Defensor

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Em geral, Win e Bright eram muito parecidos. Os dois eram orgulhosos, arrogantes, impacientes. Tinham a boca suja e a mente poluída na mesma proporção. Eram impulsivos também, e não pensavam duas vezes em brigar ao invés de optar por uma conversa tranquila. Eles tinham muitos defeitos, embora tivessem qualidades também. Eles eram garotos bons, apesar de tudo, só precisavam de longas horas de terapia. Precisavam se aceitar, manter a calma em praticamente todas as situações, melhorar o vocabulário com certeza, deixar o orgulho de lado acima de tudo. Mas eles eram bons. Bons amigos, bons jogadores, duas pessoas leais, que defendiam qualquer causa que achassem justa.

Então, sim, eles eram parecidos, mas Win conseguia ser pior. Tão pior que, a partir do momento em que Nani o encarou com um sorriso debochado, Win não hesitou em ir até ele, no meio do campo onde aconteceria a revanche. Não seria em nenhuma escola, não haveria nenhum juiz profissional, e aparentemente tudo seria permitido. Quando Win andou até o capitão do time rival, foi com a intenção de ameaçá-lo ou fazer qualquer outra coisa que o fizesse desistir. Tudo porque queria ver Bright bem. Não aguentaria vê-lo triste novamente se perdesse outro jogo. Ele não gostava mesmo de perder e sempre ficava péssimo, e se Win tivesse a mínima chance de evitar aquilo, ele tentaria ao máximo.

— Olá. — Nani o cumprimentou, e Win se segurou muito para não o derrubar na grama e pisar em cima da cara cínica.

— Você não tem nenhum escrúpulo mesmo.

— Hoje você pode me xingar à vontade, não temos nenhuma regra.

— Por que aceitou a ideia do Bright?

— Tá com medo do seu time perder? Por isso a preocupação? Ou então...

— Ou então o quê? — Perguntou, o sangue já muito quente pela raiva.

— Ou então... você tá preocupado com o seu namoradinho. Não quer que ele perca pra não ficar tristinho. É isso ou eu tô errado?

Geralmente, Win não se acalmava com facilidade em uma situação que o deixava furioso, mas com a fala de Nani, ele se desarmou. Foi como se tivesse levado um banho de água fria. Deu um passo para trás ao ouvir aquilo, o ouvido zumbindo e a cabeça girando. Ele fechou os olhos para se recompor, e Nani ainda estava em sua frente com um sorriso ridículo.

Win limpou a garganta antes de tentar entender o que acontecia.

— Eu não entendi.

Nani puxou o celular da cintura, mexendo rápido com o dedo na tela e entregando o aparelho para o jogador. Win não se surpreendia com frequência, mas ao ver a foto na tela dele e de Bright, se beijando na feira em que foram, Win se viu surpreso. Era muita merda de uma vez só. Não saberia lidar.

— O que o seu time acha desse seu envolvimento com o capitão? — Como Win estava chocado demais para responder, Nani decidiu continuar. — É o seguinte, eu tenho uma proposta. Você vai deixar o meu time ganhar e, em troca, eu não vazo a foto.

— Você tá se comportando como uma criança. Isso não é a final do campeonato, é só um jogo, uma vingança idiota que você e o Bright armaram. Não tem valor.

— É, mas eu quero ver a cara de decepção do seu namorado quando perceber pela segunda vez que somos melhores. Se não topar, beleza, eu vazo a foto e o orgulho do Bright fica intacto. E eu deixo vocês ganharem. O que me diz?

Win ponderou sobre algumas opções. Ele poderia concordar com aquilo e manter limpa a reputação de Bright. Foda-se o que pensariam sobre si. Win estava preocupado com Bright. Ele também poderia não aceitar aquela proposta e foder com tudo. E, a escolha mais sensata: poderia falar com Bright sobre aquilo e torcer para ele não surtar.

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