O Segundo Primeiro Encontro

465 63 12
                                    

Comentem e votem caso gostem!
_____________

O Segundo Primeiro Encontro

-> Quando o Garoto de Azul encontrou o Garoto de Verde pela primeira vez, o Garoto de Verde o encontrava pela segunda vez. Alheios a isso, eles estavam tendo seu segundo primeiro encontro. <-

[1898]

Escuridão. Essa era sua memória mais antiga, a primeira coisa a qual se lembrava.

Lua. É a segunda coisa da qual se lembrava. E com ela, claro, do Homem que lhe salvou.

Medo. Foi o primeiro sentimento que ele sentiu. A insegurança e a sensação de um vazio vieram logo depois.

O Homem disse para que ele não se preocupasse com tais trivialidades, disse que seu objetivo era algo maior que tudo aquilo. Quando lhe perguntou qual era seu destino, o Homem foi embora e nada mais disse.

A única coisa que ele sabia era seu próprio nome. Jack Frost. Pelo menos foi esse que o Homem da Lua lhe disse que era.

Jack ficou um tempo sozinho. Tentando se conhecer e se apresentar para si mesmo, ele descobriu várias coisas. Voar, criar neve e tempestades de gelo. Talvez aquela fosse a sua função, levar a neve para as pessoas. Levar a maior fonte de sua diversão para elas. Ele mal podia esperar para mostrar aquilo para todos.

Depois de mais um tempo, ele se frustrou com mais descobertas.

Ele nunca foi visto por ninguém. Nenhuma de suas palavras, sussurradas ou gritadas, foram ouvidas. Jamais descobriu o que era ser tocado por alguém, todos atravessavam por ele. Era como se não estivesse lá, como se não existisse.

Em alguns momentos ele duvidava de sua existência. Esse era um daqueles momentos.

Jack Frost levou neve para Ottawa, capital do famoso Canadá. A cidade estava belíssima toda pintada de branco. Crianças fazendo bonecos de neve e andando de trenós. Adultos parando sua trajetória para o trabalho, para jogarem "guerra de bolas de neve". Todos estavam tão leves, mesmo com todo aquele frio, sendo obrigados a se agasalharem dos pés à cabeça.

Todos estavam gratos pela neve. Ninguém estava grato a Jack, pois ninguém sabia que ele era o responsável.

O rapaz estava frustrado faziam mais de cento e cinquenta anos que ele vivia daquela forma. Em plena e obscura solidão. Sempre fazendo de tudo para ser notado, mas nunca obtendo resultados.

Ele fora salvo apenas para ser ignorado pelo mundo daquela forma? Para ser deixado de lado em todas as ocasiões? Não parecia justo. Não parecia certo.

Sua mente estava em constante caos. Ele não conseguia mais forçar um sorriso e se enganar todos os dias. Não conseguia mais ficar em meio das crianças, as contagiando par entrarem na brincadeira. Se sentia patético quando fazia isso. Agarrado a um único fio de esperança, uma falsa esperança.

Sentado em um banco de madeira quase que inteiramente inundado de neve, ele se pôs a refletir. Tentava descobrir quem era, ou quem devia ser. O que tinha que fazer para se tornar marcante para os outros.

Passou quase todo o inverno canadense daquela forma: em puro desgaste emocional.

Foi quando ele apareceu.

Ele vestia um conjunto de roupas típicas de inverno, o tecido parecia ser grosso e quente. Um cachecol também estava enrolado em seu pescoço. E em conjunto com todo o visual, estava uma touca de crochê. Comum para aquela época do ano, mas o estranho era o fato de que tudo que ele vestia era na cor verde claro. Poderia até ser usado como ponto de encontro.

Garotos de Verde e Azul (Jack Frost X Peter Pan)Onde histórias criam vida. Descubra agora