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Ao abrir os olhos, sinto uma forte dor em minha cabeça, e desorientada, observo o ambiente ao redor.
Da minha cadeira nem o cheiro...
Me arrasto até a aparentemente saída, porém dou de cara com outro muro verde a frente e dois caminhos com muros em seus finais aos lados. Isso é um labirinto? Só pode ser brincadeira isso, que tipo de doente faria um cadeirante se arrastar pelo chão aspero de um labirinto?
Meias horas se uniam me deixando completamente ralada e ensanguentada no chão quente, e algum tempo depois, me deparei com rastros de sangue pelo caminho a frente, me parecia burrice ir por aquele lado, provavelmente eu encontraria um cadáver destroçado ou algo feroz, e acabaria tendo que voltar me arrastando, ou pior, tendo que ajudar algum moribundo a se arrastar comigo, mas me parece a única opção que irá mudar minha situação, ou me colocando em perigo, ou me tirando dele.
Segui me arrastando pelo chão, sobre o sangue seco, até sentir meu corpo bambear e minha visão escurecer, lentamente, a inconsciência tomou conta da frágil carcaça que me arrisco a chamar de corpo, obrigada sol.
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Ao acordar, já estava em um lugar completamente diferente . Os muros são de ossos, e formam um circulo a minha volta, haviam punhados de ossos por todos os lados, e o cheiro de carniça e podridão me faziam querer vomitar.
Muito provável, que um animal grande e feroz vivia naquele local com o qual me deparei, ossos humanos, gaiolas de ferro, e sangue resumiam aquele lugar.
Eu deveria estar com medo, deveria estar tremendo e suando, porém mal podia me sentar, mesmo com os portões de ossos abertos, tentar fugir seria mais do que patético, não me farei sair a me arrastar de bruços por esse chão podre.
Me viro e olho pra cima, admirado o céu.
Será que saindo pela porta daria de cara com o labirinto? Antes de tentar fugir em desespero devo analisar minhas chances de fuga, seria inútil fugir daqui e ficar pra morrer no sol, ou ser capturada novamente, ou qualquer coisa não relacionada a escapar, até porque, não há nenhum labirinto em minha casa, então alguém muito cruel me trouxe até aqui, provavelmente a Talita.
Fechei os olhos distraidamente enquanto observava o céu, tentando não pensar naquela situação.
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⎯ Como ousa dormir perante minha presença?
Aquele som fazia eu questionar se havia uma bola de ranho em sua garganta, era muito rouco e grave ao mesmo tempo.
Abro os olhos e procuro o respectivo humano ao lado.
⎯ Se me permite dizer, não estava aqui quando acordei, então o rude foi você por deixar seus convidados esperando.
O dono da voz está aparentemente atrás de mim, impossibilitando que eu me vire e olhe, graças ao meu problema.
Ele parece não ter uma reação para minha resposta, talvez esteja simplesmente se preparando pra me atacar e me prender ou seja lá quais sejam os planos de alguém que mora em um lugar tão podre.
⎯ Você é corajosa, para uma garotinha inválida.
Ele da um longo espaço entre suas palavras. Pensando calmamente em suas respostas.
⎯ Eu ser uma "garotinha" nunca me impediu de fazer nada além do que homens nos proíbem, e ser invalida não é uma grande limitação. Você deveria aderir mais conhecimento antes de falar tantas asneiras em uma frase tão curta.
Silêncio.
⎯ És tola e atrevida. Uma hora há de pagar por isso.
⎯ Oque você julga como tolice ou limitação talvez seja uma vantagem, ou só uma forma diferente de viver.
⎯ Ah é? E tens como provar isso?
⎯ Claro, sempre posso sentar-me nos primeiros bancos na ópera, o padeiro da antiga vila tinha pena de mim e me dava doces de graça, e sempre que faço algo de meu cotidiano as pessoas me aplaudem como se fosse um grande feito, e falam do quanto sou forte por conseguir encarar tamanha dificuldade.
Mais uma vez, silêncio, por uns 5 minutos.
⎯ Você é um ser humano interessante, irei te deixar viver por algum tempo.
-Obrigada, criatura .
-Agora, terei de alimentar-te, irei providenciar comida humana.
-Posso pedir um favor?
-Devia ser grata por eu poupar-lhe a vida, mais peça.
-Pode procurar minha cadeira de rodas? É incômodo me arrastar, principalmente nesse lugar...-Repugnante? Sim, mais seria desrespeitoso. -
-Nunca vi esse objetivo, mais irei procura-lo para ti humana.
Coloco-me de barriga para baixo, e olho para criatura, mais ela rapidamente cobre seu rosto e se vira.
-Estou de saída. Se tentar fugir estará morta.
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Entre Dois mundos
FantasyHelena é uma jovem doente que sofre uma drástica mudança de vida após perder seu pai. Ela briga com as mães e vai parar em outro mundo, literalmente. Helena acorda em um labirinto presa com um monstro, ao perceber as bizarras e mágicas criaturas mís...