Entre Dois mundos

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Ele sai, me deixando só, novamente.

  Pelo menos não tenho muito oque temer, aqui estou segura, que tipo de criatura invadiria a casa de um ser como esse que mal posso chamar de humano?

  Bem, pelo menos não o achei tão assustador, talvez seja esse o motivo de minha falência, não dar devida importância ao perigo. Mais prefiro permanecer alheia a minha proximidade a morte, chorar, gritar, tentar fugir e falhar, não trarão minha salvação, então prefiro guardar minhas forças para uma hipótese real de fuga.

Meu único motivo de medo real, é oque ele trará dizendo ser alimento, não sei se ele já o fez antes, porém não quero ser a primeira que ele alimenta.

Minha boca está seca, deveria me arrastar até a parte interior da caverna pra ver se encontro água, mas provável que lá esteja escuro, já que a única iluminação aqui presente é a luz do luar, e é perigoso que tenha alguma armadilha ou algo do tipo.... É muito arriscado. Tenho que aceitar minhas limitações antes de querer trabalhar com elas, então o melhor que faço é aguardar.

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⎯ Como pode ter sono em uma situação como essa?

⎯ Foi só um cochilo, e não entendo porque está julgando minha situação se você é o causador dela.

⎯ Hm, trouxe batatas e um cervo pequeno.

⎯ Ótimo, agora só precisaremos cozinhar.

⎯ Cozinhar?

⎯ Você cogitava comer isso cru?

⎯ Comer os animais vivos dá mais vitamina.

O encaro enojada.

⎯ Minha coluna doe, sinto frio, fome, sede, e acho justo me arrumar um lugar em que ficar deitada não me faça querer morrer.

⎯ És muito exigente!

⎯ Me mantém viva porque quer, pode me comer viva como sempre faz ou me libertar. Agora, se vai me manter aqui saiba que minhas exigências não são nada além do mínimo necessário para viver.

⎯ E me diga, como um lugar confortável para deitar vai te ajudar?

⎯ Evitará hipotermia, dor nas costas, os insetos que podem me machucar e trazer infecções oque estragaria a minha, no caso a sua carne e outros.

⎯ Vamos com calma. Que benefícios recebo por mantê-la viva? E outra coisa, porque diabos pensa que iria querer te comer?

⎯ Me diga você, selvagem.

Ele joga 4 batatas em minha direção.

⎯ Não comerei nada cru ou sujo.

⎯ Que seja.

Ele arrasta o cervo pra um canto e se agacha de costas pra mim, aparentemente rasgando a pele com a mão e comendo.

⎯ Não vai me alimentar?

⎯ Um ditado popular para você que parece ser bastante culta e gostar; Quem muito escolhe, passa fome.

⎯ Olha, traga uma faca, um caneco, e uns gravetos.

⎯ Os gravetos arrumo, porém o restante desconheço oque sejam.

⎯ Faca é um objeto pontudo e metálico , usado para cortar, machuca, faz sangrar. Caneco é um objeto onde se podem armazenar coisas dentro, normalmente líquidos, é como uma esfera e um buraco porém em cilindro, e graveto você sabe.

Ele resmunga e continua no chão comendo feito um animal.

⎯ Queres carne?

⎯ Não crua.

Ele resmunga e passa então uns 15 minutos agachado de costas comendo. Seu corpo é grande e esquelético, seus cabelos são castanhos cheios e ressecados, indo pouco abaixo do ombro, e aparentemente ele fede tanto quanto esse lugar.

⎯ Não gosto que me olhem.

⎯ Como sabe?!- Arregalo os olhos ⎯  Digo, não estou a te olhar...

Sem graça viro a cabeça para o lado, oposto dele e respiro fundo.

Essas horas no chão estão aniquilando meus anos de tratamento...

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