Ysmail estava muito aflito, sua esposa, Nashar, se encontrava naquele momento em trabalho de parto do seu primeiro filho. Toda a pequena vila de Arkav, periferia de Mishtan, estava reunida em frente a casa do casal fazendo companhia ao pai, enquanto aguardavam notícias das parteiras.
O parto parecia muito difícil, várias parteiras se revezavam, entrando e saindo da pequena casa, levando e trazendo toalhas e elixires equanto tentavam tranquilizar a todos, principalmente Ysmail. Porém era certo que por alguma razão estava sendo mais difícil do que esperavam.
Já era o final do segundo dia, Nashar começou a sofrer com uma febre incessante. Ysmail tentou entrar no recinto, porém a tradição dizia que o pai não poderia ver a criança antes que a mãe a abençoasse, o que só aumentava a sua aflição. Até que uma das parteiras, com o semblante de pavor e repleta de sangue correu em sua direção pedindo que a acompanhasse.
Ysmail então a seguiu em desespero e ao entrar no quarto se deparou com uma visão aterrorizante, a sua esposa jazia sem vida na cama e nas mãos de uma das parteiras estava um bebê, aos prantos ele se aproximou e viu uma pequena criança, parada e calada, com olhos brilhantes como chamas e cravado no seu peito havia uma marca negra desenhada com linhas finas e perfeitas, uma imagem que já vira várias vezes em clérigos e seguidores da principal divindade daquela região, o formato era de um olho com uma cruz logo abaixo.
Ainda aterrorizado, sem conseguir assimilar tudo que ocorrera, Ysmail se ajoelhou, chorou e esbravejou, havia perdido a sua amada e agora o seu filho também. Ele, assim como todos de Mishtan, conheciam muito bem aquele símbolo, aquela era a marca de Osíris. Seu filho havia recebido a bênção da deusa da morte.
Logo após o nascimento do bebê, Ysmail foi convencido pelo ancião da vila a levá-lo ao templo de Osíris localizado na parte central de Mishtan. Chegando lá, com o rosto repleto de lágrimas, o deixou em um dos altares no interior sem que ninguém percebesse, e então saiu, sem olhar para trás.
Um dos noviços responsáveis pelo templo notou que havia um cesto aos pés do altar, ao chegar perto se deparou com um bebê de pele branca e pequenos fios loiros de cabelo, ele estava enrolado em panos brancos um pouco surrados, o bebê não emitia nenhum som, mas os seus grandes olhos azuis se mexiam de um lado a outro, olhando tudo ao seu redor. O clérigo virou para os lados e perguntou para as pessoas que estavam presentes se alguém sabia sobre a criança, mas ninguém a conhecia ou vira quem a tivesse deixado ali.
Vendo que deveria fazer alguma coisa, o jovem clérigo decidiu levar a criança para um orfanato, mas ao carregá-la, o pano que o enrolava se abriu deixando a marca negra em seu peito à vista. Um olhar de espanto tomou conta do rosto do noviço que correu com o bebê em mãos indo diretamente ao encontro do clérigo-superior, Rasid, que ao averiguar a marca disse, sem crer no que via, que aquela criança era um filho da morte, o arauto de Osíris havia surgido entre os homens após incontaveis séculos. Ele então decidiu criá-la para que ela não se desvirtuasse do caminho da deusa.
O bebê recebeu o nome de Ausar, que no indioma de Mulhorand significa "filho da noite", e foi criado dentro do templo recebendo todo conhecimento e treinamento nas artes clericais. Seu desenvolvimento se deu de forma rápida, aos 10 anos já tinha as feições de um jovem adulto, o que espantava a todos, com exceção dos clérigos que ligavam esse crescimento precosse à benção de Osíris.
Mais 10 anos se passaram e em uma noite de fortes ventos Ausar teve um sonho, uma bela jovem, com pele da cor de jade, coberta em um longo manto branco, em sua cabeça uma longa coroa de luz brilhante e em suas mãos uma espada prateada ornada com o que pareciam ser esmeraldas, cujo o brilho lembravam as estrelas do céu noturno, surgia em sua frente, calma e resplandecente. A sua única reação foi de se ajoelhar em reverência, como se com vergonha da opulência e beleza daquele ser, então a jovem disse, com uma voz doce e gentil, que o destino do seu filho estava prestes a se mostrar e que ele deveria aceitar o caminho que a sua mãe lhe havia preparado.
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O Filho da Morte
FantasyAusar nasceu com uma estranha marca no peito, a marca de Osíris, ao chegar na maturidade ele resolve partir em busca do seu destino e descobrir o que lhe aguarda como escolhido da deusa da morte. Um conto baseado no mundo de Dungeons and Dragons.