Capítulo Cinco

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— Como vai? — Questionei me sentando ao lado de Arthur. Sempre parecia uma idiota junto dele, buscando o que dizer em meio a tantas ideias bagunçadas — Quero dizer...

— Mais ou menos — Os olhos verdes analisavam Sophia — Tem dias que tudo parece bem perdido, mas quando se têm filhos, não existe opção ao invés de continuar — Sorriu sem muito humor.

— Fico feliz que eles tenham você — Comentei sem encará-lo e me colocando de pé — É minha hora de ir. Te deixo na companhia dos seus pest... Quero dizer, anjinhos. Hoje ficou tudo bem — Nós rimos juntos.

— Podemos falar a sós um instante? — Questionou um tanto desajeitado.

— Claro, você é o chefe! Aguardo ansiosa por seu feedback! — Bati continência e sorri. Arthur deixou Sophia com Caleb e veio em minha direção. Saímos e ele fechou a porta atrás de si. Sozinhos na varanda, cruzei os braços frente ao corpo — Diga... Sou toda ouvidos! — Encarando os lados, Arthur parecia pensar no que fazer. Encarou-me durante alguns segundos e apenas notei suas reais intenções quando se aproximou e me abraçou longamente, quase emocionado — Espera, o que...

A voz morreu em meus lábios quando senti a proximidade daquele homem contra meu corpo. Prendi a respiração para marcar em mim cada momento que sucedia, desacreditada de que ficaria tão em chamas ao tê-lo por perto.

— Obrigado por me ajudar — Sussurrou contra meu cabelo, as mãos grandes em minha cintura. Meus braços pairavam no ar sem ter onde tocar, mas finalmente os baixei e pousei nos ombros fortes e largos de Arthur, que era bem mais alto do que minha estatura — Toda minha vida não será suficiente para recompensá-la e agradecê-la!

Dei uma batidinha em suas costas ao passo em que absorvia o cheiro delicioso e másculo.

— Na verdade você me chantageou e me paga um bom salário — Arthur me soltou e seus olhos verdes me observaram atentamente — Acredito que seja o suficiente — Sorri ajeitando minha bolsa no ombro — Não precisa me agradecer por nada, Arthur. De verdade... Não sou melhor do que ninguém para que me diga coisas tão fortes assim...

— Eu não teria verdadeira coragem de te mandar para a cadeia, Milena — Confessou com os olhos verdes fixos em meu rosto. Por um segundo me surpreendeu — Sei que dei a entender que sim, mas não o faria. Existe em mim senso de justiça e não faria semelhante coisa.

— Arthur...

— Agora que já sabe, pode desistir se quiser — Apontou em direção à rua e olhei junto dele. Após pensar alguns segundos baixei sua mão com a minha, parando próxima dele a ponto de sentia sua respiração contra mim.

Tão próximo, Arthur era ainda mais atraente. Seu olhar me encarava em busca de respostas.

— Não vou embora... Preciso do emprego e bom... — Sorri de canto — Lara e Sophia. Gosto muito delas e... Enfim... — Cocei a cabeça e me afastei quando senti seus olhos próximos demais.

— De qualquer modo sou grato — Segurou em minha mão delicadamente.

— Não se esqueça de que se trata de um emprego, senhor Novateli — Tentei soar indiferente, querendo ocultar que não estava tão incomodada assim em trabalhar com eles — Não tem necessidade de ser grato a mim.

— Procurei por quase dois anos alguém que topasse ficar com minhas crianças e todas nos deixaram. Sua presença e, além dela, seu carinho, merece de fato minha gratidão — Desviei o olhar, contendo no peito o orgulho que senti por tais palavras. Arthur me emocionava com o nítido amor pelos filhos e desespero por tapar o buraco que a mãe dos mesmos deixou ao partir. A culpa o perseguia — Mesmo te pagando um salário, serei eternamente grato.

Coração de Pedra: Babá por Acidente! (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora