II-NICOLE: A FORÇA ELEMENTAL

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            Nicole, em seu quarto, observava o antigo retrato de sua mãe, fixado na parede, que geralmente lhe trazia lembranças de um bom passado, mas que sempre a sufocavam com tristeza e dor. Queria ela poder se consolar e confortar com as lembranças dos bons momentos com a mãe, porém como não era possível, preferia esquecê-la.

            Mas como esquecer alguém que lhe deu tanto carinho, afeto, até mesmo ternura, e que lhe ensinou tanto? Então para não recordá-la, como uma alternativa de fuga de suas recordações, que na realidade pareciam mais uma lembrança punitiva, buscava com os olhos alguma coisa no quarto solitário que, naquele momento, parecia mais uma prisão.

           "O que fazer para tirar essa amargura?", refletiu ela. E então olhando para o relógio, viu os minutos se arrastarem como se cada segundo fosse uma eternidade, até que reclinou a cabeça sobre o travesseiro e suspirou.

         — Por que não consigo dormir? — ela replicou consigo mesma.

          Após a reflexão, sentiu a brisa do vento que entrara pela janela, se levantou e caminhou, avistou a campina no lugar de sua antiga cidade e sussurrando bem baixinho, disse: "O que estou fazendo aqui?"

           Nesse momento, sentiu um aperto amplo em seu coração. Naquele instante, com o semblante entristecido, refletiu sobre sua situação e disse em voz alta: "Isso não está dando certo, por que você não está aqui, mãe?", sentando-se em uma cadeira próxima à vista, adormeceu.

         Na manhã seguinte, ela foi acordada pela sequência de batidas em sua porta. Nicole se levantou assustada por conta do batimento e perguntou:

         — O que houve?

         — Ei, filha, já são 10 horas — colocando o ouvido na porta do quarto de Nicole, Adam continuou dizendo:

         —Levante-se e desça para tomar café da manhã.

          Então se levantando com dores nas costas por causa da velha cadeira de madeira, olhando para porta, ela respondeu: "Já estou indo, Adam".

          Ouvindo os ruídos das pisadas de Nicole, Adam desceu as escadas e não largando o presente da mão, falou bem alto: "Me perdoa, filha, por ontem à noite", e em seguida foi até a cozinha arrumar a mesa para o café.

           Ele não era bom cozinheiro, mas para tentar agradar a sua filha, acordou cedo para fazer uma compensação pela confusão passada.

            Aguardando Adam alguma resposta, manteve-se calado. Ele estava um pouco nervoso pelo o que havia acontecido na noite anterior, pois estas queixas dela já estavam ficando frequentes.

            Descendo as escadas, Nicole fingiu não ter escutado a oferta de perdão, e não pronunciou nada. Adam então a abordou ainda no meio da cozinha, dizendo:

            — Feliz aniversário, filha. Tenho uma coisa pra você. Sua mãe queria que eu lhe desse isto quando estivesse com mais idade. Era dela. Deixe-me colocar.

             Nicole vendo que era um colar com uma pedrinha rubra aproximou-se e insistiu em perguntar se era mesmo dela.

             — Sim, agora é seu, sente-se e venha tomar café, filha. Respondeu Adam.

            Então ela pegou um copo de suco de laranja na mesa, bebeu rápido e falou em seguida:

            — Vou correr um pouco.

Personalidade Colérica A Força Elemental De FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora