estamos salvos.

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- "Domi, meu amor, preciso que fique aqui no armário rapidinho tudo bem?"- (S/n) sussurrou para o seu filho Dominic, que negou com a cabeça desesperado, apertando o pescoço de sua mãe, com toda a força de seu pequeno corpo.

- "Mama, não, não! Eu quero ficar com você, como prometeu, por favor!"- ele gritou, com a cabeça em seu pescoço, já começando a chorar. A mulher fechou seus olhos com dor, ouvindo a porta da casa, no andar de baixo abrir.

- Docinho, lembra sobre o que falamos sobre nos mudarmos para Londres? Então, preciso fazer isso para que possamos ir, e ficarmos juntinhos como a mamãe prometeu! Sem o monstro"- (S/n) explicou, tirando o rosto do filho de seu pescoço, dando-o seu melhor sorriso, secando as lágrimas salgadas do rosto rechonchudo e fofo do menor.

- "Mama sorri, então eu fico. Como um coelhinho na toca"- Domi disse, tocando o rosto da sua mãe, que imediatamente sentiu vontade de chorar, mas não ia fazer isso, mais uma vez em frente de seu filho.

Ouvir o seu pequeno dizer isso cortava o seu coração. Tão ingênuo, inocente, que já com pouquíssima idade conseguiu viver o pior.

- "Meu doce e precioso coelhinho"- a mulher sussurrou, levando-o até o armário de casados, o enrolando em seu cobertor lilás, deixando apenas seu rosto para fora.

Deu um beijo caloroso na testa de Dominic, e assim que ouviu passos pesados no andar de baixo, se apressou em fechar e trancar aonde o seu filho estava.

- "(S/N) VAGABUNDA, AONDE ESTÁ?"- a voz tenebrosa e rouca do homem lá embaixo gritou por ela. Ouviu seu pequeno murmurar assustado de dentro do armário.

Era boa em promessas, por isso prometeu que nunca mais iria na vida dela colocar o seu Dominic em um armário, para se esconder do monstro péssimo que tinham em casa. E essa ela iria fazer questão de cumprir hoje, porque tinha tudo ao seu favor para fazê-la.

(S/n) trabalhou com horários abusivos para exatamente isso. Teve de expor a sua criança ao frio de janeiro de Los Angeles para isso. Mas pelo menos, juntou dinheiro para finalmente comprar uma passagem para Londres, onde sua avó está. E de onde nunca deveria ter saído.

A mulher cometeu o pior erro que alguém poderia cometer. Se apaixonou por um sorriso brilhante e bom papo. Pelo menos desse erro ela tirou algo de bom, algo que a salva todos os dias. O seu neném de 3 anos. Dominic. E agora, deve salvar a sua própria salvação, e o tirar dessa casa nojenta.

Samuel. O tal do sorriso brilhante, que roubou o coração da Londrina, e quando o homem a teve em Los Angeles, a deixou em uma prateleira, como um troféu esquecido e empoeirado.

(S/n) teve o melhor do homem. Sempre tão atencioso, carinhoso, a prometendo o céu, uma das coisas mais bonitas e poéticas de se dizer. O céu para ela antes tinha um significado puro, lindo. Mas agora, consegue ser podre, porque foi olhando para ele que foi abusada, pelo mesmo homem que dedicava as estrelas em canções.

(S/n) se lembra dessa noite. Dessa péssima noite, onde estava procurando por Samuel, para anunciar a grande notícia que tinha. Estava grávida, de seu primeiro filho. Mas o pai do mesmo havia sumido, o dia inteiro, se estendendo até a lua cair.

E assim que ele chegou, o cheiro de bebida barata a inundou, fazendo-a quase vomitar. Nessa noite, eles brigaram, e ela foi arrastada para o quintal da casa.

Suas roupas foram arrancadas, e seu pescoço segurado, a deixando quase sem respirar.

Se sentiu fraca, imunda, impotente, estava carregando a sua criança na barriga, e não pode se defender. Foi nesse momento que ela soube que teria de levar esse fardo, este trauma, para toda a eternidade.

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