o tempo simplemente parou para mim

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As palavras de sua mãe são as últimas coisas que ela se lembra antes de acordar com um homem que se vestia de forma estranha arrancando o capô de sua nave.

— "não tenha medo"

— "eu não estou com medo"

Era mentira. Ela estava sim com medo. Para falar a verdade ela preferia ficar para morrer em krypton, do que ir para um planeta totalmente desconhecido por ela, (Não totalmente desconhecido, já que sua mãe passou o último ano inteiro a preparando para isso, porém ela não sabia de diversos costumes sobre a terra que iria ter que aprender do zero), apenas para cuidar de seu primo. Por mais que ela amasse Kal, ela não entendia o porquê de seus tios quererem o mandar para outro planeta sem ter certeza de que quando chegasse lá, ele teria uma família que iria acolhê-lo. E também não entendia de porquê seus pais haviam concordado com essa ideia maluca de mandá-la junto.

Obviamente foi um choque descobrir que seu primo não era mais um bebê, e sim um adulto que saia voando pelo mundo a fim de mantê-lo em ordem; um adulto que tinha diversas responsabilidades além de salvar o mundo, e Kara não era uma delas.

Sendo assim, depois de dois dias morando no apartamento de seu primo e sua namorada tagarela Louis, ele a levou à casa dos Danvers, um casal totalmente desconhecido por ela, e uma outra jovem totalmente desconhecida por ela. Resumindo: ela iria ficar com desconhecidos até ter a idade adulta, ao invés de seu primo, sua única família.

Agora, ela não era mais Kara Zor-el, filha de Alura In-ze e Zor-el. Ela era agora Kara Danvers, filha adotiva de Eliza Danvers e Jeremiah Danvers que perdeu seus pais num trágico incêndio aos 13 anos, não na explosão de um planeta. E graças a decisão de Kal de ajudar as pessoas com seus poderes, ela teria que ser humana, mentir sobre seu passado, esconder seus poderes, e agir como tal. Claro, ela admirava o gesto de seu primo, mas ela odiava o fato de que iria sofrer com isso.

Por mais que os Danvers fossem estranhos para Kara, e ela com certeza preferisse seu primo, eles foram atenciosos e pacientes com ela. 

— Kara, esta é Alex. Sua nova irmã, por assim dizer. — Eliza a apresentou para Alex, a adolescente de longos cabelos lisos e escuros como o vasto espaço, na parte onde não havia estrelas. Alex não parecia ser muito mais velha que Kara, talvez uns três ou dois anos a mais.

— oi. — Kara a cumprimentou timidamente. Alex apenas acenou com um leve sorriso.

— Alex, você pode levar Kara até o quarto de vocês? — perguntou Jeremiah.

— Claro. — Alex respondeu e gesticulou para Kara subir as escadas junto a ela. 

Enquanto Alex a guiava, Kara observava com atenção cada detalhe da casa - deveras, Kara observava cada detalhe deste novo planeta desde que pousou aqui. Começando pelo céu. O céu de Krypton era laranja, e pelo fim da tarde, era vermelho, até que, finalmente, ficasse totalmente escuro num tom vermelho-alaranjado, porém iluminado pelas diversas estrelas coloridas (sim, coloridas), e pelos carros voadores, projetados pelo seu tio, Jor-el, pai de Kal-el.

— Essa é a sua cama. — Disse Alex, a tirando de seu devaneio. — essas roupas que estão aí em cima — apontou para a pequena pilha de roupas que havia em cima da cama. — são minhas que eu separei para você, já que não sabemos o tamanho que você veste. Vão ficar um pouco folgadas, mas acho que vai servir até que compremos roupas novas. — Alex explicou.

— Ok. — foi tudo que Kara disse.

— Eu vou para a escola agora. Só volto mais tarde. Mas, mamãe e papai estarão em casa o dia inteiro. Então qualquer coisa, é só pedir para ele. — Kara notou que Alex tinha um certo instinto protetor, tal como um irmão mais velho. Alex também parecia estar se adaptando a uma nova realidade. Não como Kara, é claro, mas virar uma irmã mais velha depois de anos sendo filha única, é bastante coisa. 

Eu odeio amar você || KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora