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As mãos tremem, o peito dói, o coração acelera, não consigo respirar, eu fiz algo incomum se tornar comum, eu transformei em corriqueiro algo tão assustador, passam os segundos, minutos, horas, dias, e isso não acaba, me tornei refém de remédio, o que antes me trazia diversão, hoje faço por obrigação, como uma distração, para que ao menos um segundo eu esqueça a dor, mas eu lembro,  sempre lembro, não para, nunca acaba, eu não aguento, não aguento aguentar, não aguento esperar, não aguento como todo dia a esperança de melhorar se faça tão irreal, é como se as memórias me tornassem leal, leal a dor, a falta de ar, e as lágrimas, benditas lágrimas que caem dos meus olhos mas acalmam meu coração, malditos soluços que fazem barulho e chamam atenção, eu me sinto presa no limbo da dor, pq mesmo sabendo que nada é real eu as torno tão reais que doem mais que os machucados no corpo, aliás, saudades de quando a única dor sentida era causada por eu ser tão desastrada e azarada, tão desastrada quanto quanto as mocinhas dos livros que eu leio, e tão azarada quanto as vilas que sempre perdem no final, se bem que a diferença entre as mocinhas e as vilãs é a forma que a história é contada, e o final feliz que só existe para uma se a outra for infeliz.

Textos Tristes E Sem SentidoOnde histórias criam vida. Descubra agora