4° Capítulo; Sentimentos.

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Já escureceu faz um tempo, e ele ainda está aqui. Normalmente ele sai antes das 18:00 mas hoje foi diferente, acho que nos perdemos nas conversas. E não acho que ele sairá agora, começou a chover e ela está aumentando rapidamente, noite com chuva e trovoadas.

— Não acho que conseguirei sair nesse temporal — Disse.

— Não mesmo, e nem permitiria, do jeito que você é cabeça dura iria se adoecer — Digo rindo um pouco com sua cara emburrada — Vou arrumar um quarto para você, não acho que essa chuva acabará cedo. Acho que tem algumas roupas que posso te emprestar, só não sei se caberiam.

— Agradeço. E não precisa se preocupar — Diz.

Subo as escadas e vou no meu quarto, pego algumas mudas do falecido, umas maiores e largas, Karma é maior e mais forte que ele. Ando até o quarto que é ao lado do meu, e entro no mesmo colocando as mudas na cabeceira. O ruivo entra, com um olhar indiferente. Vou até um armário que tem no quarto e pego lençóis grossos, a noite parece que vai ser fria.

— Algo de errado, Karma? — Pergunto enquanto ajeito os lençóis na cama.

— Você se lembra de quando ficamos no bosque perto da sua casa? — Afirmo com a cabeça ainda de costas — Você costumava desenhar isso — Joga alguns cartões na cama, travo mas logo volto ao normal, pego um deles e contorno o desenho com os dedos.

— Ah sim, eu lembro, foi quando encontramos uma por perto — Digo — Não entendi, pensei ter perdido...Você guardou?

— Não se faça de inocente Nagisa, você só mostrava seus desenhos a mim — Disse e eu travei, droga, estava tão absorto a passar um tempo com ele que acabei esquecendo desse detalhe — Não acho que vou esquecer de algo que você só desenhava.

- Tem certeza que não é só uma coincidência? É uma acusação pesada Karma — Digo ainda de costas, não acho que vou conseguir encará-lo.

— Seria muita coincidência o assassino usar um de seus desenhos Nagisa — Disse — Seja sincero comigo, você realmente está por trás desses assassinatos?

Não digo nada, não acho que pensei nisso e mesmo se pensasse acho que ainda suspeitariam de mim. E recorreria a um assassinato em que sujaria minhas mãos com sangue ainda quente. Algo que aprendi a usar foi uma faca pequena porém pontuda escondida na manga da blusa, claramente segura para mim, sem sequer ter a chance de me cortar. Disfarçadamente a posiciono. Sinto certa aproximação. Sinto muito Karma, mas é por um bem maior. Ao me virar para atacá-lo, sou desarmado, me derrubando e prensando na cama.

— Me solta — Digo o olhando sério.

— Deveria? Você tentou me matar — Diz com um olhar cinico — Você me mataria Na-gi-sa?

Não digo nada e continuo a encarar — Se for preciso... — Digo friamente.

— Que cruel! — Diz, ele realmente está se divertindo com isso? Às vezes acho que ele não bate bem na cabeça — Por que você matou eles, Nagisa? — Perguntou sério.

— Você muda bem rápido de humor não? — Digo.

— Não tente mudar de assunto — Diz me apertando mais.

— Mudanças.

— Mudanças? E quais seriam essas? — Perguntou, o aperto se afrouxou mais, interessante.

— Direitos eu diria, quero igualdade Karma — Contínuo — Acha mesmo que gosto de viver assim? Com um futuro que nem mesmo posso opinar? — Pergunto.

— Não, não acho — Em um momento consigo o empurrar e o prendo — Que força — Rir

— Não deveria rir — Digo vendo seu sorriso aumentar mais — Você não bate bem da cabeça.

SerpienteOnde histórias criam vida. Descubra agora