Serpiente

3° Capítulo; Suspeita.

Pelo que parece esse tal detetive chega hoje, e pelo que meus cálculos dizem ele passará pela avenida, por que não dar uma volta à tarde? Pega um sol sabe, faz tempo que não saio.

Um passeio pela tarde enquanto espero, preparar um torta doce, maçã pra ser exato. Se não fosse costureiro eu provavelmente seria um cozinheiro. Coloco a travessa no forno e vou passear pela praça perto de casa. Amo a calmaria e a paz que essa parte da cidade.

Que ideia idiota, nem sei como esse detetive é, acho melhor eu dar meia volta e desfrutar da torta quando a mesma estiver pronta. Dou meia volta e acabo por esbarrar em alguém.

— Oh, sinto muito! — Me desculpei, mas ao olhar para cima — Karma? — Arregalo os olhos sorrindo.

— Nagisa, quanto tempo! — Diz sorrindo, ele não mudou nada durante esses anos — Você não mudou nada! Talvez tenha crescido um pouco! — Riu ao terminar de falar.

— Ei! Você que cresceu demais! — Digo revoltado, quem ele pensa que é?!

— Como você vai? — Perguntou.

— Bem, e você? — Pergunto de volta.

Faz alguns anos que não o vejo, ele foi para fora do país, estudar fora e essas coisas. Acabamos que perdemos contato.

— Até agora sim, já que encontrei você — Disse rindo no final.

— Idiota — O acompanho na risada — Mas o que faz aqui? Achava que iria continuar por lá... — Digo levando o dedo indicador abaixo dos lábios inferiores.

— Fui notificado a comparecer aqui, disseram que anda rolando homicídios... — Disse como se confidencia-se algo.

— Oh, venho sabendo disso, é triste o que está acontecendo — Digo tristemente como se eu não fosse o causador disso — Mas mudando de assunto, não gostaria de ir lá em casa? Estava fazendo uma torta de maçã! Gostaria de um pedaço? — Convido.

— Eu adoraria, seria bom conversar mais com você Nagisa — Diz se pondo ao meu lado e me acompanhando.

[...]

— Isso está com um gosto ótimo, lembro da última vez que comi uma comida sua, e parece que você melhorou muito! — Elogiou e senti minhas bochechas esquentarem. É bom tê-lo por perto, faz quanto tempo que eu não me sinto assim?

— Obrigado!

— Você se mudou? Achava que ainda morava com a dona Hiromi — Perguntou.

— Sim, quando me casei — Sou interrompido.

— Você casou?! — afirmo com a cabeça — Ele não vai se incomodar por eu estar aqui?

— Não precisa se preocupar, infelizmente ele veio a óbito — Digo tristemente, com um olhar melancólico.

— Meus pêsames...

— Tudo bem, aos poucos estou me recuperando... — Digo — hmm, e você, casou? — Pergunto realmente curioso, aliás sempre fui.

— Ainda não — Sorriu.

— Esperando pela pessoa certa, senhor Karma? — Digo em tom de brincadeira.

— Claro! — diz entrando na brincadeira.

— E você acha que vai encontrar aqui? — Pergunto, continuando.

— Claro, por que você não me diz? — Diz com um sorriso galanteador.

— Não seja idiota — Digo rindo, sentia falta dessas brincadeira.

Continuamos a conversa, mas infelizmente ele teve que ir. Bem, ele sabe onde eu moro, e disse que poderia me visitar quando ele quisesse. Vai ser um pouco difícil, sei que ele não desiste fácil... Bem que eu deveria ter suspeitado que ele viraria detetive, sempre foi curioso ao ponto de descobrir muitas coisas. Ele vai me dar trabalho, mas não acho que suspeitariam de mim.

[...]

As visitas de Karma têm sido constantes, ele vem sempre que termina seu trabalho, passa um tempo ou até mesmo janta aqui, diz que nenhuma comida se compara a minha, e tenho que concordar. Me sinto diferente, como me sentia quando éramos pequenos, não sabia exatamente o que era, mas agora tenho uma ideia do que é. Mas tenho que deixar isso de lado, tenho coisas que preciso botar em primeiro. Ele parece estranho, acho que ele suspeita de algo, dá pra saber pelo seu olhar. Será...?

Não, de qualquer forma eu não deixo pista, além da serpente.