Andamos pela pizzaria, cruzamos os fliperamas, fomos até a Pirate Cove. Achei o lugar bom, mais afastado das mesas, não queria ter que revelar meu segredo, mas era necessário, eu precisava contar. Pelo bem de nossa amizade.Estávamos um de frente para o outro, no começo do corredor direito, do lado da Pirate Cove. Eu estava nervosa. Pelo menos Foxy abafaria minha confissão.
Então comecei, com cautela:
-Simpático, não? Foi bom conhecer ele, mas foi melhor ainda com você comigo.
Ele não disse nada e olhou para baixo, meio sem graça. Continuei:
-Na verdade...tudo que eu faço é ainda melhor quando faço com você.
Marky é um garoto muito esperto. Ele já entendeu onde eu estava querendo chegar. Ficou meio corado, e estava olhando para tudo ao redor, menos para mim.
-Marky, olhe para mim. – eu disse suavemente.
Ele ergueu o olhar, ainda hesitante.
-Só queria dizer... que eu gosto de estar com você. Você me deixa feliz. E... o que eu quero dizer é que...
Um vulto roxo apareceu no canto da minha visão, no final do corredor. O “recreador” estava com algo prata em sua mão, percebi que ele estava tentando esconder ao máximo o objeto.
Desviei meu olhar total ao homem. Murmurei:
-Tem alguma coisa errada aqui.
-Quê? - Mark, que estava esperando a bomba, estava com uma cara confusa. Seguiu meu olhar até o final do corredor, e comentou:
-Ah, o recreador.
-Ele não é um recreador, Mark. Se eu te dissesse o que eu acho que ele é, você não acreditaria.
Institivamente, olhei até a nossa mesa, para checar se minha irmã ainda estava lá. Para meu enorme alívio, ela estava.
-Então o que você acha que ele é?
-Já disse, você não acreditaria.
-Posso não acreditar em você, mas sei que você não é louca, então é pouco provável que eu não acredite em nada do que você disser.
-Ok, ok. Provavelmente ele é um psicopata, e fã maníaco de Fnaf, e quer que a história seja o mais real possível. Ele já tem a pizzaria, não é? Agora só falta o quê? Os assassinatos.
-Mas Kate, é uma pizzaria temática, ele provavelmente só está fazendo o papel.
-É exatamente o que ele quer que pensemos. - Eu disse, olhando nos olhos dele.
Houve uma pausa, poderia dizer que eu ouvia as engrenagens funcionando na cabeça dele.
-Faz sentido.
Ficamos olhando um nos olhos do outro pelo que me pareceu uma eternidade. Quando voltei meu olhar ao corredor, o homem tinha sumido.
-Marky, eu não vou te forçar a nada, mas eu não vou deixar uma criança inocente morrer nas mãos de um psicopata!
-Kate, é perigoso demais, não acha que seria melhor chamar a polícia?
-Quando a polícia chegar, vão pensar o mesmo que você, isso se não chegarem tarde demais. - Expliquei – E você não vai me impedir de fazer alguma coisa.
Mark então me olhou com convicção e falou:
-Não vou impedir você, vou com você.
Esse é o meu Marky, fiel até o fim.
Quase o abracei ali mesmo, mas não tínhamos tempo.
-Obrigada – eu disse, sentindo uma imensa gratidão por ter ele sempre ao meu lado.
-Sem problema, afinal, somos amigos, não é? Amigos estão sempre juntos.
-É - estava quase a ponto de chorar, mas respirei fundo.
Foco, Kate.
Discretamente, fomos até a sala lateral do corredor e vasculhamos ela, para encontrar algo com que se defender. Encontrei um pé de cabra, o que foi muita sorte, Mark encontrou um cano de metal e um martelo. Também encontramos uma fita isolante, então prendemos o martelo ao cano, ampliando a arma.
Fomos até a sala do segurança, com cautela, mas ninguém estava lá. Olhei para Mark, seu rosto refletia minha confusão. Se ele não estava lá, para onde teria ido?
Para algum lugar que não exploramos antes, provavelmente.
-Mark, a porta dos fundos!
-Mas aqui é os fundos. - Ele disse, como se fosse óbvio.
-Uma porta dos fundos não precisa ser obrigatoriamente nos fundos, pode ser que a porta dos fundos seja uma porta lateral.
Ficamos nos encarando por um tempo, até que ele falou:
-A terceira porta!
Quando entramos na pizzaria, fizemos questão de explorar cada canto do lugar, até os banheiros. Como sabíamos a planta do mapa da pizzaria do jogo, estranhamos ter uma terceira porta depois dos banheiros. Achamos que era um quarto dos funcionários, ou um depósito, então não arriscamos ir lá.
Disparamos com tudo para o corredor dos banheiros, escondendo o cano de metal e o pé de cabra atrás das costas.
Fomos até a terceira porta, mas estava trancada. Após uma pausa, eu falei:
-Arromba.
-O quê?
-Marky, sem querer te ofender, mas você é enorme! Arromba a porta.
-Nossos pais vão nos matar!
-Isso se a gente não morrer antes. Sinceramente, não sei o que é pior.
A piada sem graça pelo menos tirou um pouco da tensão dele. E então, ele tomou impulso e se jogou contra a porta. Fez isso umas 3 vezes. A porta finalmente cedeu e abriu, com um estrondo.
O que vi era terrível, com certeza faria qualquer pessoa sensível desmaiar. Eu queria gritar, mas estava sem forças, tamanho o choque que tive. Agora, preciso ter sangue frio.
Olhei de esguelha para Mark, ele estava tão amedrontado quanto eu, seu rosto estava pálido e tremia muito, assim como eu.
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Uma Noite na Freddy's
Mystery / ThrillerUma pizzaria tematizada no jogo Five Nights at Freddy's abriu na cidade. Sendo muito fãs do jogo, Kate e seu melhor amigo, Mark, resolvem passar seu aniversário lá. Mas o que antes era um sonho, tinha se tornado um pesadelo sem fim. Será que a pizza...