Capítulo 2

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— Como é que eu vou saber que você não está me levando pra uma floresta pra me matar? — pergunto, enquanto Yarin gira o volante do carro.

Depois de comermos a barca cheia de chocolate e diabetes, Yarin insistiu em me levar em um lugar, não sei qual é mas, depois de recitar a lista de 11 Coisas Pra Não Fazer Com Meu Precioso Carro, entreguei a chave a ela, e agora subimos por uma estrada de terra fora das convencionais ruas da cidade.

— Isso você só vai saber na hora. — ela responde com um sorriso no rosto, mantendo os olhos na estrada iluminada pelos faróis — Ou melhor dizendo, agora! — ela olha pra mim e dá um sorriso ao mesmo tempo em que pisa no freio do carro.

Ela sai do automóvel e se senta no capô da frente, me chamando com a mão quando percebe que ainda estou sentado no banco. Respiro fundo e abro a porta, pensando no porque ela me trouxe no meio do nada.

— É lindo não é? — ela diz e eu observo o local.

Daqui de cima, dá pra ver toda a cidade e as luzes das casas parecem estrelas com a escuridão. Ao nosso redor, algumas árvores soltam suas folhas com a ajuda do vento, mas mais parece um campo por todo o nosso redor, alguns cactos ao longe e pequenas colinas. Acima de nossas cabeças as verdadeiras estrelas queimam, brilhando na escuridão do céu escuro.

— Realmente. Como descobriu esse lugar? — pergunto, observando as luzes da cidade.

— Sei lá, faz tanto tempo. — ela dá de ombros e aponta para algum lugar da cidade. — Olha só o parque. — sigo seu dedo e vejo o parque em que trabalho brilhando perto da praia.

As luzes coloridas trazem um ar um tanto mágico para a paisagem. A Roda Gigante, o Chapéu Mexicano e a Montanha Russa se avantajando em meio ao resto dos brinquedos, as crianças e adolescentes aproveitando as férias.

— Não quero nem olhar pra lá, vou ter que voltar a trabalhar amanhã. — digo. Não gosto muito de trabalhar ali, o Sr. Davenport, o dono do parque, explora os trabalhadores e paga um salário muito baixo, só trabalho ali porque não encontrei coisa melhor.

— Deve ser muito legal. Toda a animação das crianças. — ela diz sorrindo e observando as luzes.

— E os gritos, o calor, os vômitos… — digo descontraído, arregalando os olhos pra ela, que solta uma risada.

Um vento forte sopra acima daquela colina, fazendo seus cabelos dourados voarem sobre seu rosto. Sem perceber, levo minha mão a uma das mechas soltas e coloco atrás de sua orelha.
Seus olhos azuis me olham com o movimento e ela se vira pra mim, ficando frente a frente comigo, movo meu dedo de trás de sua orelha para seu queixo e vejo seus lábios se entreabrir, tomando aquilo como uma permissão para me aproximar, coloco minha outra mão em sua cintura e me aproximo. Tendo que curvar as costas para alcançar sua boca, já que ela é baixinha e eu tenho 1,93 metro de altura. O coração se acelerando como sempre, mesmo não sendo a primeira vez que encosto a minha boca na de outra pessoa.

Estou quase tocando a sua boca com a minha quando ela diz:

— O que é aquilo? — Yarin me empurra da sua frente, dando alguns passos e eu respiro fundo, frustrado, logo depois me virando e olhando para onde ela está apontando, vendo algo estranho caindo do céu, não muito longe da gente.

Paro ao lado dela, observando a coisa que parece estar pegando fogo. A frustração de ter interrompido nosso quase beijo sendo substituído por confusão.

Parece ser um meteoro, mas se fosse aposto que estaria estampado em todos os jornais e teria um monte de gente ao redor, esperando para ver uma estrela caindo diretamente do céu. Por que os humanos são assim, eles vêem o perigo e querem correr atrás dele.

Entre Estrelas e PlanetasOnde histórias criam vida. Descubra agora