ela?

- Raramente pelas redes sociais. - Foi a última coisa que ele disse antes de se retirar da garagem. Já eram sete horas da noite, sinal de que a janta estava quase pronta, sinal de que meu pai estava indo para a cozinha. Copiei os passos dele.

TIMELESS, Louis Partridge. Onde histórias criam vida. Descubra agora