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Quando seu celular tocou naquela noite, sabia que não era com uma boa notícia. Seu coração parou por alguns segundos, suas mãos soaram e sentia uma dor tão estranha. Era do hospital, Andrew havia sido atacado por aquelas pessoas que estavam traficando crianças, você havia dito para ele parar, para ele se lembrar que também tinha uma criança em casa, ele não ouviu. Mas você também devia ter confiado nele desde o início, acabou que o desequilíbrio de Andrew, fez com que todos duvidassem e no final ele estava certo, e salvou aquelas crianças.
E por isso vocês tinham passado por poucas e boas durante aquele ano, a doença de Andrew, esse caso de tráfico com crianças, a doença de Richard, foram tantas coisas e fez com que todos ficassem tão mal, tão cansados. E então chegaram a conclusão de que tudo havia acabado, que as coisas estavam resolvidas, mas não estavam.
Quando chegou ao hospital encontrou Karina lá, ela estava desesperada e quando lhe viu, lhe apertou em um abraço. Por um momento pareceu que tudo tinha dado certo, que Andrew iria se recuperar. Isso não aconteceu.
── Oi, meu amor. ── você sussurrou ao deixar um beijo na testa dele. Seu coração estava destruído ao vê-lo daquela forma, você sentia tanta falta de seu Andrew, já fazia tanto tempo que ele não era mais o mesmo. ── Você vai ficar bem, querido, vai ficar bem e aí eu prometo que vamos visitar a Itália, é, você vai poder mostrar tudo que ama lá pra Pietra, ela vai amar. ── suas lágrimas desciam com facilidade.
── Ele vai ficar bem, né? Vai sim, tem que ficar. ── Karina disse segurando sua mão e também chorando.
── Ele precisa ficar. ── falou num sussurro, você não saberia o que fazer se ele não ficasse, mas não poderia ser egoísta. ── Mas se você estiver muito cansado e decidir ir, eu vou tentar entender também, eu vou te amar por toda a eternidade, meu amor, e vou cuidar da nossa bambina. ── sussurrou novamente, próximo ao ouvido dele e várias lágrimas ficaram ali, junto com seu coração.
Depois de alguns minutos, você acabou tendo que ir assinar alguns documentos e quando voltou parecia que o mundo estava desabando em sua cabeça. Havia sangue por todo o quarto de Andrew e Karina chorava do lado de fora. Ele havia decidido partir.
Os primeiros dias foram tão dolorosos, passou duas semanas na casa de sua mãe, chorou tanto, sentiu a desidratação chegando. Depois voltou para casa, não dava para ficar na casa de sua mãe para sempre, mesmo sendo sua vontade.
Agora faz um mês que Andrew se foi, você se perguntou se ele havia lutado para ficar, mesmo sabendo que você entenderia a partida dele. As vezes, quando ele ainda estava vivo, ele parecia tão cansado, tão quebrado, isso te fazia ter essa dúvida.
── Oi, vim ver como vocês estão, tudo bem? ── você ouviu Jo perguntar ao entrar, ela era sua melhor amiga, por isso tinha tanta liberdade para entrar sem tocar a campainha.
── Tudo bem! ── falou sem olha-la, estava preparando o almoço para Pietra e Karina, Pietra tinha dois anos e ela sentia falta do pappa também, mas para ela parecia apenas uma viagem, parecia que ele logo voltaria.
── Você é péssima mentindo, eu te conheço. ── ela falou e se sentou no banco, atrás do balcão e a sua frente.
── Bem, meu marido morreu, minha filha pergunta todos os dias quando ele vai voltar, minha cunhada tá no andar de cima dormindo há dois dias e eu já respondi essa pergunta hoje, umas mil vezes, então não, eu não tô bem. ── falou tudo de uma vez, suspirou cansada e terminou de fazer a salada.
── Você já chorou de novo? ── ela perguntou, estava comendo um pedaço do bolo que estava a frente dele.
── Não coma antes do almoço, Josephine, chorei durante duas semanas, agora tô reprimindo a minha vontade de morrer e cuidando da minha filha, e da Karina. ── você se sentia responsável por Karina, primeiro porque ela era como uma irmã para você e segundo porque só havia sobrado vocês duas.
── Para, não sou a Pietra e não tenho dois anos. ── ela resmungou, você acabou rindo, ela parecia uma criança quando resmungava. ── Precisa chorar.
── Sabe, no fim, quando se perde alguém, cada lágrima, cada vela e cada oração, não vão compensar o fato de que a única coisa que sobra, é um vazio infinito no lugar que a pessoa que você amava ocupava na sua vida e eu estou quebrada e infinitamente vazia, Jo. ── confessou, seu olhar estava triste e seu coração também.
── Sinto muito. Todos sentimos falta dele. ── ela disse, Jo não sabia bem o que dizer, ela só sabia que odiava te ver daquela forma.
── Sabe, me destrói dizer isso, mas o Andrew já havia partido a muito tempo, muito antes de realmente ir. ── falou, olhando para suas próprias mãos. ── Eu demorei muito pra aceitar isso, mas ele estava tão quebrado e eu não entendo bem o porque de tudo isso acontecer, mas, não sei, eu não posso chorar agora, tô segurando todo mundo nos braços, elas precisam de um porto seguro, Deluca era esse porto seguro e agora sou eu. ── suspirou e a olhou.
── Eu acho que você tem razão, quem conviveu com ele, pode ver ele partindo. ── Jo disse e limpou os olhos molhados. ── Mas ele deve estar orgulhoso de você. ── você riu e assentiu.
── Eu espero que sim, eu vou ficar bem, vai demorar, mas eu vou, prometo, obrigada por estar aqui. ── ela sorriu e foi até você, te abraçando.
── Conta sempre comigo, ok? ── ela te apertou e você sorriu concordando. ── Agora eu vou buscar a Pietra e forçar a Karina a vir comer, porque eu consigo até o impossível.
Você riu, era verdade, Jo Wilson conseguia o impossível, você tinha sorte de ter uma melhor amiga/irmã tão incrível quanto ela.
Você não tinha idéia ainda de como realmente seguir sem Andrew, mas iria se esforçar para fazer isso. Porque não importava onde ele estivesse, você sempre iria o amar.
Tati 🎠
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Gatilho? Gatilho! Me desculpem, gente, mas eu precisava postar esse kk eu sei que é triste e eu queria muito que o Andrew não tivesse morrido, chorei tanto vendo e mds, foi muito triste 😔 Mas ainda assim espero que vocês gostem.
