A Morte

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Noran despertou de seu transe, olhou ao seu redor e viu somente corpos empilhados até onde sua vista alcançava, estavam todos mortos, de inimigos a aliados, animais e plantas, a vida havia desaparecido daquele lugar.

Começou a caminhar sem rumo tropeçando nos cadáveres amontoados ao seu redor, estava sem forças e com a mente nebulosa, não conseguia lembrar ao certo o que tinha acontecido.

Uma tristeza profunda começou a tomar conta de si, como se o vazio que o consumia estivesse ainda maior.

Sem perceber ele subiu as escadarias da entrada principal do Templo do Panteão, os magos que até a pouco tentavam dar um fim ao conflito conjurando uma grande magia desconhecida, estavam caídos, suas peles esbranquiçadas e com os glóbulos oculares totalmente escuros, as bocas estavam abertas como se estivessem gritando em agonia, embora, dali, não saísse mais som algum.

Lentamente Noran entrou no templo, um grande salão repleto de pilares adornados e folheados a ouro e os enormes vitrais com imagens dos deuses de Unther mostravam a imponência do lugar. Cruzou em silêncio o grande salão até se aproximar do altar principal. Deixou-se cair de joelhos aos pés das estátuas dos deuses de Unther, olhou para Maat com a lámina repleta de sangue. "Era essa a paz que eu oferecia?" Cobrindo a rosto com as mãos começou a chorar como nunca antes.

"O que foi que eu fiz? O que me tornei?"

"Por que choras, criança?" Disse uma voz, um pouco rouca e de tom grave ecoando no salão.

Noran olha para os lados, percorrendo toda a extensão do altar.

"Quem está aí?" Perguntou o paladino.

"Meus parabéns" A voz ecoou mais uma vez.

"Saístes melhor do que o esperado" completou a voz.

Noran então olhou para cima e da sombra de uma das estátuas saiu um ser com a pele carmesim e grandes chifres negros curvados, vestia roupas pretas com adornos vermelhos que lembravam as usadas pela aristrocacia untheriana.

A criatura se aproximou lentamente dele que, ainda ajoelhado, olhava perplexo para aquela ser, cuja presença trazia um horror indescritível, algo que Noran nunca havia sentido antes.

"Nunca pensei que o acordo seria tão lucrativo" falou o se aproximando e colocando a mão esquerda no ombro do paladino.

Noran suava e tremia, incontrolavamente. Tentava entender a situação, "quem era ele, o que era aquilo" perguntava-se insensatemente, porém silenciosamente. Não conseguia se mexer, e muito menos falar. Naquele momente ele sentia como se sua vida não fosse mais dele, que estava ali, totalmente a mercê de um ser superior.

"Vejo que não compreendes a situação em que te encontras. Entendo perfeitamente a tua aflição. Pobre criança. Serei benevolente e te mostrarei a verdade."

Ao terminar de proferir essas palavras, Noran foi invadido com uma quantidade infinita de imagens, muitas delas incompreensíveis, frases desconexas e rostos que nunca tinha visto antes, lugares desconhecidos. máquinas estranhas e criaturas inimagináveis. Uma dor excruciante tomou conta do seu peito, a marca de Osíris latejava como se estivesse em brasa.

Uma grande imagem surgiu na mente de Noran, nela aparecia o ser de pele vermelha junto de uma bela mulher com o rosto juvenil e a pele cor de jade, ao seu lado estava a grande espada de prata ornamentada com esmeraldas.

"Minha mãe." Pensou o paladino.

Eles estavam em um grande salão do que parecia um enorme castelo, com imensas paredes negras, e enormes colunas com adornos que pareciam crânios. Das janelas via-se somente uma escuridão profunda e ao final do grande salão estava um trono dourado e nele, sentado de pernas cruzadas e segurando uma taça em uma das mãos, estava a criatura de pele carmesim.

O Filho da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora