Trabalho Ilógico

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  O ano novo passou. A mesma jovem permaneceu em sua rotina: A busca por dinheiro à fim de cessar sua fome.

  Na virada do ano, pôde ver os céus pintados por lindas cores, os fogos de artifício. Além de ter participado, mesmo que apenas assistindo, da contagem regressiva.

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  Sentada numa calçada movimentada, fita seu boné. Dessa vez, com alguma notas e moedas dentro, talvez devido ao sentimento de compaixão das pessoas pela troca de ano, cogitava.

  É de tarde e o céu está limpo. Um sol forte o suficiente para aquecer qualquer um, é evitado por ela, que se esconde abaixo de um local coberto.

  Sem que notasse, um homem se aproximou. Na verdade, até mesmo estacionou uma Van em sua frente.

  Sua primeira ação quanto a esse homem, fora checar seu pulso. Desde aquele dia tem o feito com todos em busca do homem que, de certa forma, salvou-a. Entretanto, este, parado em sua frente, é muito mais musculoso em comparação àquele. E, claro, ele veste uma blusa, impossibilitando o visualizar de seu pulso

  — Moça, poderia se levantar? — Sua voz é grave, o que, somado ao capuz que cobre seu rosto e suas vestes pretas, incrementa a aura intimidadora desse sujeito. — Por favor.

  Somando dois fatos - o primeiro, ela não tem nada além do boné, e o segundo, há pessoas passando por ambos constantemente - descartou a hipótese de se tratar de um assalto. Calmamente, se levantou.

  — Que foi? — Viu-o colocar a mãos em seu bolso. "Não é possível..." Pensou, esperando o pior. De lá, tirou um maço de dinheiro. Seus olhos brilharam e pulava por dentro, porém, se controlou. — É sério!?

  O sujeito envolveu o dinheiro em um lenço aparentemente úmido, cuja fonte também é seu bolso. O levou perto do rosto da jovem, mais especificamente, próximo de seu nariz.

  "Isso foi estranho..." pensou, passando a mão em seu longo cabelo preto, despenteado, enquanto um sentimento de desconforto toma conta de si.

  Pegou o dinheiro, sem reação pronta.

  — O-obrigada...?

  A fim de analisar a veracidade daquilo tudo, sentou-se rapidamente, passando nota por nota. Ainda vestindo a máscara em seu nariz e boca, o indivíduo se sentou ao seu lado que, por sua vez, distanciou-se, mantendo cautela.

  Estranhamente, cerca de um minuto e meio, uma forte tontura tomou conta de si. Seus olhos se tornaram dormentes, tal como seus músculos.

  — O que...?— Antes de apagar por completo, virou-se para o homem e viu-o passar o braço pelo seu pescoço, segurando-a.

  Após levantar, gentilmente a colocou em um dos bancos da Van, cuja está completamente vazia. Ninguém que passa por ali sequer direcionou o olhar na direção da situação.

  Segundos após, a Van partiu.

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  — Ela tá acordando? — Ouviu uma voz distante ao recobrar a consciência. Tem a certeza de nunca tê-la ouvido anteriormente.

  Utilizando seus sentidos à princípio, está frio e suas mãos, tal como seus pés, soltos. Ouviu passos de uma bota se aproximarem, quando uma voz familiar, uma voz vazia, ecoou:

  — Aí, garota. Seguinte, olha pra cima.

  Inconscientemente, o fez. Sua visão se adaptou ao ambiente. Como foco principal em sua visão, há um homem que veste um macacão preto, inclinado em sua direção.

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