A Paz

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Depois de conquistar o forte do do Delta da Espada, a notícia do Celestial de Mulhorand se espalhou e todos os conflitos na fronteira foram resolvidos sem que nenhuma vida dos subordinados de Ausar fossem perdidas, nenhum exército era páreo ao poder de um Celestial. Depois de alguns meses de campanha a paz finalmente prevaleceu naquela região, o que rendeu a Ausar o título de General de Armada do Exército Faraônico, com isso ele teria o comando de várias brigadas reponsáveis pela defesa de uma região.

Alguns anos depois, o Rei-deus tirano de Unther morreu nas mãos de Tiamat, fruto da Guerra Divina que assolava os confins dos diversos planos da existência, onde os deuses estavam lutando entre si em busca de poder perante os mortais, mas que poucos sabiam a respeito.

 Ausar viu aquele incidente como uma possibilidade de finalmente haver paz entre os 2 reinos e esperava poder convencer o Faraó a respeito. Após muitas reuniões com os demais generais e nobres da corte, ficou decidido que o grupo liderado por Ausar defenderia o fim da guerra perante o Faraó.

O General-Supremo então chama todos os Generais de Armada e demais Comandantes de Brigada para uma reunião na presença do Faraó para discutir os planos de guerra, com o tempo os debates foram ficando cada vez mais acalorados, formaram-se dois grupos distintos; aqueles que defendiam a paz, sob o comando de Ausar e outros que queriam aproveitar o caos gerado pela morte do rei e invadir Unther, sob o comando de Rajid, líder dos clérigos de Anhur, o deus da guerra; ao final o Faraó Horustep II se convenceu de que aquele não era o momento para uma invasão em grande escala e que aquela guerra já havia se prolongado em demasia, levando a danos irreparaveis em vidas. Disse também que mandaria um representante a Unther na esperança que eles pensassem da mesma forma.

A resposta veio 2 meses depois com uma proposta de um armistício. Ainda não era o fim dos conflitos em definitivo, mas muitos comemoravam como uma grande vitória de Mulhorand e a reconquista de muitos territórios anexados por Unther durante a grande guerra. Ausar estava feliz, pois agora ele poderia se preocupar um pouco mais com a sua vida e a de seus subordinados. Para ele, arauto da morte, todos deveriam buscar pelo fim natural e abençoado, após uma vida plena e com boas realizações.

Foram 11 anos de paz e prosperidade no reino de Mulhorand, Unther já não apresentava perigo, pois enfrentava uma guerra interna tanto por conta do trono, ainda vazio, quanto por, influência dos deuses que viam no conflito uma forma de fortalecer os seus cultos, fato esse desconhecido pela grande maioria. Com a paz o comércio se tornou abundante novamente e as fronteiras, agora seguras, estavam cheias de viajantes.

Ausar se tornara um simbolo da paz, o representante de um deus na terra, o Celestial de Osíris, porém nada disso havia feito alguma diferença na forma como ele tratava a todos, principalmente aos seus subordinados. Por conta do seu grande carisma muitos jovens se alistaram ao exército, principalmente ao corpo de paladinos. O próprio Ausar auxiliava no treinamento alertando os cadetes dos horrores da guerra e sempre desejando que nunca fosse necessário enviá-los a tal destino.

Porém, em uma noite chuvosa, gritos de uma ama ecoavam nos corredores do palácio do Faraó, Horustep II, o Rei da Paz havia falecido repentinamente em seus aposentos. Muitas especulações surgiram a respeito, porém as evidências apontavam para um mal súbito. Ausar, ao saber da notícia, correu ao palácio real, além da preocupação com o Faraó e sua família, estava a o receio do que aquele acontecimento poderia representar para o futuro de Mulhorand.

 Um vento gélido corria pelos corredores. Todos ali presentes estavam incrédulos e muitos pensavam a mesma coisa que ele. "O que acontecerá agora?"

Um mês após o falecimento do seu pai, o jovem Horustep III assume como Faraó de Mulhorand e, sem perder tempo, Rajid, junto com os demais clérigos de Anhur, decidem persuadir o jovem rei que aquele é o melhor momento para uma grande invasão. 

Ausar então propõe uma reunião conjunta, porém Rajid já havia se preparado com antecedência e articulado com os demais nobres de que Unther estava enfraquecida e sem condições de responder a uma grande ação militar, alegava também que uma invasão em larga escala e futura anexação de Unther aumentaria as riquezas e o poder do reino na região. Pouco poderia ser feito a respeito. Horustep III foi convencido pelos seus conselheiros e decidiu pelo fim do armistício.

Mais uma vez a sombra da guerra pairava sobre o reino e não saia da mente de Ausar todos aqueles jovens que perderiam as suas vidas em um conflito sem sentido.

"Uma guerra movida por ganância."

Ausar tornou a sentir aquele vento gélido, um vento que ele já havia sentido muitas vezes no passado, algo que só um representante de um deus consegue discernir. O vento do presságio . A voz da Morte ecoava em seu coração.

O Filho da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora