Contrato ilícito

Corrida

  Minseok não entendeu direito o porquê do estranho e os três dos irmãos se afastarem, mas por fim ficou apenas ele e Pete ali. O maior entrou no carro e se sentou ao seu lado bufando de certa forma fofa que acabou fazendo ele revirar os olhos.

Por que ele lhe dava aquela sensação de tranquilidade quando não deveria?

— Você me tranquiliza e isso me irrita!

Disse do nada, o outro o olhou de canto e acabou sorrindo pequeno:

— Sou um ômega, Minseok, essa é meio que minha tarefa no mundo.

— Ômega? Isso é algum codinome da sua gangue?

Ele riu e negou, então se voltou para ele meio que se deitando de lado no encosto do carro.

— Meu irmão já lhe disse, não somos humanos, somos lycans, uma raça que tem três formas, uma humana, outra hibrida, e uma forma de lobo bem maior e com mais longevidade. Eu sei, parecer absurdo, mas não é. Há ainda os meio-lycans e são eles que deram origem as lendas que o seu mundo conhecesse sobre lobisomens. Eu te irrito porque tenho um perfume, feromônios únicos que além de fazer qualquer raça reconhecer a mim como algo a se proteger, ainda provoca atração caso a minha natureza esteja em risco, é um "dom" de ômegas, seja qual raça for, nossos feromônios não são apenas sexuais, é uma genética adaptada. No passado ômegas sofreram muito então houve um rei que instaurou a proteção absoluta da minha sub-raça. E isso se estendeu a todas as outras raças, ou seja, fazer mal a um ômega virou pena de morte. Lógico que temos o submundo, temos bandidos que não seguem as regras, mas no geral melhorou bem. Eu sou um ômega que fui treinado também, de certa forma isso me diferencia, meus irmãos me treinaram como um beta, nossa matilha me tem como um líder secundário e eu não sou um submisso, ou passivo como vocês diriam em sua cultura. Ao menos nunca me senti atraído por sexo, isso me causou muitos problemas, ainda bem que sou ômega, temos regalias...

Ele terminou rindo baixo e Minseok ofegou, não entendia metade do que ele disse, mas ficou um pouco chocado pela beleza dele que parecia cada vez mais crescer aos seus olhos. E a voz suave também mexia com sua mente de forma que acabou se afastando o que pode dele no espaço pequeno do banco traseiro:

— Eu não vou cair nesse truque!

Pete suspirou e fechou os olhos se afastando também ao ponto de que em segundos cada um estava quase grudado a uma porta de lado oposto:

— Jamais tocaríamos em você sem permissão, nunca, eu sei que não acredita, mas é a verdade, Tin exagerou naquela conversa estúpida. Eu podia dar a desculpa que ele é um alfa grosso, mas ele não é, é um bom líder, um bom guia, um homem íntegro. Mas tem a paciência de um urso. Não, tem a paciência de um demônio do fogo.

Minseok queria mandar ele parar de falar de fantasia como se fosse tudo real, mas não teve tempo.

Um baque na sua porta o fez saltar de medo e instintivamente pulou para o colo de Pete que o abraçou colocando-o no chão do carro e o cobrindo com o próprio corpo. Tudo em menos de um segundo. Então ouviu uivos, rosnados, barulhos de metal retorcendo ou algo assim e então terminou.

Seu coração estava a milhão, sua boca seca e seu corpo tremulo. Percebeu que Pete tinha colocado uma mão debaixo do seu peito para não encostar completamente no chão do carro, um cuidado que o surpreendeu.

Então a porta do seu carro se abriu, a que foi deformada sabe deus pelo que, e ele ergueu os olhos ainda debaixo de Pete para ver um Can nu, com a pele manchada de vermelho em quase tudo e olhos brilhantes.

— O tempo acabou Lelan, temos que correr.

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