Pra gente enfim, se amar.

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Era véspera de Natal, e Natal era uma data muito importante, tanto para a família Fernandes tanto para a Caetano. Desde que eu e Ana viramos duo, quase que sempre a festa acabava virando uma só, já era quase um costume. Esse ano, a data tinha chegado com estranheza pra mim, mas sabia que mais ainda pra Ana: sua mãe não havia retornado o contato desde que recebeu a notícia do nosso namoro.

Sentia que precisava fazer alguma coisa; Ana amava o Natal e não queria que passasse daquela forma. Por isso, ontem, no meio da noite, quando a insônia me pegou, eu mandei uma mensagem para a tia Mônica. Ou melhor, minha sogra.

Vitória > Mônica • Whatsapp

vitória [24/12, 01h43]: mônica? eu sei que provavelmente você não queria receber uma mensagem minha, mas eu precisava te dizer algumas coisas. tia, ana clara ainda é a mesma ana clara que tu conhece, é a mesma garotinha que tu criou, que de teimosia largou medicina e quase te fez enlouquecer, lembra? mas que depois quando tu viu ela brilhar no palco daquele jeito, sabia que ela fez certo em seguir seu coração. ainda é a mesma pessoa seguindo seu coração, e eu ainda sou a mesma vitória que estive ali segurando a sua mão pra que ela o fizesse, desde sempre. lembra quando tu me disse que não conseguia mais imaginar ana sem vitória? é, eu também não consigo mais imaginar vitória sem ana e pra minha sorte ela também não. o amor ainda é o mesmo, tia. o que muda? ainda somos nós, com aquele amor que tu sempre disse que era lindo. a ana tá feliz, não era isso que você queria? eu nunca a machucaria, e tu sabe disso. amanhã é muito importante pra ela, e mamãe te convidou para nossa festa. por favor, eu te espero aqui. não por mim, mas pela sua filha.

Quando terminei de me arrumar e fui pra sala, Ana sorriu e veio em minha direção. Por mais que ela sorrisse, sabia que não estava completa.

— Achei que era só meia-noite que o Papai Noel passava com meu presente. – ela riu, me roubando um selinho enquanto ninguém estava olhando.

— Pois é, ele decidiu me deixar mais cedo, acredita? – brinquei, beijando sua bochecha e indo pegar algo pra bebermos.

Fui para cozinha, peguei duas taças de vinho e quando voltei, Ana estava conversando com minha avó no sofá. Caminhei apressada na direção delas, deixando as taças de vinho sobre a mesa de centro e abraçando minha avó.

— Vó! Que saudade. – falei abraçando ela por um tempo e depois me afastando, beijando seu rosto.

— Como você tá linda, Vitória! – ela sorriu, passando a mão por meus cachos. Me sentei no sofá, entre ela e Ana. — Sortudo é o rapaz que se casar com essa minha neta. – suspirei. Era agora ou nunca, pensei.

— Então, vó... a notícia boa é que a sortuda tá aqui! – ri, pegando na mão da Ana, a minha tremia, e Ana apertou minha mão. — Não vamos casar ainda... Mas a gente tá junta, vó.

— Tu tá namorando a Ana, Vitória? – perguntou ela em um tom de surpresa.

— Tô sim, vó.

— Ah. Eu sempre disse pra tua mãe mas ela falava que não. Faço gosto, Ana é uma boa menina. – disse minha vó, e meu sorriso foi de orelha a orelha.

— Então não tem problema nenhum pra senhora?

— Uai menina, que problema pra mim? Quem tá namorando é você, e se tá te deixando feliz e com esse sorrisão, faço gosto! Né, Ana? – disse ela, olhando pra minha namorada que assentiu com a cabeça. Não conseguia parar de sorrir.

— Nem acredito... – falei no ouvido da Ana, que se virou pra mim.

— Nem eu. – ela pegou minha mão e depositou um beijo. Eu estava muito feliz, mas ainda faltava algo.

— Vem gente, já é quase meia-noite, vamos tirar o amigo oculto! – disse Ana Beatriz, se levantando e pegando seu presente. Peguei o meu e fui ao encontro de todo mundo, com Ana Clara ao meu lado, então Ana Beatriz começou a revelação, e ela tinha tirado Luana, irmã de Ana.

— Dá tempo de participar ainda? – Mônica perguntou, chegando apressada. Tive que conter meu sorriso.

— Claro que dá! – respondi em uníssono com o restante. Luana tinha tirado minha mãe, que por vez, tirou Mônica.

— Bom... Minha amiga oculta é muito bonita. – Ana, pensei. — Uma das mulheres mais bonitas do Tocantins se não do Brasil. – ela riu. — E eu amo ela muito, de coração. É alguém que faz minha filha feliz... e que tem um coração enorme e paciente com o meu, que é meio desajeitado. – meus olhos se encheram de lágrimas quando eu percebi que ela estava falando de mim. Caminhei em sua direção, e abracei ela apertado, olhando pra Ana de longe.

— Te amo, tia! – disse ao pegar o presente, então após me recompor, guardei ele e peguei o meu, e eu tinha tirado Ana.  — Minha amiga oculta é a mulher mais bonita do Brasil! – imitei Mônica, então todos riram. — E eu queria falar um pouco sobre ela. Além de ser muito, muito bonita, ela tem um coração mais bonito ainda. E eu... – tomei fôlego e coragem e continuei. — E eu me apaixonei por esse coração assim que o conheci. Queria que todos pudessem ter uma experiência de se sentirem amados por um coração tão puro assim. Mas, desculpa, gente, essa sorte é minha! – ri, enxugando uma lágrima que escorreu pela minha bochecha. — E diferente de vocês eu vou abrir meu presente... Mas antes, queria dizer que eu amo todo mundo que tá aqui, e que eu sei que vocês amam minha "amiga" oculta... – fiz aspas com o dedo. — Porque não tem como não amar. Vai, todo mundo já sabe quem é, pode vir! – falei olhando pra Ana, rindo.

Todos observavam, e eu estava tremendo de nervoso, de felicidade. Ana se aproximou, e então eu peguei a embalagem, rasgando o laço e exibindo a caixinha preta.

— Isso era pra ser um pedido de namoro... – olhei pra ela, então peguei a sua mão e dei um beijo, logo abrindo a caixinha, mostrando o anel com um detalhe delicado em prata. — Mas acho que a gente passou essa etapa e muitas outras. A gente levou um tempo danado pra se entender desse jeito, com esse destino que ficava fazendo a gente ir e voltar pra outros corações se não onde a gente deveria estar. Então, Ana, o pedido da vez é outro. Tu quer estar comigo, pra gente enfim, se amar? Como tem que ser, eu e tu, no nosso mundo como já é. Ninha... aqui na frente de todo mundo que a gente ama: Tu aceita se casar comigo? E quando eu digo casar, não precisa necessariamente trocar sobrenome e morar comigo o resto da vida, sei que sou chata às vezes. Só significa que... – disparei a falar, nervosa. Mas Ana me cortou com um beijo, entre o gosto salgado de nossas lágrimas.

— É claro que eu aceito, sua besta! – ela disse, sorrindo de orelha a orelha enquanto eu fazia o mesmo, e nossos parentes e amigos comemoravam.

— Bom gente, acho que é isso então! – disse após me afastar, rindo, fazendo que todos rissem juntos.

Coloquei a joia em seu dedo, e a abracei por longos segundos. Ana Beatriz correu em nossa direção, abraçando junto, e isso fez com que todo mundo fizesse o mesmo, inclusive, minha mãe. Quando nos afastamos, mamãe me sorriu com o olhar, e eu soube, não me faltava mais nada.

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⏰ Última atualização: Jul 18, 2021 ⏰

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