Capítulo 01

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O dia de Ada foi cheio.

Ela foi ao RH (Recursos Humanos) e atualizou todas as suas pendências para a sua demissão. E, apesar de ter ficado surpresa com a proposta de uma efetivação, Ada sabia que não poderia aceitar.

Era hora de ir.

— Vamos sentir tanto a sua falta, 27! — Enver falou e Ada sorriu quando ouviu o apelido que a chamavam desde o seu primeiro dia de trabalho o qual informava o número de pessoas que já tinham passado pelo seu cargo antes dela.— Você realmente durou!

— Sempre tão doce, Enver.— Ela revirou os olhos e andou em direção a sua mesa, passando pela frente da sala de Tuğçe e podia jurar que sentiu o olhar da mulher queimar as suas costas.

Estranhamente, Tuğçe não odiava Ada. Na realidade, a outra mulher usou de toda a situação entre Rüzgar e Ada, como desculpa para terminar o seu namoro com ele, visto que nunca o amou. Apenas o usava como pretexto para causar ciúmes em Bora. Quando Rüzgar soube que também foi usado, provando de seu próprio veneno, não lidou nada bem. A sua perseguição com Tuğçe foi além do que é considerável saudável e ela conseguiu uma medida protetiva contra ele.

No final de tudo, Ada e Tuğçe tinham se livrado de um homem tóxico e desequilibrado. E estavam livres para seguir em frente com as suas vidas.

Ada sentou-se e percebeu que não se importava em não se despedir de seus outros colegas de trabalho, eles nunca haviam lhe tratado bem para tal.

Ela voltou seus olhos para o computador e terminou de atualizar a agenda de Bora para os próximos dias. Até lá, sabia que já teria sido substituída. Ada ainda estava surpresa em como ele não havia lhe mandado embora depois de todo o ocorrido ou lhe entregue outro cheque para pagar a multa do contrato e se ver livre dela. Não que ela fosse a aceitar o cheque, de qualquer forma.

Com um gole em sua caneca de café quentinho, Ada viu pelo relógio da parede do escritório que já marcava tarde da noite e fechou a tela do seu notebook em um baque surdo. Olhou mais uma vez em direção a sala de Bora, que por suas paredes serem feitas de vidro, lhe dava uma ótima visão da figura séria a qual trajava um terno preto, atenta aos papéis em sua mão e conversava altivamente com um possível investidor por uma chamada de vídeo.

Ada suspirou ao analisar minuciosamente cada detalhe de Bora. Ele ajeitou seu cabelo escuro como o céu noturno para trás e coçou sua barba por fazer, sinal que seja lá quem fosse em sua ligação, lhe despertava sua curiosidade e era digno de sua atenção.

Diferentemente dela.

Ada sentiu um gosto amargo na boca ao lembrar do momento em que tudo mudara entre eles, em que pela primeira vez, desejou nunca ter cruzado o caminho de Bora. Não por nunca querer conhecê-lo, porque Bora é uma das melhores pessoas que já entrara em sua vida. Mas sim, porque se não o tivesse conhecido, Ada nunca teria o machucado tanto.

— Ada... — A voz dele soou rouca, o olhar perdido, quase opaco.— O quê ele está dizendo é verdade? Vocês são...— Engoliu em seco, mal conseguindo completar a frase.— Casados? — Da soleira da porta, Bora encarava fixamente a figura de Rüzgar, atrás dela, a espera de uma resposta diante de tal tormento.

I won't lie to you
I know he's just not right for you

— Bora bey...— A voz de Ada tremeu e, então, Bora teve a sua resposta.— É complicado. Eu... Eu posso explicar.— Ela mal respirava, sua mente lhe lembrando que tudo isso era culpa sua.

And you can tell me if I'm off
But I see it on your face

— Eu te fiz uma pergunta. Responda! — Bora cuspiu.— Não deve ser tão difícil responder entre sim ou não.

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