Viagem

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Minseok despertou com um balanço suave. Antes de abrir os olhos soube que não estava mais em chão firme. Ele acordou para se ver no banco de trás de um carro grande e confortável cujo assento era recoberto de couro. O cinto de segurança o mantinha seguro, mas sentir que estava se deslocando foi alarmante.

Por alguns segundos ficou desnorteado, até se dar conta que não estava em uma situação normal, aquele não era seu carro e ele tinha desmaiado de dor e não dormido porque quis.

Tocou o seu pescoço por reflexo ao sentir que não havia mais o peso e por mais alguns segundos se perguntou como aquilo foi tirado de si:

— Pete destruiu aquela argola - A voz masculina praticamente puxou seus olhos para o motorista. Era o homem dos olhos negros. Seu olhar sério pousava sobre ele através do retrovisor. Ao seu lado o modelo da vogue, parecia dormir. O motorista seguiu seu olhar – Pete caiu no sono a menos de meia hora. Ele tentou ficar acordado para você, mas já estava insone há dois dias.

Seok não respondeu, com o canto dos olhos viu a trava nas portas, o que revelava que estava trancado no carro deles. Queria correr, mas sabia que no momento era impossível. A perna ainda doía, mas não tanto.

Entretanto não sabia se estava em condições de fugir como fez antes.

Suspirando, tentou se acalmar, relaxar não estava em sua lista do dia, mas não podia fazer quase nada dessa vez. Viu-se vestido em roupas desconhecidas, estava em um carro em alta velocidade e pelo que podia ver em uma rodovia em pleno sol a pino mesmo em um carro com o vidro mais escuro que já tinha visto, o fazendo pensar se não eram de fato bandidos, pois sabia que era ilegal no país ter aquele tipo de vidro fumê. Se pudesse enxergar trinta por cento do lado de fora era muito.

Ele estava sendo raptado? Era isso?

— Aonde estamos indo?

Perguntou tentando não soar assustado. Aquela desculpa que deram antes era ridícula e o medo de estar voltando para a casa de submissos ilegais e para um possível cárcere privado o punha frio, aterrorizado.

Não sabia o que pensar, mas aquilo era o mais lógico. Sentia menos dor e sentia que sua pele estava coberta por algum tipo de pomada viscosa, se sentia constrangido e assustado por saber que um deles o tinham banhado e tocado seu corpo, entretanto, estava se sentindo muito melhor, o que não condizia com atitudes de algum tipo de sequestro do mal.

Soava mais como resgate por dinheiro.

E dinheiro, não faltava para aquela gente que o comprou, aquele monstro que o enganou tão bem... Não diria nada se o seu ex também não tinha dedo naquilo.

— Minseok? Você está me ouvindo?

A voz do motorista o sacudiu para o mundo real e Seok balançou a cabeça negando.

—Desculpe, eu...

E então se calou, não ia pedir desculpas a um criminoso!

— Bem, como eu dizia, estamos indo para o norte do país, para o lar de um amigo nosso, onde poderá se recuperar com calma...

— Norte?

Interrompeu-o tenso.

— Sim, é um bom lugar, nunca estive pessoalmente lá, mas meu irmão mais velho Tin já esteve. É um lugar tranquilo e o dono é amigo antigo do meu irmão.

A voz dele soou quase divertida, quase. Seok não conseguiu saber se era verdade ou não.

— Você sabe como isso tudo soa falso, não é? Pode acreditar que sou idiota, mas não sou. Tenha educação e respeite meu cérebro, diga se estou sendo sequestrado ou não, meu ex pagou a vocês para me levarem de volta ou foi àquela casa maldita? Ou ridiculamente é apenas uma infeliz coincidência me encontrarem dentro de um carro atacado por cães em uma estrada no meio do nada? Ou ainda pior, vocês são algum tipo estranho de traficantes de órgãos e estão me mantendo em cárcere por algum motivo confuso que não posso entender?

Contrato ilícitoOnde histórias criam vida. Descubra agora