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Enquanto o Príncipe Lightwood disparava acelerado pelas portas em arco da Mansão - ou melhor, do Palácio -, com Jace e a Isabelle em seu encalço, Magnus praticamente desmoronou nos degraus de mármore lá fora. Clary o ajudava a se levantar com toda a delicadeza do mundo; afinal, ninguém sabia mais que ela como era sentir aquela dor. Uma dor lancinante, imperdoável. Era aterrorizante tudo o que ele estava sentindo... e com tanta intensidade. Podia jurar que estava sangrando, mas não. Parecia absolutamente bem... tinha que aprender a caminhar com normalidade, apesar de tudo isso.

— Ei, venha cá. Deixa que eu te ajudo...

Alec se aproximou rapidamente e inclinou-se para carregá-lo no colo. Como um príncipe dos contos de fadas, carregando sua donzela. A dor passou, rapidamente, mas passou. Só doía ao pisar no chão terrestre... era este o seu castigo. O seu eterno castigo por ter fugido do mar. Algo para lembrá-lo de que ele jamais seria como os humanos... o sal ainda corria em suas veias. A tortura não o deixaria esquecer.
Enquanto Alec carregava o moreno coberto como se fosse uma criança, Clary respirou fundo.

— Vou pegar umas toalhas quentes.

E saiu em disparada para a cozinha. Quem tivesse olhado para ela naquele momento, teria percebido que Jace a seguia com uma evidente centelha de preocupação. O Lightwood colocou-o delicadamente em uma poltrona no centro do salão, coberta de almofadas macias, com toda a gentileza do mundo. Como se tivesse medo de quebrá-lo... algum instinto super protetor inflou em seu peito e Alec sabia o que precisava fazer. Tomar conta dele, protegê-lo a todo custo. Havia uma espécie de admiração aflita em seus olhos verdes, quase castanhos. Era isso que o preocupava, como um peso gélido esmagando seu coração.

Por quê está aflito? Vamos, diga alguma coisa.

Magnus tirou uma mecha de cabelo ainda úmido do rosto, esticando a mão como se quisesse tocar Alexander. Ele queria, mas não sabia se devia fazer isso. Resetou o movimento, afastando-a de volta com visível tristeza. Queria se aninhar no colo daquele homem, queria que fossem um só. Mas a insegurança veio, massacrando essa necessidade.

Alexander. Vem cá. Me toca...

Magnus desviou os olhos, carmesim roçando suas bochechas com quentura. Estes não eram pensamentos que uma jovem sereia boazinha deveria ter a respeito de um homem. Mas ele... tinha. E também sentia que isso não era errado de maneira nenhuma.
Polímia, sua irmã mais velha, provavelmente o chamaria de puta. Lhe daria apelidos desrespeitosos como: cadelinha dos humanos ou coisas do gênero. Não gostava de pensar nisso... e se perguntava como estavam as coisas lá no Reino dos Mares. Se seu pai já havia descoberto sua traição... a reação de suas irmãs... se Catarina e Raphael seriam castigados de alguma maneira caso Asmodeus suspeitasse de seu envolvimento.

Catarina. Preciso ver Catarina ainda hoje...

— Pelo Anjo — diz uma mulher, se levantando. Ela é mais velha que Isabelle. Magnus soube que se tratava da Rainha Lightwood, musa da terra com seus volumosos cabelos negros presos num coque discreto, não em todo o seu brilho e esplendor. Se ela tirasse aquela coisa metálica que o prendia, as ondas desceriam sobre seus ombros e uma cascata de sombria beleza entraria em contraste com seus lábios rosados e os olhos intensos, porém guardando contida bondade genuína. Magnus sentia-se nervoso perto dela, era um sentimento de inferioridade... ele não sentira isso com Lilith. Estava claro que as duas eram mulheres indiscutivelmente poderosas, mas havia algo diferente sobre a Rainha da terra, a mãe do Príncipe pelo qual seu coração batia. Ela parecia uma mulher bastante fria tanto quanto era realmente sensata. Lilith parecia ser mais brincalhona.

The Little Mermaid ; malecOnde histórias criam vida. Descubra agora