Prólogo

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"Muitos tendem a ter esperança que o mundo mude ao decorrer dos anos, que as pessoas evoluam e que se tornem melhores, mas isso só acontece na teoria, porque na pratica o ser humano ainda é o mesmo ser podre e mal amado que sempre foi. A única coisa que muda é a paisagem a nossa volta, o planeta que eles se apropriaram e agora destroem para suprir suas ganâncias e seus egos.

Às vezes, me pergunto o que passa na cabeça daqueles que gostam de diminuir seus companheiros de espécie, se eles sentem algum tipo de prazer ou necessidade, e no fim fico sem resposta, porque nenhuma das pessoas que fiz a pergunta soube me responder sem partir para ignorância.

Oito anos. Eu tinha oito anos quando comecei a odiar com todas as forças algo que nunca tinha me incomodado: minha aparência. Meu peso incomodava as pessoas; minha pele negra as fazia se sentir no direito de superioridade; o meu cabelo rendia assuntos para as brincadeiras e zoações em grupo; O meu órgão sexual faz com que as pessoas do gênero oposto se sentissem donos de mim, donos da razão que eles insistem em fazer ser única.

Eu fazia as pessoas rirem, mas não comigo e sim de mim. Eu fazia pessoas felizes, mas eu não estava.

Obvio que não posso reclamar de tudo, sou privilegiada com os melhores pais do mundo, até melhores do que mereço. Minha mãe, uma heroína (literalmente, mas isso é história para outro texto), meu exemplo de mulher, queria ser mais parecia com ela, talvez assim estivesse em alguma festa com amigos agora e não enfiada no meu quarto escrevendo para um blog que nem existe, porque minhas inseguranças insistem em viver comigo, sempre me lembrando que irei fracassar independente do que eu fizer. Meu pai é um criador de mundos, de historias, ele leva alegria e esperança por onde suas obras passam.

O intuito desse texto era procurar pessoas que se identificassem comigo, pessoas que eu poderia conversar sem sentir que as estou incomodando ou sendo ingrata por tudo que tenho, mas acabou sendo mais um desabafo, do qual sou muito covarde para falar para outra pessoa a não ser eu mesma.

Se você se identificou com algo que  escrevi... Eu realmente sinto muitíssimo, e torço com todas as forças que consiga sair desses pensamentos o mais rápido o possível e quando conseguir, por favor, me diga como fez, seria de muita ajuda.

                                                                                                                                        Assinado : Autora anonima"

— Déa! Venha jantar minha filha, vai esfriar de novo — Fecho o computador mais rápido do que ele parecia aguentar.

— Estou indo mãe— Digo voltando a respirar. Guardo o computador debaixo do travesseiro, depois me levanto e me olho no espelho do banheiro, lavo o rosto na água fria, tentativa falha de esconder que havia chorado. Saio em direção à sala de jantar. 

O PRIMOGÊNITO DE MARTE (vol.2 da duologia)Onde histórias criam vida. Descubra agora