Oi, amores! Chegando mais cedo essa semana. Mais um capítulo está no ar. Não deixe de nos acompanhar, pois muitas emoções estão reservadas para você. E o negócio está começando a esquentar. Será que Samantha perceberá a tempo que seu relacionamento está à beira do precipício? Só lendo para saber. Bjnhos.
“Se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não poderá subsistir” - (Mc 3.25)
A voz grave e levemente aborrecida do meu esposo chegou até mim, inquirindo:
- Samantha, onde estão os meus coturnos?
- E eu que sei? Onde você os deixou? – gritei de dentro do banheiro tentando sobrepujar o som do chuveiro.
A voz dele ficou um pouco mais distante, mas pude ouvir sua nova indagação.
- Deixei-os lá no quintal. Lembra-se que pedi para você tirar a lama que estava nele e depois guardá-los?
E sem pensar muito, respondi rapidamente já me cansando daquela conversa.
- Sinto muito, Douglas. Deve estar no mesmo lugar, então.
- Quer dizer que você não foi capaz de atender um simples pedido meu?
Agora ele estava bem na porta do nosso banheiro. O eco amplificou mais ainda a interrogativa indignada. Tentei não me abalar. Até contei mentalmente os primeiros números arábicos com relativa calma. Enfiei a cabeça debaixo do chuveiro e deixei que a água morna levasse embora a espuma do shampoo e, se possível, a minha emergente irritação. Douglas abriu a porta do box de forma nada amistosa e me encarou. Não me abalei com a cara de poucos amigos dele. Pelo contrário, aquela atitude só me deixou mais agastada. Mesmo assim, minha voz saiu inalterada quando o respondi soletrando pausadamente cada palavra:
- Não. Quer dizer que não tive tempo de atender o seu pedido. É diferente.
Ele não acreditou no que ouviu e rebateu:
- Você sabia que eu estaria de serviço hoje à noite e que iria precisar deles!
-Tenho que memorizar até a sua escala de trabalho? Já não basta a lista imensa de coisas que sou obrigada a me lembrar? – uma nota a mais já podia ser observada em meu tom de voz, também.
- Então não deveria ter se casado se não estava disposta a ter responsabilidades com a sua família. – Douglas rebateu indignado.
A temperatura do meu sangue ultrapassou rapidamente a do termostato do chuveiro elétrico. Sabia que estávamos dentro daquele trem desgovernado mais uma vez.
- Se meu digníssimo esposo se preocupasse em dividir as tarefas comigo, possivelmente sobraria espaço no meu cérebro para me lembrar, por exemplo, de limpar os seus coturnos.
Aquele tom abominável da ironia estava lá de novo. O maxilar dele se enrijeceu duramente. Eu sabia que Douglas não suportava quando eu usava desse recurso. Podia imaginar os pensamentos dele naquele momento. Certamente estava se perguntando o que estava acontecendo conosco. E por que insistíamos tanto em discussões infrutíferas.
Ele só se aborreceria mais se continuasse a esperar pelo improvável – o meu bom-senso reaparecer. Douglas me encarou por mais uns poucos segundos e me deu as costas. Esperei a porta bater com estrondo, e nada. Liguei o chuveiro mais uma vez e procurei me concentrar no meu banho. A figura do meu marido foi rapidamente suplantada por novas pautas mais urgentes. E imersa nesses devaneios, não percebi o tamanho do descontentamento do meu esposo, pois ele fez questão de sair para o trabalho sem falar comigo. E assim, mais um passo em direção ao precipício era dado em silêncio.
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Desafiados a Amar
RomanceOs piores pesadelos não são aqueles que temos quando estamos dormindo; os mais devastadores são os que nos assombram quando estamos bem acordados. E desta vez Samantha estava! Ventos impetuosos de um inverno congelante se abateram sobre o lar dos Ca...