Capítulo 7 - Não jogue fora essa amizade

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Emily Broussard

Joguei meu celular no sofá do lado, cansada de tantas notificações. Algumas eram de Camila e outras de Alice. Mas eu não dava a mínima. Depois de encontrar com Camila – ou Juliet – dois dias atrás, eu me tranquei em casa, ainda sem entender muito bem o porquê, mas possessa de raiva.

Minha mãe, vendo a forma como atirei o aparelho, me olhou, incrédula.

— Isso é caro. — Ela falou, colocando a tigela de pipoca sobre a mesa de centro e pausando o filme. — Pode me dizer por que fez isso?

— Porque eu não aguento mais essa droga apitando.

— É só desligar. Não seria mais fácil do que simplesmente atirar assim?

Fechei os olhos, massageando as têmporas.

— Olhe, mãe, a última coisa que preciso nesse momento é um sermão desse que vai terminar em briga. Me dê uma folga hoje.

— O que aconteceu? Ontem passei o dia fora, não soube de nada, então...

— Você nunca sabe. — Cuspi as palavras sem a intenção de machuca-la, mas acabei fazendo o oposto. — Merda, desculpa. Eu não quis dizer isso.

— Não, você está certa. Meu trabalho exige muito de mim, então são raras as vezes em que podemos conversar. Quer me contar o que houve?

Abaixei o olhar. Comecei a brincar com a ponta do cobertor, procurando as palavras certas.

— Camila e eu brigamos.

— Por que?

Suspirei, tentando segurar o choro.

— Porque ela mentiu pra mim. Estávamos afastadas por um tempo, provavelmente você não deve ter percebido porque eu não falei sobre, e na sexta-feira eu acabei a pegando na mentira.

— Isso te machucou. — Afirmou. Eu assenti, já sentindo meus olhos arderem. — Olhe, Em, eu não sou boa com essas coisas de amizade. Nunca tive a sorte de ter uma melhor amiga como você tem, mas te garanto que nunca vi laço tão bonito quanto o que você tem com Camila. Vocês são amigas desde o fundamental, querida. Foram raras as vezes que já vi brigarem, mas saiba que é natural. É natural brigar com a pessoa que amamos porque a única coisa que queremos é que ela esteja bem. A única coisa que posso te dizer é para não jogar essa amizade fora.

Enxuguei meus olhos, desviando o olhar da minha mãe. Ela sorriu, triste.

— Obrigada pelo conselho, mãe. Acho que foi o suficiente.

— Em, você não precisa se fazer de durona toda hora.

— Acontece que não fui eu quem errei nessa história. Não tente jogar a responsabilidade sobre mim. — Rosnei.

— Querida, eu não estou tentando fazer isso.

— Mãe... — Suspirei. — Obrigada novamente.

Ela assentiu, ainda preocupada.

— Sei que não somos melhores amigas ou algo assim. — Encarei-a. — Mas quero que saiba que estou sempre aqui para quando quiser conversar.

— Eu sei. — Sorri leve.

Meu celular notificou novamente, agora com uma ligação. Não olhei o nome, apenas puxei o aparelho, nervosa, e atendi:

— Que porra você quer? — Rosnei.

— Jesus, Broussard. É assim que você atende à ligação do seu amigo querido?

Suavizei quando ouvi a voz de Ethan. Esperava por qualquer pessoa, menos ele. Ou talvez, lá no fundo, eu estivesse esperando.

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