O salão da corte está reluzente, com conchas cravejadas nos pilares feitos de corais. O Rei dos Mares estava lá, as mãos apoiadas na balaustrada enquanto encarava a multidão com seu tridente bem ao lado. A arma não teria utilidade em um evento como este, mas Asmodeus sempre a mantivera perto, para que ninguém esquecesse como ele era poderoso ou duvidasse de sua autoridade.
Quando Magnus veio, a contragosto, o pai lhe lançou um olhar triunfante, assim como este mesmo olhar percorreu as demais filhas. Apesar do ar imperioso, Asmodeus era, acima de tudo, encantador. Como um verdadeiro deus da Grécia. Entretanto, olhar para ele era como olhar diretamente para o Sol. O brilho de sua perfeição poderia ser capaz de cegar alguém. Não que Magnus já tivesse visto o Sol pessoalmente. Ele queria, queria muito.Asmodeus odeia estes bailes, e mesmo assim insiste para que sejam realizados. As festividades se tornavam mais elaboradas a cada ano, pelo menos. Magnus sempre tivera suspeitas de que essa era uma necessidade de seu pai. A necessidade em provar para o povo sirênico como não dá a mínima para a deserção de Nellie Bane. Magnus e suas irmãs, se tiverem o mínimo de juízo, acreditam piamente nele.
Mas Magnus nunca acreditara em uma única palavra de seu pai. Tudo o que ele dizia, desconfiava, não passava de mentira e enrolação. Ele já havia superado a suposta morte de Nellie Bane, sua querida esposa. Tão querida que foi esquecida por ele assim que se foi. Magnus cruzou os braços, sentindo o sangue arder nas veias só de pensar nisso.
— Existe alguma razão especial para terem se atrasado tanto, minhas filhas? Eu não sou afeito a demoras, vocês têm consciência disso.
— Estávamos nos arrumando, querido pai — diz Talia, visivelmente nervosa. Claro. Quem não ficaria no mínimo apavorado, perto do Rei dos Mares? Mas ele é nosso pai. Isso não deveria se aplicar a nós...
— Sim — diz Melissa, com a voz meiga. —, queríamos nos certificar se nossa aparência estava adequada para o baile.
— Então imagino que a demora tenha valido a pena. — disse Asmodeus, lambendo cada uma das filhas com aquele olhar severo que faria qualquer um imaginar que ele estava lendo sua alma. Ele parou em Magnus, se tornando de repente ameaçador. — Meu querido.
Magnus uniu as mãos, sentindo o corpo inteiro tilintar por dentro. Estou tremendo? Não é possível, eu não devia ter medo dele.
— Sim, papai?
— Onde está sua coroa de lírios? Eu fui bem específico quando disse que você devia usar. Então... onde está?
Magnus mordeu o lábio inferior, visivelmente nervoso. Ele deveria ter tirado no quarto e se esquecido de pôr de volta. Droga, Magnus. Droga! Por quê você é assim? Distraído. Meu pai vai me matar.
— Eu... nossa, como eu sou esquecido! Devo ter... devo ter deixado no quarto. Permissão para buscar, pai?
— Aqui está, bobinho — Amaral põe a coroa de lírios na cabeça dele. Ela era uma das mais atenciosas. Sempre estava por perto para tomar conta. Magnus lhe lançou um sorrisinho de agradecimento.
— Obrigada.
— Não há de quê.
Asmodeus move o tridente imperceptivelmente enquanto volta a encarar cada uma delas. Foi por pouco, por um fio! pensou Magnus, aterrorizado com a ideia do que seu pai poderia ter feito caso a irmã não tivesse trazido a tiara de flores. Primeiro, o Rei dos Mares olha para Nia. Depois Polímia. Então Melissa, Amaral e Luísa... estavam todas maravilhosas. Cada uma delas. Tudo certo, nenhuma falha.
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The Little Mermaid ; malec
FanficFanfic malec que tem como base o clássico conto de A Pequena Sereia ♡