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Capítulo 1

Minha vida nunca foi fácil. Devido aos acontecimentos de quando eu era mais nova acabei criando muitos traumas. Ansiedade, depressão, fobia social e TDAH são os problemas que mais me afetam. Tomo remédios controlados que foram indicados pela Dra. Marie - minha psicóloga -.
Passei a maior parte da minha infância em clinicas psiquiátricas, terapeutas, grupos de apoio, etc. Teve uma vez que minha avó insistiu para que eu fosse no retiro da igreja, disse que iria fazer bem para mim – vovó era muito religiosa. Mas mesmo sendo bastante cristã, ela adorava aprender sobre outras religiões -. Ela era a melhor pessoa que eu já conheci. Era minha melhor amiga - única amiga -.
Meu pai sempre vivia ocupado. Sempre “trabalhando a negócios “, como minha mãe gostava de dizer. Descobri que eles se divorciaram quando eu nasci. Talvez se eu não tivesse nascido eles ainda seriam aquele casal feliz.
Mamãe ainda guarda algumas coisas do meu pai em um cômodo que eu sou proibida de entrar, é em uma porta vermelha – a única porta colorida da casa -.
No meu aniversário de 10 anos ganhei um arco e flecha, por algum motivo o arco me trazia paz. Aquela sensação de atirar a flecha era a melhor coisa do mundo. Mas a alegria acabou no momento em que minha mãe decidiu tirar o arco de mim. Nunca soube o porquê, e todas as vezes que perguntava ela mudava de assunto. Dois anos depois consegui fazer com que ela me dissesse o que havia feito com ele. Ela o queimou.
Confesso que fiquei muito irritada com ela, eu tinha 14 anos e estava com os hormônios a flor da pele; na semana seguinte fui socada até meu nariz sangrar por uma dupla de garotas. E foi quando eu troquei de escola. A que eu estou agora. Ela é boa, não tenho amigos, mas pelo menos ninguém me incomoda.
Estou prestes a começar o segundo ano do ensino médio - minhas aulas começam amanhã - e completar 17 anos. Minha mãe quer que eu faça uma festa. UMA FESTA. Às vezes eu fico em dúvida se ela lembra dos meus problemas sociais...