|POV MARINA|
Eu não sei o que me deu na cabeça de achar mesmo que a Giovana iria no jantar, depois que eu fiquei nessa enrolação com ela. É mais que justo ela querer trocar meu jantar, para ir jantar com a bonitona lá.
- Mari! - péssima hora para encontrar Andressa.
- oi, Dessa. - ela caminha em minha direção, vindo do elevador.
- tá tudo bem? - odeio advogados, porque a leitura deles sobre as pessoas é rápida demais.
- estou, sim. - menti na cara dura. Estou tudo, menos bem.
- a Gio está na sala dela? - sim, e provavelmente, marcando um encontro para mais tarde.
- ela está, mas está acompanhada. Eu não quis incomodar. - explico.
- ah... - ela faz uma pausa. - precisava falar com ela também. - ela conta.
- daqui a pouco ela fica livre. - digo, mas minha voz sai mais fraca que o normal.
- você está bem mesmo? - seu tom é preocupado.
- é só uma dor de cabeça. - que tem o nome de Giovana Teixeira.
- por que você não vai para casa? Já está quase na hora de ir embora mesmo. - ela me incentiva.
- você tem razão. - encosto em seu braço delicadamente.
- qualquer coisa me liga, 'tá bom? - ela me dá um abraço rápido.
- 'tá bom. - dou um último sorriso, e ela parte andando pelo corredor. Andressa tem razão, talvez seja melhor eu ir para casa. Me aproximei de Andressa, mais do que com qualquer outra pessoa; exceto Giovana, claro. Andressa é incrível e tem uma alma leve, sabe? Difícil de achar pessoas assim ultimamente.|POV GIOVANA|
Estou terminando alguns afazeres, para poder ir embora e me preparar para o jantar com Marina. Meu celular apita, chamando minha atenção. É a Marina! Meu coração sempre acelera quando recebo mensagens dela.
Doutora Marina: Giovana, me desculpa. Vou ter que cancelar o jantar.
Não... Que merda!
Você: sem problemas. Marcamos para outro dia. Mas, está tudo bem?
Ela parecia animada para o jantar, e de repente mudou de ideia.
Doutora Marina: está. Me desculpa, mesmo.
Não sei porque, mas não acredito nisso.
Você: ok. Qualquer coisa me manda mensagem, tá?
Confesso que ela me deixou preocupada.
Doutora Marina: pode deixar.Marina não me convenceu com esse papo de que está tudo bem, mas se ela não quer falar, tudo bem. Deve ser algum mau estar.
- amiga? - Andressa aparece na porta de minha sala.
- oi, amiga. Entra. - faço um sinal com a mão, chamando ela para entrar e sentar-se.
- eu queria falar com você. Na verdade, 'tá mais para fofocar. - ela diz, brincalhona.
- qual a boa? - encosto minhas costas no escoro da cadeira, relaxando meu corpo nela.
- hoje eu estava vindo para minha sala e vi a Marina parada um pouco antes da sua sala... - ela gesticula, enquanto conta a história.
- e? - peço para ela dar continuidade.
- ela parecia querer falar com você, mas alguém estava impedindo ela. - eu não estou entendendo mais nada.
- Andressa, você é muito lerda. Conta de uma vez isso, mulher! - digo, arrancando uma careta dela.
- quando ela virou para mim, eu pude ver o semblante dela. Ela estava, como podemos dizer... - ela pensa em uma expressão para usar. - arrasada. Talvez um pouco decepcionada? - merda, merda, merda!
- que horas foi isso? - pergunto, já deduzindo o que deixou ela "decepcionada".
- por volta das 16h30min, eu acho. - quem estava comigo nessa hora? Isso aí, a doutora Camila.
- merda! - exclamo, fazendo Andressa me olhar confusa. - sabe a doutora Camila Fernandes? - pergunto, e Andressa faz cara de pensativa.
- lembro! Aquela gata é impossível de esquecer. - ela possui um sorriso malicioso, que me faz rir.
- ela veio aqui dar em cima de mim. - ao ouvir o que eu disse, Dessa abriu um sorriso grande.
- que safada! - ela ainda possui o tom de riso em sua voz. Eu apenas concordo com a cabeça. - o que você fez? - ela pergunta, curiosa.
- ela perguntou se eu queria jantar com ela hoje... - mexo na caneta em meus dedos. - e eu disse que já tinha compromisso. - o semblante de Andressa muda, tento, agora, características de inconformação. - não me olha com essa cara. - digo, me defendendo de seu olhar de julgamento.
- você perdeu a chance de pegar aquela gostosa! - ela grita, mas em sussurro. Solto o ar de meus pulmões, lembrando do porque de eu não aceitar ir no jantar. - eu deveria te dar uma coça, viu? - ela tenta me dar um tapa, mas falha.
- para caramba! - exclamo, e ela se ajeita na cadeira novamente.
- por que você não aceitou ir? - seu tom é mais calmo.
- eu tinha marcado com a Marina na casa dela, para jantar. - minha voz tem um pouco de desapontamento, mas de minha parte. Seria muita coincidência Marina cancelar depois de, provavelmente, ter ouvido o convite de Camila?
- merda! - Andressa exclama, me fazendo balançar positivamente a cabeça. - você tá achando, o que eu tô achando? - a frase dela é confusa, mas eu entendi.
- estou. - preciso falar com ela urgente.
- você precisa ir falar com ela. - parece que Andressa lê mentes.
- sabe se ela está na sala dela? - me levanto, esperando a resposta de Dessa.
- ela foi embora. Disse que estava com uma dor de cabeça, e eu aconselhei ela a ir para casa. Mas, eu vi que ela estava mentindo... - ela dá um leve sorriso. - não era dor de cabeça, era ciúmes. - ela solta uma risada depois da última frase, me fazendo rir também.
- a Mariana está me deixando confusa. - passo a mão pelo rosto.
- ela também deve estar. Você sabe como é a sensação de gostar de uma mulher pela primeira vez, ainda mais na situação dela. - seu tom é reconfortante, o que me acalma.
- vou pensar no que fazer. - me aproximo de minha amiga, que levanta da cadeira e me abraça.
- obrigada pelos conselhos. - digo, separando o abraço.
- estou sempre aqui. Eu e a Jaque vamos ser madrinhas do casamento, viu? Não vacile. - ela me abraça mais uma vez, rapidamente.
- você é meio doida. - falo, enquanto ela anda até a porta. Vira-se para mim e me mostra o dedo do meio. Sem educação, mesmo.
- doida e sem educação. Não sei o que a Jaque viu em você. - brinco com ela, que me olha séria.
- quer mesmo saber? - é melhor não.
- deixa quieto. - respondo, voltando para minha cadeira.
- não, tudo bem. Eu posso te mostrar. - ela insiste.
- não quero saber. - tampo os olhos com as mãos.
- se não sabe brincar, não aperta o play. - retiro as mãos, e posso ver ela parada na porta ainda.
- se manda daqui, Andressa! - jogo uma bola de papel nela, que saí correndo. Ela é muito doida, mas eu amo.
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Advogadas
FanficNa porta de um elevador, duas mulheres cruzam seus caminhos. Trabalhando no mesmo lugar, é impossível que as advogadas não questionem seus próprios sentimentos.