Capítulo um - Emma Reid

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Inspira, respira

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Inspira, respira. Dará tudo certo.

Quando eu era criança, amava ver como meus pais se amavam, mesmo após tanto tempo de casados, ainda havia aquela chama acesa no olhar de ambos. Sempre ansiei por encontrar alguém que me olhasse daquele jeito. Tive o privilégio de conhecer minha alma gêmea, mas infelizmente, não estávamos destinados a ficarmos juntos. O balanço do carro me desperta dos pensamentos.

— ... Então veio um dragão e deixou o filhote na porta da minha casa.

— O quê? — Percebi que Jorge, meu namorado, estava falando comigo. E pela cara dele, fazia um tempo.

— Você não prestou atenção em nada do que disse, não é? — ele me encara

— Desculpa, estou com a cabeça longe. Presta atenção na estrada, ainda quero chegar viva — Volto a olhar pela janela.

— Percebi. — ele suspira impaciente — Olha, já estamos chegando, mais uma hora e meia, isso se não pegarmos mais trânsito daqui para frente. Eu realmente não entendi por quê...

— Cuidado! — Grito e Jorge para com o carro bruscamente á poucos centímetros de atropelar um cachorro na pista — mas que merda, Jorge! Presta atenção na estrada!

— Me desculpa ta legal? — ele está tenso com as mãos no volante — eu me distraí por alguns segundos...

— E quase matou um cachorro no processo! — o interrompo novamente.

— Estou exausto. Estou dirigindo desde às 04h35min da manhã para ir num lugar onde eu nem sei onde é! — ele explode de raiva.

— Eu não pedi para você vir, caso não se lembre. Apenas pedi seu carro emprestado. — encosto de novo no banco e tento relaxar o corpo.

— Até parece que eu ia deixar você sair com meu carro para o litoral. — ele desliga o carro e começa a massagear os próprios ombros.

— Nossa muito obrigada pela confiança, viu? — tento me lembra do motivo de ter começado a namorar ele — Está tudo bem seu eu sair de madrugada sozinha para sabe-se lá onde, sem previsão de volta, mas agora, pedir seu carro emprestado? Ah, isso não pode!

— Não foi isso que eu quis dizer. — ele continua com o semblante sério

— Foi exatamente isso o que quis dizer, agora sai do carro. — abro a porta do carro e dou a volta — anda da logo, Jorge. Sai do maldito do seu precioso carro e me deixa dirigir.

Espero ele sair e logo me arrumo no banco do motorista e passo o cinto, ele se arruma no banco do passageiro e dou partida. Aquele silêncio todo estava me matando, ligo o rádio e na hora reconheço a música. Vitor e Léo, melhor música impossível.

Dirijo até um posto de estrada com restaurante, estava morrendo de fome. O caminho até o posto foi silencioso, não tava a fim de brigar com o Jorge, não agora.

Antes de dizer adeus - Conto umOnde histórias criam vida. Descubra agora