Capítulo 1 - O bebê prematuro

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+ algumas palavras em certos diálogos são desconhecidas por terem origem árabe. Porém aqui estão as traduções: abi = pai; aibnatu = filha; ahbak jiddaan = eu te amo muito

Boa leitura!

Emily Broussard

Eu não deveria ter nascido.

Na verdade, creio que eu fui enviada para Terra acidentalmente. No final do verão de 97, meus pais se apaixonaram perdidamente, como uma das lindas histórias de amor contadas nos filmes e pelas quais damos suspiros apaixonados por horas. Meu pai, Yousef Elmahdy, nasceu no Cairo porém mudou-se para os EUA, especificamente para Jacksonville, quando tinha dezoito anos, com dois irmãos em busca de melhores condições de vida. Ele conseguiu ingressar em uma faculdade de administração para finalmente abrir o seu próprio negócio. Na universidade, ele conheceu a minha mãe. Martha Broussard, caloura de enfermagem, e, segundo ele, a garota mais linda de todo o campus.

Eles se amaram até o último ano da faculdade. Depois disso, meu pai pediu minha mãe em casamento e em menos de cinco meses estavam casados, morando em um apartamento pequeno e alugado. Meu pai abriu a empresa de perfumes, cada perfume era uma receita centenária de família, passada de geração para geração. O sucesso era pouco, no começo ele produzia na sala do apartamento e saia vendendo de porta em porta. Minha mãe conseguia ajudar com as despesas por conta do emprego de enfermeira em um dos melhoras hospitais da cidade, mas ainda sim haviam dificuldades financeiras.

E para piorar, ela descobriu que estava grávida. Sim, eu estava vindo.

Minha mãe chorou o dia inteiro quando descobriu. Ela estava no hospital, em um dos plantões, quando desmaiou no meio do corredor após vomitar. O médico que a atendeu disse que ela já estava grávida de dois meses. Seu choro foi de preocupação: o que Yousef iria pensar? Como eles iriam arcar com as despesas de uma criança? Ela só tinha vinte anos, como podia ter um bebê?

Quando contou ao meu pai, ele praticamente deu uma festa e, como minha mãe me contou, eles tiveram o diálogo mais incrível do mundo:

- Por que você está feliz? – Ela chorava ao pergunta-lo. Meu pai, que estava ajoelhado beijando sua barriga, levantou-se, segurando as mãos dela.

- Porque o fruto do nosso amor vai nascer daqui sete meses, Martha. Como eu não poderia estar feliz?

E ali minha mãe teve a certeza de ter encontrado o homem da sua vida. Pobre mamãe.

Dois meses depois eles descobriram que teriam uma menina. A família inteira festejava e desejava que a garotinha que Martha carregasse viesse saudável, porém foi totalmente o oposto. Naquele mesmo mês minha mãe foi ao hospital de madrugada, fora do seu horário de trabalho, com um sangramento. Ela chorou o caminho inteiro até o local enquanto meu pai tentava acalentá-la, mas ela disse que a única coisa que se passava pela sua cabeça é que havia perdido sua menininha e nunca sentiu dor maior do que aquela.

Mas eu não havia morrido, eu ainda estava lá, porém não 100% segura. Minha mãe havia sido diagnosticada com um problema. Seu útero poderia romper a qualquer momento por conta do excesso de líquido amniótico e largura do útero e, segundo o médico, eu poderia não passar dos cinco meses dentro de sua barriga. Minha mãe teve que pegar licença do trabalho, ficou três meses de repouso em uma cama, sendo transportada por uma cadeira de rodas. Nessa época, minha avó materna, foi morar no apartamento para ajudar o meu pai. Yousef teve que adiar o plano da empresa de perfumes e procurar um emprego para manter a casa. E ele conseguiu, começou a trabalhar em uma empresa de imóveis.

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