Capítulo 22 - Nem em um milhão de anos

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Ethan Johnson

Os momentos mais importantes da sua vida ficam eternizados na memória. Eu costumava ter memória ruim para algumas coisas. Enquanto Eloise se lembrava até do Natal que ganhou sua primeira boneca Barbie, quando tinha nove anos, não consigo lembrar nem sequer a marca do meu primeiro videogame. Mal me recordo do meu primeiro beijo, nem o nome da garota, a única coisa que lembro é que foi horrível. Tenho lapsos de memória em relação ao nome da minha primeira namorada, as vezes penso que era Julia, em outras tenho certeza de que era Sabrina. é impossível lembrar.

Mas nunca consigo esquecer o dia em que pus meus olhos pela primeira vez nela.

Foi no meu primeiro ano na Fayron. Odiava simplesmente tudo sobre ali, odiava o fato de ter que sair do meu colégio que estudei por toda a vida só porque a merda do ensino fundamental era separada do ensino médio. A parte boa de tudo isso era que Alex iria comigo, e que Eloise já estudava lá, mas mesmo assim o ódio era constante. Professores novos, colegas novos e um lugar totalmente novo para conhecer me enchiam a cabeça. Gostava do básico, gostava que as coisas fossem constantes, mas, como minha mãe mesmo dizia, mudanças são necessárias para a evolução.

A aula era de literatura, falavam sobre um tal de F. Scott Fitzgerald. Dormi metade da aula e fui acordado pela professora me lançando um olhar assassino. Expulso de sala, fui mandado direto para a detenção. Havia sido a minha primeira vez, o que foi extremamente decepcionante quando vi que não teria a mesma dose de diversão que os jovens em Clube dos Cinco. Todos ali pareciam entediados, com ressaca e sem energia nenhuma para assistir aula, fingiam apenas fazer a atividade que o professor havia passado. Eu me sentei na última cadeira, no canto esquerdo, querendo ir embora.

A primeira meia hora foi infernal. Fingi estar interessado na redação, mas minha cabeça voava. Minutos depois Alisha Raisman, a garota que fazia artes junto comigo, chegou com cara de poucos amigos e se sentou na cadeira ao meu lado, ignorando meu olhar. Ela era gata, de verdade, e eu definitivamente gostaria de conhece-la melhor. Quando me estiquei na cadeira para falar com ela, a porta sendo escancarada chamou a atenção de toda a sala.

— Mas o que é isso? — O professor gritou, assustado.

Puta que pariu mil vezes.

— Quem é você, senhorita?

— Emily Broussard, senhor. Fui enviada pelo Sr. Clarke. — Ela disse, enfurecida.

— Mais uma... — O homem suspirou. — Pegue aqui a atividade e se sente. Precisa fazer uma redação de trinta linhas sobre o tema aí escrito.

Quase fiquei de pé quando a garota se virou na minha direção. Era a mais linda que eu já havia visto em toda minha vida. Emily Broussard, como ela tinha dito, era a confiança em pessoa. Ela era maravilhosa, e sabia bem disso. Era inevitável não olha-la, não reparar em seus olhos indecifráveis em um tom de marrom extremamente claro, em seus cabelos castanhos que caiam por suas costas e seu corpo coberto pela calça, camisa e jaqueta pretas, além dos seus coturnos. Ela era linda, magnifica, como se tivesse saído dos meus sonhos mais loucos — em um bom sentido.

Eu acreditava que gostava de um certo padrão de garota, mas quando pus meus olhos em Emily Broussard, naquela manhã de detenção, descobri que ela era o meu padrão.

Foi naquela manhã que me apaixonei por ela, naquela manhã que conheci o grande amor da minha vida. E apesar dela nem olhar para mim ou reparar que eu existia, eu havia prometido a mim mesmo que faria ela gostar de mim. Foram meses apenas a olhando pelo corredor, até que tomei coragem em uma manhã, enquanto saia do treino do time de futebol – que havia acabado de entrar – e a vi na entrada do campo, assistindo tudo enquanto tomava um sorvete.

Away From Way - A história de Emily - LIVRO 1 SPIN-OFF "GAROTAS MÁS"Onde histórias criam vida. Descubra agora