Tive dificuldade em me escutar falando aquelas palavras ao Logan, eu estava prestes a mudar completamente a minha vida em prol da minha família.
— Eu decidi aceitar a proposta dos meus pais — Falei.
— Mas você não pode aceitar, Cara — Disse Logan, preocupado.
— Eu tenho que aceitar, não é só a minha vida que está em jogo, mas a da minha mãe também — Fiz uma pausa preocupado — Quando meu pai morrer, toda a herança será dividida para os filhos homens, com isso, minha mãe fica sem nada. — mais uma pausa — Portanto, não posso deixar que ela fique a esmo, muito menos que a empresa do meu pai fique nas mãos erradas. Eu sei que vou perder tudo que conquistei, mas pense comigo, uma vez dono disso tudo, eu poderei ser o que eu quiser também, pelo menos nas horas vagas.
— Você vai abandonar a medicina?
— Por ora, mas até que o hospital comunitário esteja pronto. Esse é o meu maior projeto, você sabe. É por ele que estou aqui.
— Então, quer dizer, que com a morte do seu pai, você receberá o ducado?
— Provavelmente, e junto ao título também virá uma grande responsabilidade.
— Você tem certeza da sua decisão? - Perguntou Logan
— Certeza? Nesse mundo de ilusões a única certeza que tenho é do quanto a humanidade ainda pode ser cruel, a única certeza que me resta é de que homens como nós, nasceram privilegiados, enquanto nossos semelhantes, estão sofrendo o pacto feito pelo nosso próprio ego. Se for para proteger minha família do caos, eu serei exatamente o que devo ser.
— Tudo bem então. Estarei ao seu lado, você sabe.
— Eu sei, você me deve.Gargalhamos e ficamos mais um tempo por ali, olhando para o nada, ainda com o coração nas mãos.
Quando contei aos meus pais o que havia decidido, de fato, eles ficaram contidos a uma felicidade espantosa. Eu sabia que aquela decisão era a correta, mesmo naquele momento, não sentindo. Meu pai havia contado da doença a Pietro, que casaria em poucas semanas, estava tudo sendo organizado para o seu casório no campo por trás da minha casa, as plantas foram aparadas, o capim cortado e tudo que deveria ser feito até a celebração. Minha mãe havia colocado todos os criados à disposição da festa, todos os dias tinham provas do banquete, bolos e docinhos, tudo o que uma festa de casamento cisariana precisava para acontecer. No entanto, a notícia da doença do meu pai abalou muito o meu irmão, ele parecia estar completamente desolado. De todos nós, ele era o mais apegado ao meu pai em termos emocionais. Seria um pouco difícil para Pietro morar em sua própria casa com sua esposa, ele continuaria trabalhando na empresa, mas sem as asas do meu pai para protegê-lo. Ele era o mais afetado emotivamente, e eu sofri ao vê-lo sofrer, acho que isso é família.
Meu pai decidiu, por fim, contar ao Ferdinando e a Johanna quando eles viessem a Cisar para o casório, era tudo muito difícil para o senhor Ossory, mas eu enxergava muito de sua força, até mesmo da força que a minha mãe o entregava. Mesmo sem entender nada sobre o amor, tudo o que eu via nos meus pais, era a mais completa essência desse sentimento tão ínvio.
Poucos dias se passaram até que minha mãe colocasse a primeira pretendente a minha frente. Era difícil para mim, agora, ter que trocar horas em uma sala de cirurgia por horas em salas de reuniões administrativas e conversas com pais de meninas tão jovens. A primeira candidata era uma moça que estava quase atingindo a maioridade, segundo meus pais, essas seriam as primeiras da lista, eu deveria me casar o mais rápido possível. Mas embora ela tivesse a idade adequada, ela não era de uma família tão rica quanto a nossa. O grande e principal problema da sociedade ziemiana era sua discrepância em juntar duas famílias tão igualmente ricas, o que muitas vezes caía sobre os ombros dos filhos que iriam herdar todo aquele patrimônio um dia. Em três dias, conheci cinco meninas, todas com idades parecidas, prestes a atingir a maioridade, embora a primeira fosse descartada por minha mãe, as outras quatro foram descartadas por mim. Era difícil usar termos como descarte, ou até mesmo olhar para aquelas meninas de forma que pareciam produtos a serem vendidos, eu odiava toda aquela situação, mas também sabia que, infelizmente, aquilo era necessário. Sonhava com o dia em que as pessoas pudessem ser livres das leis que impediam esse país de prosperar.
Embora todas aquelas meninas fossem bonitas, eu não senti nada quando as vi, isso porque, mesmo sendo quem sou, eu esperaria sentir algo a mais por uma delas, mas nada aconteceu. Mesmo que muitas famílias se negavam a prometer suas filhas a um médico cirurgião, outras, que tinham filhas sem prometidos e quase atingindo a maioridade, se desesperavam para conseguir encontrar bons pretendentes naquela altura do campeonato. Mas, mesmo não tendo muitas opções, eu realmente queria sentir algo que me fizesse perceber que aquela seria a pessoa que, eventualmente, eu viesse a amar. Mas eram meninas assustadas, criadas em meio a doutrinas aos quais eu não concordava, meninas que buscavam em primeira mão, serem boas esposas, como a lei dizia, mas por incrível que pareça, eu queria mais, eu queria uma mulher livre, queria alguém que fosse além das coisas que impusesse, eu sentia a necessidade de uma parceira, não de uma esposa, eu esperava tudo o que nenhum homem deveria esperar de uma cônjuge: Personalidade, independência e autonomia.
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Uma esposa para Lorenzo Ossory - Livro 2
Romance[EM ANDAMENTO] O que você faria se fosse obrigado a deixar tudo que havia conquistado para trás, para ter a responsabilidade de gerir uma empresa em seu pais natal, o qual você nunca mais queria voltar? O que você faria se sua maior esperança, no pr...