29 - Segredos de um ninja

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Estava escuro, muito escuro e barulhento. Não era um barulho qualquer, eram gemidos, de dor e agonia. O barulho não combinava com o sonho calmo e silencioso que se passava ao seu redor. Quando Kizashe finalmente acordou, e a sonolência não tinha mais influência sobre seus sentidos, ele abriu os olhos e de cara viu uma silhueta enorme a sua frente de costas para a porta de vidro da varanda, arregalou os olhos e exclamou algo assustado e imóvel, porém os gemidos de sua esposa o tiraram do transe de medo na mesma hora, ela estava agonizando na cama ao seu lado, seu pijama branco estava machado no abdômen. Sangue, mesmo no escuro ele podia ver seu sangue em vermelho vivo manchar a peça branca. Ela sangrava intensamente e com as mãos apertava a região hemorrágica, sem saber o que fazer enquanto arquejava e tossia de dor.

O Haruno voltou a encarar a silhueta enorme e deformada, a única coisa que podia ver claramente eram dois pontos amarelos no topo do corpo, provavelmente eram seus olhos, refletiam maldade e terror, uma felicidade carniceira que amava a desgraçada e a desordem, e seu sorriso perverso, de regozijo diante do desespero de suas presas. Podia sentir perfeitamente sua sede de sangue e o desejo por terror, a sensação fria fez sua espinha arrepiar e o medo o deixou mudo.

Mesmo que estivesse aterrorizado, Kizashe tinha que fazer alguma coisa para salvar sua mulher, ela estava sangrando muito enquanto reclamava de dor, e para ajudá-la, ele tinha que enfrentar quem quer que fosse a pessoa a sua frente, se é que aquilo era uma pessoa, dada sua forma esquisita e disforme. Porém quando ele se sentou sobre a cama num movimento rápido, sentiu uma dor aguda em sua barriga antes de seu pé tocar o chão gélido, olhou para baixo e lá estava uma kunai, fincada profundamente em sua pele, sangue começava a escorrer e pingar ao longo da kunai, que tinha sido enfiada na diagonal. Ele começou a tocir imediatamente, fechando os olhos, sentia o gosto metálico de sangue se fazer presente em sua boca, suas forças estavam desaparecendo assim como suas esperanças, não ia conseguir fazer nada, não era forte o suficiente para isso.

Quando abriu os olhos, na pausa da tosse persistente, levantou a cabeça temeroso porém a silhueta monstruosa não estava mais em pé a sua frente, ainda virou a cabeça em várias direções procurando-a, mas não a encontrou, não estava mais presente no quarto espaçoso. Mebuki ficou silenciosa de repente, e notando isso, o homem dirigiu seus olhos para ela mais preocupado do que já estava, a mulher tinha desmaiado, seu braço escorregou para fora da cama dada a falta de consciência. Desesperado, ele se levantou cambaleando, a dor fazia com que suas pernas não se movessem como ele queria, a ferida era extremamente incomoda e intensa, porém felizmente ele conseguiu se mover até onde queria, abriu a porta de vidro da varanda arfando penoso, seu corpo pesava, e se preparou para gritar.

"SOCORRO!!"- gritou a plenos pulmões, sentindo a dor se intensificar. Aquela era a forma mais rápida de pedir ajuda, não ia correr o risco de sair de casa e deixar Mebuki sozinha sem proteção, embora ele não fosse capaz de fazer muita coisa devido suas poucas habilidades e capacidades limitadas.

Kizashe olhou rapidamente para trás, para ter certeza de que seu agressor não tinha voltado para tentar contra sua vida e a de sua mulher pela segunda vez, e quando viu apenas sua esposa desmaiada e sangrando sobre a cama virou o rosto para a rua sem movimento.

"POR FAVOR, ALGUÉ..."- a tosse voltou impedindo-o de gritar, ele cambaleou para o lado e só não caiu da varanda graças a grade de segurança da mesma, não precisava se olhar no espelho para saber que mais sangue saia por sua boca, já que podia vê-lo pingar abaixo de si e sentir o gosto amargoso e forte.-"AJUD-"- tentou gritar novamente, impaciente e afobado, mas era difícil quando seu interior ardia de dor, parecia que seu corpo estava se desfazendo de dentro para fora, sequer tinha forças para puxar a kunai para fora de seu abdômen, sempre que se forçava a falar ou tossia, sentia a ponta afiada cortar seu interior.

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