Freedom And Not Peace - Livro IV

O Mais Selvagem de Todos Eles

Ele estava certo da primeira vez, Draco pensou, uma vez que estava acordado o suficiente para pensar com coerência. Isso tinha que parar.

Ele olhou para Harry, que ainda estava enrolado de lado, sua respiração profunda e relaxada. Calmo, Draco pensou. Ele traçou um dedo sobre a testa de Harry, levemente o suficiente para que ele não o acordasse, e não encontrou nenhum vestígio de sangue na cicatriz. Não havia dor em sua própria testa, também, mas ele não tinha mais certeza de que confiava nessa parte de sua empatia. Havia noites em que não sentia agonia, mas Harry ainda tinha olheiras pela manhã.

Claro, agora eu sei que ele provavelmente não estava dormindo.

O pensamento fez Draco estreitar os olhos. Muitas coisas tiveram que parar, realmente. Isso era apenas o mais óbvio deles - Harry ficava acordado até tarde porque estava totalmente convencido de que seus deveres para com as outras pessoas precisavam ser cumpridos imediatamente. Mas como era o mais óbvio, Draco pretendia se certificar de que isso parasse, estando Harry entusiasmado ou não com a ideia.

O resto...

Você pode muito bem admitir para si mesmo, você sabe. Você pode ter todas as discussões que quiser com ele, irromper em alto calafrio, insinuar e gritar com ele até ficar com o rosto roxo. Ele nunca vai perceber que você está apaixonada por ele até que você diga a ele, honestamente, como um Grifinório.

Draco estremeceu. Ele tentou se convencer de que era tudo nojo, que vinha do pensamento de agir como um Grifinório.

Ele sabia muito bem que isso não era verdade.

Ele estava nervoso. Oh, ele sabia que Harry se importava com ele e era seu melhor amigo. Ele não sabia que Harry estava apaixonado por ele, e cada instinto que ele tinha, cada instinto Sonserino, gritava para ele não se trair até que ele tivesse certeza de alguma emoção igual em troca. Doeria muito ver os olhos de Harry se turvarem e ouvir a voz de Harry lhe dizer gentilmente que ele era incapaz de retribuir o sentimento.

E não é nem isso, Draco pensou, capaz de se aproximar da verdade, aqui na cama quentinha no início da manhã, que ele negou a si mesmo e ignorou durante toda a semana. Acho que Harry poderia namorar comigo, com certeza. Mas ele faria isso porque era isso que eu queria. Ele me valoriza como valoriza as outras pessoas, como alguém com uma alma que nunca quer danificar e uma liberdade que respeita imensamente.

Ele não me valoriza mais.

E isso não é suficiente.

Eu nunca vou ser outro de seus sacrifícios. Não vou aceitar nenhum presente que ele me ofereça e eu não possa devolver. E também não vou oferecer nada que ele não possa devolver.

Draco deitou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos, ajustando o braço para segurar Harry com mais força. Ele podia sentir Harry, inconsciente como só estava durante o sono, soltou um pequeno suspiro e se aproximou da fonte de calor e prazer. Esse era outro problema, Draco pensou, embora não tão grave quanto o fato de que Harry só o considerava tão importante como o resto do mundo. Quando estava acordado, Harry parecia recuar conscientemente de qualquer tipo de prazer. Ele se consolou apenas quando estava totalmente destruído, e todos os outros toques que ele oferecia eram um meio de dá-lo.