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ESTRANHEZA. Se nada de estranho te surpreende ao longo da vida, é porque você não viveu.
Lola sempre gostou do estranho, do incomum; daqueles momentos novos que surpreende até a mais certa das certezas.
Há algo magnético na estranheza de momentos que geram diferentes interpretações e cenários diversos. Intenções que não estão implícitas e que confundem qualquer um que se atreva a entender.
Mas o estranho costuma afastar, assustar. E ela sabia disso mais do que ninguém pois era assim que Lola se via: uma estranha, que afastava bons momentos e assustava as pessoas.
Desde a infância, ela tinha uma personalidade incomum que estranhava quem quer que tentasse uma aproximação. Por muito tempo ela buscou a normalidade, se sentindo insegura de colocar em evidência tudo aquilo que acreditava e que era. O julgamento do que é estranho pode ser rigoroso e muito doloroso.
Apesar de muito buscar ser comum, Lola sabia que não era. E, no fundo, a menina gostava da estranheza que moldava uma parte de quem era.
Afinal, o estranho tem muito a nos ensinar. Para o bem ou para o mal.
– Só pra constar, nunca duvidei deles. – JJ comentou, enquanto o grupo chegava juntos no cais. Os quatro precisaram acompanhar suas últimas aulas do dia antes de poderem ir embora da escola.
– Eu te devo 5 dólares. – Kiara disse.
– Na verdade, todos vocês me devem. Enquanto vocês estavam chorando pelos cantos e fazendo até funeral, eu era a única que acreditava que eles estavam vivos. – Lola disse, estufando o peito com a certeza de que ela nunca esteve errada.
– Kiara e Lola, façam o que eu pedi até as 17 horas. – A voz da mãe de Kiara soou da varanda do restaurante dos Carrera.
– Você tem outros funcionários. – Kiara respondeu, no mesmo tom de voz alto para que ela fosse escutada.
– Mas só vocês duas vivem sob minha tutela.
– Odeio não te apoiar, tia, mas dessa vez eu tô 100% do lado da Kiekie. – Lola falou, mandando um beijo no ar para a mãe de Kiara, que apenas balançou a cabeça em negação, mas sorriu fraco observando enquanto o grupo se afastava, seguindo até a doca.
– Vamos pras Bahamas. – JJ comentou, sentindo Lola se animar ao seu lado.
– Poderíamos morar lá. Lá tem ótimas ondas. E o JJ pode pescar e vender peixe pra sustentar a gente. – Lola disse, no meio de um pensamento alto, fazendo JJ sorrir.
– Lola, não conseguiríamos chegar até lá. – Pope respondeu, fazendo Lola rapidamente murchar a expressão.
– Cedo ou tarde vão pegá-lo, então precisamos limpar o nome dele o quanto antes. – Kiara disse, sendo seguida por um breve momento de silêncio até que JJ se pronunciou.
