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órion.

O dia de (S/n) já começou estressante.

Hoje é o dia da entrevista, e quase não acreditou quando foi chamada para a mesma. Não estava acreditando muito no anúncio, já que havia mandado o seu currículo, e no mesmo dia já obteve um retorno. Ou a pessoa estava desesperada para contratar alguém, ou era um cargo fantasma, desses que só faz a pessoa se iludir, imaginando o quão bom seria o emprego.

Ela tem consciência de tantas pessoas que devem ter se candidatado para esse trabalho, já que o mesmo consistia em auxiliar de limpeza por meio período. E uma coisa que as pessoas procuram com desespero é um trabalho de meio período, mas estava se garantindo. Trabalhou em inúmeros lugares, com vários cargos. Tem experiência em qualquer área, além de claro, ser formada em arquitetura, mas parou de exercer a profissão assim que se mudou para Los Angeles.

Poderia estar ganhando muito dinheiro hoje em dia com a formação, mas igual a tantas coisas que parou de fazer em sua vida, foi tudo por conta de um trauma. Pode até ser uma piada, ou desculpa esfarrapada para poder se livrar de situações do dia a dia. Mas não, (S/n) congela com tudo isso, como se houvesse uma corda em suas costas, e a cada vez que ela tenta superar um medo, o mesmo a puxa para a estaca zero novamente.

Ela se lembra que costumava ser uma boa arquiteta. Fez um projeto para uma empresa uma vez, e ganhou muito dinheiro. Todo ele foi roubado e consumido por Samuel. Era boba na época, e deixou tudo o que aconteceu, por isso mesmo. Um marmanjo gastando o dinheiro de seu primeiro projeto para fora em bebidas caras, que muitas vezes não bebia, apenas expunhas no móvel debaixo da televisão.

Acordar cedo para a mulher é fatal. Desde a sua gravidez, tudo o que desenvolveu foi sono, e ao longo do tempo, tem perdido muito ele. Por exemplo, na madrugada, teve de ficar acordada, já que Dominic não conseguia dormir de jeito nenhum, e mesmo agarrado nela e no listradinho envoltos em seu colo, ele não conseguiu dormir, já que toda vez que fechava os olhos, sonhava com coisas que passou anteriormente.

Sabia que seria assim durante a fase da mudança. Cidade nova, fuso horário novo, isso tudo pode ser fatal para uma pessoa metódica, acostumada com a sua rotina simples. Mudanças eram péssimas para os dois.

A mulher o acalentou por toda a noite, e quando o relógio marcou exatamente 4 da manhã, Domi finalmente fechou seus olhinhos, se entregando para o temido sono.

Ela suspirou, fechando seus olhos, quase dormindo em pé, com o filho no colo, já que tinha saído da cama quente, para ver se a brisa da madrugada que saia pela fresta da janela deixava o seu bebê mais relaxado. Isso costumava ajudar quando era um recém nascido.

Sentiu fraqueza, e só ai percebeu que não havia comido nada o dia inteiro, se estendendo até a noite. Mas, iria continuar assim. Uma vez já conseguiu ficar sem comer por 3 dias, e um mero único dia sem comer não iria a trazer problemas.

Sua barriga reclamava por comida, vazia, mas ela fingia que isso não estava acontecendo. E quando acordou as sete da manhã, perto do horário de sua entrevista, decidiu também não comer nada. No final do dia, passaria em um hortifruti, comprando uma salada para si. Achava que estava fora do peso afinal.

Ninguém sabe que ela não come bem. Nem mesmo Dominic, já que (S/n) faz questão de manter o seu filho saudável, com uma rotina de alimentação muito correta, e apenas nos finais de semana alguma guloseima. E nem em todos. Se ela não conseguia comer, era problema dela, exclusivamente, e não de seu filho. Dominic não iria desenvolver isso, ela não permitiria.

Cíntia, sua mãe, já desconfiava que ela havia algum problema com a comida. Por ter visto um dia (S/n) fazer careta ao comer um simples pão, querendo mais do que tudo terminar a refeição rápido. Era perceptível o seu desconforto ao redor da mesa. Mas a senhora não viu mais nada, só a mesma subindo rapidamente para o quarto, como se estivesse desesperada. Poderia ser várias coisas, mas Cíntia iria ficar de olho nisso.