• Capítulo 1

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Uma vez ouvi meu professor de literatura falar em sala de aula que quem é vivo sempre aparece. Já fazem cerca de três minutos que estou olhando para a tela do meu celular pensando se aperto ou não o botão de iniciar chamada enquanto penso sobre. Eu não preciso, mas quero. Sem pensar mais, aperto aquele botão verde e simplesmente espero... Espero... E espero. Quando pensei em desistir, ouço alguém do outro lado da linha.

- Olá? - Assim que ouvi sua voz, soltei uma respiração que nem sabia que estava segurando.

A voz dele estava relaxada mas também podia sentir que estava confuso por receber uma ligação de um número desconhecido no meio da noite... Bom, meio que não é só o número que é desconhecido. Ele só me conhece por nome, não sabe mais o que eu gosto de fazer, de comer, lugares onde gosto de ir... Na verdade, acho que nunca soube.

- Ashton? Aqui é a Daphne - Sinto um silêncio de dois segundos muito desconfortável pois ele deve estar pensando "Quem diabos é Daphne?" Então decido já responder a pergunta antes de ser perguntada - Daphne Irwin.

Eu sou fruto de um relacionamento fora do casamento, pelo que sei, meu pai era casado com Anne, mãe de Ashton, e uns anos depois conheceu minha mãe, quando ele soube que ela estava grávida dele, ele sumiu, não quis mais saber da minha mãe. Depois de alguns anos ele também abandonou sua mulher e seus três filhos. Eu nunca quis saber a fundo essa história.

Não estou dizendo que meu pai é um homem ruim, só que não é um bom pai, entende?

Quando eu já estava mais crescida, ele decidiu que queria fazer parte da minha vida também, assim como estava fazendo com Ashton, Harry e Lauren.

Ashton e eu nos víamos uma ou duas vezes no ano junto com seus outros dois irmão, Harry e Lauren. Íamos no aniversário do nosso pai e em alguns natais pois ele morava sozinho e não tinha uma família bonita como nos comerciais de TV para passar essas datas comemorativas.

Dos meu três meio-irmãos, eu só era próxima de Ashton, Harry e Lauren não pareciam gostar muito de mim mas não poderia culpa-los por isso, minha vinda ao mundo foi um dos motivos do divórcio de seus pais. Mas Ashton era diferente, nos víamos pouco mas nós sempre gostamos de conversar, ele me mostrava bandas e cantores diferentes todo ano e até me ensinou um pouco de bateria.

Depois que Ashton foi embora, continuei a visitar meu pai as vezes mas com menos frequência ainda pois estava sempre ocupada com a minha própria vida. Sempre que podia, eu ia em festivais na Austrália onde teria show da banda pra ver meu irmão mas nunca tive coragem de ir falar com ele porque agora ele não é mais aquele Ashton que brincava de esconde-esconde comigo, ele é Ashton Irwin, baterista da banda 5 Seconds of Summer.

- Daphne? - Ouço a voz surpresa dele - Ai meu Deus, como vai?

- Estou bem, e você?

- Estou feliz por ter me ligado - Ele parece animado.

- Queria te convidar para um café, o que acha? - Pergunto entusiasmada e obviamente sei que ele está confuso, sua meia-irmã da Austrália te liga depois de anos pra tomar café?

- Você está em Los Angeles? - Ele pergunta depois de uns segundos em silêncio, provavelmente processando tudo.

- Mais ou menos, Estou em Inglewood na casa de um amigo - Me refiro a Max.

Max e eu temos uma história complicada e meio triste... No primeiro ano da faculdade de direito, ele conheceu minha irmã mais velha por parte de mãe chamada Beatrice. Ela namorava Max, eles eram super apaixonados e o casal mais popular do Campus, mas Beatrice acabou engravidando de Max, o pai de Beatrice obrigou minha mãe a tira-la da faculdade e não a deixaram ter mais contato com Max. Durante tudo isso, eu era o porto seguro dele, pois eu conseguia ve-lo escondido em nome de minha irmã, nós acabamos virando amigos, ele me ajudava com os garotos e eu o ajudava a ter notícias da minha irmã. Quando Beatrice chegou ao oitavo mês de gravidez, ela sofreu um acidente de carro voltando do hospital, o bebê sobreviveu, mas infelizmente, ela não. Max entrou na justiça e fez um acordo com os pais de Beatrice, eles cuidariam do bebê até Max terminar a faculdade e se estabilizar para poder cuidar da criança como um adulto responsável. Seu pai, dono de um grande negócio na Austrália, abriu uma filial em Los Angeles para que seu filho tivesse um emprego, mesmo que não fosse o que Max gostava, ele tinha em mente que isso era o melhor a se fazer pois agora, ele não podia pensar só nele.

Beatrice nomeou seu filho antes de falecer, Max é inglês mas decidiu estudar na Austrália, ele sempre ouvia One Direction, dizia que o fazia voltar para casa. Eu e Beatrice falávamos que o sotaque de Max parecia com o sotaque de um dos integrantes da banda, Louis... Essa foi a homenagem dela para Max antes de falecer, colocando o nome do filho deles o mesmo nome de alguém que o fazia lembrar dele, pelo menos no jeito de falar.

- Ok, eu estou na casa de um dos rapazes e provavelmente vou sair daqui bem tarde, o que acaba fazendo eu ir dormir tarde... Podemos nos encontrar amanhã às nove?

- Claro! - Digo com um sorriso no rosto mesmo ele não podendo ver -Só me diz onde que eu estarei lá.

- Me encontra na minha casa e vamos juntos, vou te mandar o endereço depois e... - Ele é interrompido por alguém pelo o que posso ouvir, ele responde algo e volta a falar comigo - Desculpa, tenho que ir, depois te mando mensagem. Ate amanhã de manha. Te amo.

E ele desliga. Fico parada ainda com o celular no ouvido mesmo sem ouvir nada.

Tudo bem... Somos irmãos... Mas, ouvir um "te amo" depois de oito anos sem nem um "oi"...

- E ai? Como foi? - Max sai do quarto com sua calça de pijama estampadas de marcas de beijos.

- Bem! Vou me encontrar com ele amanhã de manhã... Me deseje sorte.

- Boa sorte! -Max diz esfregando a toalha nos cabelos cacheados e escuros - Louis está na cama e pediu para você entrar.

Meu sobrinho Louis é meu admirador, ele morou quatro anos com minha mãe e dois desses anos comigo também, mas eu tive que ir para faculdade, deixando os dois sozinhos, mas sempre mantendo contato com ele. Não quero que ele me veja como sua mãe, quero que ele me veja como alguém que moverá montanhas por ele porque sabe que sua mãe faria isso!

Hoje, com sete anos, fazem três anos que ele mora com o pai e ele está feliz por eu morar por aqui agora, mesmo sendo um menino, precisa de uma figura feminina ao seu lado.

- Oi amor... -Entro no quarto rodeado de brinquedos de Louis - Precisa de mim?

- Você sabe que dia que é semana que vem? - Ele pergunta deitadinho em sua cama, com o cobertor até a altura do peito.

- Sim Louis, eu tenho calendário.

- Seria o aniversário da mamãe, né?!

- É... - Ele sabe que não gosto de falar sobre Beatrice, não sou forte o suficiente eu acho.

Max sempre diz a Louis para perguntar a ele sobre sua mãe, e não a mim, mas ele não entende o porquê pois é só uma criança curiosa querendo saber mais da pessoa que o colocou nesse mundo. Eu entendo ele, mas não posso, isso me deixa irritada, triste, não sei.

- Nós podíamos fazer um piquenique na praia como fazíamos na Austrália, o que acha? - Ele pergunta animado.

Nós três sempre passamos o aniversário de Beatrice juntos, até morando em países diferentes, mas agora é fácil pois moramos na mesma casa, por enquanto.

- O que você quiser, amor. Agora dorme um pouco, amanhã você tem um longo dia com a babá nova. - Lhe dou um beijo na testa e saio do seu quarto fechando a porta.

Por causa do trabalho, eu e Max não passamos a tarde em casa, então ele contratou uma babá que possa pegar Louis na escola e que fique com ele até um de nós dois chegarmos.

- O que ele queria? - Max me pergunta do sofá.

- Saber o que vamos fazer no aniversário de Beatrice. Ele deu a ideia de um piquenique na praia.

- Será que ele sabe que a mãe dele adorava piqueniques na praia?

- Ele não faz ideia o quanto ela amava... - Ando em direção ao meu quarto e vou fechando a porta lentamente - Boa noite, Max.

Ouço um "Boa noite" já com a porta fechada e deito em minha cama 'emprestada' super ansiosa para ver Ashton amanhã.

Ashton, meu irmão Ashton.

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Oii

Essa é minha primeira história então eu estou muito insegura com tudo.

Primeiro capítulo curto só pra vocês se contextualizarem com a história.

Espero que gostem pois darei meu melhor sempre <3

- Milly

KILL MY TIME - LrH/5sosOnde histórias criam vida. Descubra agora