POV - Narrador
A passos largos e firmes, Miranda seguiu pelo corredor no prédio e logo alcançou o elevador. Acionou o botão que o chamava e esperou, impacientemente. Sentia sua vista começar a ficar embaçada e então sentiu as lágrimas correrem soltas e intensas por seu rosto. As portas metálicas abriram e a editora adentrou o cubículo. A descida não era longa, mas naquele dia, pareceu durar uma eternidade. Impulsionada pela dor que tomava seu peito, a editora encostou seu corpo na parede de fundo do elevador e abaixou a cabeça, deixando que as lágrimas lhe fizessem companhia. O barulho característico das portas se abrindo lhe arrancou do abismo que estava indo em direção e não demorou mais que meio minuto para sair da caixa de metal. Passou pela recepção sem olhar para os lados ou responder o porteiro que, gentilmente, lhe perguntou se estava tudo bem. Alcançou a calçada e o carro, o adentrando rapidamente e se entregando a tudo que gritava em si. Agradeceu por Cate estar ali, pois se estivesse sozinha, não saberia como dirigir naquela situação. O caminho foi silencioso e doloroso, Priestly sentia seu peito afundar cada vez mais.
Chegaram na mansão um pouco mais de quarenta minutos depois da editora entrar no carro. Caminharam, ainda em silêncio, até a entrada da casa. Cate imaginava o que poderia ter acontecido para sua amiga estar daquela forma, tão abatida e inconsolável. Alcançaram o pé da escada e puderam ouvir os passos apressados das gêmeas se aproximando. Sandra veio logo atrás.
— Mamãe! — Cassidy foi a primeira a notar a presença da Priestly mais velha e a recebeu com um abraço apertado.
— Olá, meu amor! — a editora retribuiu o abraço de sua caçula e suspirou.
— O que houve, mamãe? — Caroline, observadora como a mãe, questionou notando os olhos avermelhados que Miranda ainda carregava.
— Não houve nada, meu bem! — sorriu fraco ao responder.
— A senhora está assim por causa da conversa com a Andy — afirmou — Não foi como a senhora esperava? — falou Caroline.
— Não, querida! Foi exatamente como eu esperava que fosse.
— Então por que a senhora tá chorando? — perguntou Cassidy, fazendo a mãe perceber que as lágrimas ainda escorriam por seu rosto.
— Eu… — perdeu a voz.
— O que acham de deixarmos a Miranda tomar um banho e depois conversarmos com ela? — Sandra usou seu tom mais leve, porém mais sério.
— Tudo bem! — responderam juntas e Priestly lançou um olhar agradecido para Bullock — Não fica triste, mamãe! Ela vai voltar! — Caroline falou, fazendo a editora engolir em seco e subir as escadas apressadamente. As ruivas, mesmo curiosas, voltaram para a sala. Iriam esperar sua mãe voltar para conversarem.
— O que houve? — Bullock questionou baixo.
— Eu não sei! — Cate respondeu em meio a um suspiro — Ela saiu do prédio assim já, chorando e não falou nada durante todo o caminho.
— Você acha que a Andréa pode ter mandado ela embora ou dito que era tarde demais?
— Não, com certeza não. Aquela garota ama Miranda num nível absurdo, é notável. Ela não faria isso, não ainda.
— Então o que acha que pode ter acontecido?
— Eu não faço ideia, mas vou descobrir — olhou em direção às escadas e voltou o olhar para sua noiva — Você…
— Eu fico de olho nas gêmeas, pode deixar — sorriu.
— Obrigada! — deixou um beijo casto nos lábios de Sandra e subiu a escada de dois em dois degraus. Alcançou o quarto de Miranda e o adentrou, sem avisar que o estava fazendo. O barulho do chuveiro chamou sua atenção para o banheiro. Foi até lá, com a intenção de entrar, mas ao forçar a maçaneta, percebeu que estava trancada — Miranda, abre a porta! — falou calma, mas não obteve nenhuma resposta. Ouviu um barulho incomum vindo de dentro do banheiro e pôde sentir seu coração parar por alguns segundos — Miranda, abre essa porta! — falou um pouco mais alto e bateu algumas vezes na madeira. A falta de resposta estava lhe deixando cada vez mais tensa. Sabia que sua amiga não era mais a mesma do passado, mas aquelas cenas jamais sairiam de sua mente e o medo de uma possível segunda vez, a fazia tremer — Eu juro por Deus que se você não abrir essa porta, Miranda, eu vou arrombar ela — silêncio. A loira deu alguns passos pelo quarto, sentindo toda a tensão e adrenalina tomando conta do seu corpo. Tomou distância da porta e pegou impulso, pronta para cumprir com o que tinha dito, mas antes de alcançá-la, viu sua amiga abrindo-a e parou bruscamente seu corpo. Se olharam por alguns instantes, enquanto Cate soltava o ar preso nos pulmões, deixando sua respiração desregulada.
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Leather Lady
FanfictionDesde o dia em que Andrea Sachs colocou os pés nos corredores da Runway, Miranda sentiu que havia algo diferente na garota. Não saberia dizer se isso se devia ao fato dela demonstrar, sem nenhum receio, que não entendia e muito menos se importava co...