Capítulo 1 - Back home

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Ed e Lorraine Warren haviam passado intensos 20 dias na cidade de Denver, no Colorado, ajudando uma família que estava vivenciando experiências sobrenaturais. A principal vítima, que chegou a ser possuída, era uma garotinha de apenas 8 anos de idade que havia sido diagnosticada com uma doença muscular degenerativa a poucos meses atrás. No décimo nono dia da estadia, Ed realizou o exorcismo da pequena Marie, expulsando o demônio que insistia em se manter agarrado à menina. Após várias horas intermináveis lutando pela alma da garotinha, a presença maligna havia sido derrotada e a pequena Marie ficaria bem na medida do possível, afinal, era muita informação para que a cabeça dela processasse, mas ela ficaria bem a partir daquele dia e a menina agradeceu imensamente a presença de Ed e Lorraine Warren, seus novos heróis.

Para Lorraine havia sido uma das experiências mais devastadoras que passou ao lado do marido em todos esses anos de investigação paranormal. Os casos sempre acabavam abalando mais a mulher, tanto emocionalmente quanto fisicamente, quando envolviam crianças, almas puras e inocentes que em hipótese alguma deveriam ter o seu sossego roubado. O modo doce e alegre que a menina parecia encarar a situação atingia profundamente o coração de Lorraine de todas as formas possíveis e de algum modo a mulher acabara associando a pequena Marie com sua filha Judy quando criança, tanto fisicamente, com seus lindos cabelos negros, quando internamente, uma menina obediente, alegre e cativante.

No dia seguinte ao exorcismo, Ed e Lorraine fizeram uma longa viajem de volta para sua casa em Monroe, Connecticut. A viajem fora no mínimo exaustiva e silenciosa, exceto pelas cantorias de Ed na tentativa de fazer Lorraine rir com o tom desafinado proposital que ele insistia em cantarolar as músicas do rádio. Após horas de viajem, eles finalmente haviam chegado em sua casa, já passando-se das 10 horas da noite. Lorraine desceu do carro exausta, abrindo a porta da casa, enquanto Ed vinha logo atrás dela carregando duas malas; uma com roupas do casal e a outra com gravadores e equipamentos que eles utilizavam para registrar os fenômenos e depoimentos das pessoas que estavam sendo perturbadas pelas forças sobrenaturais.

– Bom, eu vou ligar para a Judy. – Anunciou Ed colocando as malas em um canto qualquer da sala de estar. Lorraine escorou o ombro na parede logo na entrada da sala, observando a expressão nervosa e preocupada de Ed com a filha e suspirou fundo, buscando as palavras certas para tentar acalmar o homem. – Ed, ela está bem. Aposto que o que menos ela precisa agora é do pai ligando a essa hora da noite. – A morena sentenciou calma enquanto Ed se pôs atrás da mulher massageando seus ombros com as duas mãos e ouvindo atentamente as suas palavras. Lorraine segurou as mãos dele e olhou por cima dos ombros uma vez que o marido permaneceu calado. Ela sabia que o instinto protetor de Ed com a filha só aumentara quando a garota começou a namorar Anthony poucos meses atrás e também sabia que ele não gostara nada da ideia de deixar a menina passar quatro semanas na casa do namorado enquanto eles estavam fora. Mas Judy era adulta agora, havia recém completado seus 19 anos de idade, e embora fosse difícil para Lorraine não ter mais a sua garotinha em casa, a recebendo com um abraço quentinho toda vez que o casal chegava após concluírem os casos em cidades distantes, a mulher tinha total confiança na filha e apoiaria todas as suas decisões que a fizessem feliz.

– Anthony é bom pra ela... – Prosseguiu virando-se de frente para Ed e entrelaçando os dedos das mãos dele nos seus. O homem revirou os olhos assim que ouviu o nome do garoto que estava "roubando" sua filha. Lorraine riu com a atitude do marido, se divertindo mais uma vez com o modo que o homem reagia toda vez que ela pronunciava o nome do rapaz. Tentou conter o riso e logo voltou com a expressão séria. – Você sabe muito bem que quando duas pessoas se amam, nada nem ninguém pode impedir que elas fiquem juntas... – A mulher prosseguiu, fitando o par de olhos do homem a sua frente enquanto ele fazia o mesmo. – Você melhor do que ninguém sabe que se ficarmos pressionando-a, só iremos afastá-la de nós. – Finalizou Lorraine com um sorriso meigo nos lábios.

Carry YouOnde histórias criam vida. Descubra agora