Louis P.
— Me contem, garotos! Como vai a máquina? — Minha mãe pergunta quebrando o silêncio ensurdecedor. Estávamos nós três na mesa e ninguém tinha dado um pio desde que sentamos.
— Vai ótima. — Meu pai falou enquanto mastigava. — Mais uns ajustes e Louis já pode ir. — Ele falou como se estivesse se referindo à uma excursão da escola.
Eu e minha mãe nos entreolhamos e devolvemos o olhar chocado ao meu pai, até porquê estávamos sabendo disso agora.
— O quê? — Perguntou engolindo em seco.
— "O quê" o quê?
— Você está maluco? Não vai levar meu filho para uma missão suicida para satisfazer seu gênio cientista.
— Não é suicida, Julianna. Eu sei o que estou fazendo e eu nunca mandaria meu filho para uma missão suicida.
— Ele é o meu filho também!
E eu continuava estático no meio dos dois na mesa, tentando processar o que meu pai tinha dito. Nem prestava atenção na discussão dos dois.
— Louis não é uma criança, Jules, pare de tratá-lo como uma! Ele tem dezessete anos, deixe ele escolher se vai ou não.
Ambos me olhavam esperando uma resposta, e eu não demorei um segundo para dá-la.
— Eu vou, mãe. — Meu pai me olhou orgulhoso.
— Louis, filho... — Ela parecia triste. — Não se sinta pressionado por causa de seu pai. — Vi ele a olhar indignado.
— Não é por isso. Quero participar de algo grande e eu confio no pai. — Dei de ombros e peguei a louça que estava vazia, levando-a para a cozinha. Tentei confortar minha mãe de alguma forma. Quando voltei, passei por ela e apertei seu ombro. — Eu vou ficar bem. Vou pro quarto.
Me despedi dos dois e subi, trancando a porta assim que adentrei no lugar. Me joguei na cama com o celular na mão e disquei o número de Wyatt, meu melhor amigo.
— Fala, nerdola. — Ditou do outro lado da linha fazendo com que eu revirasse os olhos.
— Você tem a coleção toda dos quadrinhos da marvel, joga lol e tem funko de star wars e eu que sou o nerdola? — O silêncio ecoou por alguns segundos.
— Vai se foder, ligou pra quê?
— Tá um caos aqui em casa, meus pais tão quebrando o pau porque minha mãe não quer que eu entre na máquina e meu pai quer...
— Eu vou no seu lugar, pode deixar.
— Não idiota, eu quero ir. Só liguei pra distrair.
— Que merda, perdi a chance de ir para os anos 90 para dar uns pegas na Natalie Portman...
— Você é um idiota, Oleff.
— É meu charme.
— Que charme o quê? Não sei como a Erin ainda tá contigo.
— Isso é inveja porquê eu namoro e você não. — Wyatt parou de falar e eu consegui ouvir o toque alto de seu celular. — Não morre mais, a Erin tá me ligando. Depois falo contigo, Martin Mcfly.
— Beleza. — Desliguei e coloquei meu celular em cima da cômoda novamente.
Fechei os olhos tentando relaxar e assimilar tudo que aconteceu hoje, mas dois adultos transtornados e com a cabeça quente no quarto ao lado me atrapalharam com os murmurinhos da discussão que eles haviam estendido.
— Você não pode fazer isso com ele, Asher! Qual o seu problema? Se algo der errado com nosso filho... — Ouvi a voz da minha mãe no instante em que eu coloquei o ouvido na madeira gelada da minha porta.
— Para com isso. Para de achar que vai dar errado, você sabe que não vai, você estava lá! Você viu! — Meu pai a cortou.
Apenas bufei e revirei os olhos. Não estava com cabeça para continuar ouvindo gritaria. Deitei na minha cama e coloquei os fones de ouvido. Na minha cabeça veio S/n. Não sei porquê pensava tanto nela, ela tinha uma coisa que me intrigava bastante. Queria conhece-la.
Lembrei de que eu era um adolescente no século 21 que tinha acesso a todo tipo de tecnologia e resolvi pesquisar seu nome no Youtube. 'Edge Of Seventeen' era uma de suas músicas mais ouvidas. Apertei no vídeo que mostrava ela cantando ao vivo e coloquei os fones.
Assistia ela atentamente. Meu pai estava certo, ela tinha uma presença de palco surreal. Ela era confiante, era o primeiro show grande que ela fazia mas parecia que ela fazia isso há anos e anos. Senti vontade de estar ali com ela naquele show, ao seu lado a prestigiando. Ela me passava uma sensação surreal de conforto.
Pesquisei mais algumas coisas sobre S/n até pegar no sono.
Sonhei com ela aquela noite.
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• olá lindes vejam o vídeo lá em cima e imaginem vocês, mwah
• stevie nicks amor te amo
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TIMELESS, Louis Partridge.
Ficção AdolescenteO pai de Louis, um cientista amador, volta a trabalhar num antigo projeto de máquina do tempo e acaba enviando seu filho para os anos 80 onde ele conhece S/n, uma cantora iniciante e antigo amor de seu pai.