Bem, acho que estamos prontos - anunciou o Homem-rato - Uma última coisa. Há algo que preciso lhes dizer antes que recuperem a memória. É melhor que ouçam isso de mim em vez de... se lembrarem após o procedimento.
- Do que está falando? -- Indagou Harriet.
- Alguns de vocês são Imunes ao Fulgor. Mas... outros, não. Vou repassar a lista. Por favor, façam o possível para ouvi-la com calma.
Havia se esquecido completamente disso e que uma das Onze não era Imune, ela o fitou com medo.
- Para um Experimento dar resultados precisos é necessário um grupo-controle. Fizemos o máximo para manter o vírus distante de vocês pelo maior tempo possível. Mas ele se propaga pelo ar e é altamente contagioso...
- Só os azarados de mértila estarão com ele -- Disse Newt - De todo modo, achávamos que todos tínhamos essa doença infeliz. Não está partindo nossos corações.
- Isso mesmo -- Acrescentou Sonya - Acabe logo com o drama e fale de uma vez.
Maitê estaria se sentindo exatamente igual se descobrisse que não era Imune, porém ela sabia que era e que uma dos Onze não...
- Muito bem, então. A maioria de vocês é Imune e nos ajudou a coletar dados valiosos. Apenas dois são considerados Candidatos agora, mas falaremos sobre isso mais tarde. Vamos à lista. As seguintes pessoas não são Imunes: Newt...
Maitê arregalou os olhos, a face tomada pela preocupação. Newt? Logo ele?
- Vitória, Cauê, Terê...
Naquele momento o ar foi embora de seus pulmões. Ainda não existia uma cura... quanto tempo levaria para que...
- Lebre... -- Ela disse dando-lhe um abraço. Se sentia tão triste por aquilo.
- Tá tudo bem. Ainda não acabou -- Maitê concordou com a cabeça e se afastou dela.
- Tem razão...
Maitê se afastou dela e olhou em volta para percebeu que os Onze estavam ao redor. Emily se aproximou de Lebre e levou a mão ao seu ombro.
- Está tudo bem? -- Ela concordou com a cabeça.
- Eu passei esse tempo todo achando que tinha o Fulgor. O que mudou agora, não é? -- Maitê sorriu sem mostrar os dentes, concordando com a cabeça.
Um Clareano mirava o vazio com lágrimas descendo pelo rosto triste. Outra garota do Grupo B estava sendo consolada pelas amigas. Maitê olhou para Lebre e sorriu para ela outra vez. Sempre tinha sido tão forte...
- Bem, queria adiantar essa notícia -- Explicou o Homem-rato com a voz indiferente - Principalmente para que soubessem por mim, e também para que pudesse lembrá-los de que toda a razão desta operação tem sido chegar a uma
cura. A maioria dos não Imunes está nos estágios iniciais do Fulgor, e confio plenamente que conseguirão superá-la antes que avance demais. Mas os Experimentos requerem a participação deles.- E se vocês não conseguirem descobrir nada? -- Perguntou Minho mas o Homem-rato o ignorou. Maitê limpou a lágrima do rosto e observou ele caminhar até a cama mais próxima, depois esticou o corpo e colocou uma das mãos no estranho dispositivo metálico que pendia do teto sobre ela.
- Este aparelho é algo de que nos orgulhamos muito, uma conquista
da engenharia científica e médica. Chama-se Retrator, e realizará o procedimento em vocês. Ele deve ser colocado sobre o rosto. Prometo-lhes que continuarão tão bonitos quanto são agora quando tudo estiver terminado. Pequenos fios dentro deste dispositivo descerão e penetrarão em vocês pelos canais auditivos. Em seguida removerão o dispositivo que está
no cérebro. Médicos e enfermeiras lhes darão um sedativo para que relaxem, e algo para entorpecer os sentidos e diminuir o desconforto -- Fez uma pausa e percorreu a sala com o olhar - Vocês entrarão em uma espécie de transe, enquanto os nervos se reparam e a memória retorna, um estado similar àquele pelo qual alguns já passaram durante o que chamaram de Transformação, lá no Labirinto. Mas
não é nem de longe tão desagradável, prometo a vocês. Grande parte daquela experiência tinha o propósito de estimular os padrões cerebrais. Temos vários quartos como este e toda uma equipe de médicos só nos aguardando para começar. Agora, tenho certeza de que têm um milhão de perguntas, embora a maioria deva ter resposta nas próprias lembranças.
Por isso, vou esperar até depois do procedimento para quaisquer outras perguntas e respostas. Deem-me apenas alguns minutos, só para me certificar de que as equipes médicas estão prontas. Podem usar esse tempo para tomar essa
importante decisão.Assim que ele saiu, o burburinho invadiu a sala. Todos falavam ao mesmo tempo. Minho lhe deu batidinhas no ombro para que se virasse.
- Como o Newt está? -- Ela perguntou.
- Incrivelmente bem -- Maitê sorriu de lado mas ele foi embora quando percebeu que Teresa estava ao lado dele o tempo todo, estava a chamando para opinar com ela.
Quando percebeu isso puxou Emily pelo braço que caminhou ao seu lado. Minho parou de frente para Thomas, Newt e Caçarola.
- Ei, trolhos, vocês sabem e lembram mais que qualquer outra pessoa aqui. Teresa, nunca fiz segredo disso... não gosto de você. Mas, ainda assim, quero saber o que pensa disso tudo.
- Temos de fazer isso -- Disse Teresa - Parece mesmo ser o melhor para nós. Precisamos da memória para voltar a ser inteligentes; para decidir qual será o próximo passo.
- Por que eu não tô surpresa? -- Indagou Maitê com sarcasmo e um pequeno sorriso nos lábios. Thomas manifestou-se:
- Teresa, sei que não é tola. Mas sei também que está cega sobre tudo que diz respeito ao CRUEL. Você pode estar preparada, mas eu não estou convencido de que devemos aceitar isso.
- Nem eu -- Concordou Minho - Eles podem nos manipular, brincar com nosso cérebro de mértila, cara! Como saberemos se o que estão restaurando são nossas memórias mesmo ou uma criação deles?
- Garotos, vocês não entendem o principal! -- Disse Teresa - Se o CRUEL pode nos
controlar, se podem fazer o que quiserem conosco, se podem nos obrigar a fazer qualquer coisa, por que se incomodariam com toda essa gentileza em nos dar uma escolha? O homem de branco afirmou que tirariam de nós também a parte que permite nos controlar. Essa notícia me pareceu ser a melhor de todas.- E você realmente acredita que não tem nada por trás disso? -- Indagou Maitê - Se ele está disposto a tirar isso da gente é para por algo muito pior no lugar.
- O que seria pior do que poder controlar a gente? Controlar o nosso corpo? Gente...
- Bem, seja como for, nunca confiei em você mesmo -- Interrompeu Minho - E, com certeza, não confio neles.
- E quanto a Aris? -- Indagou Newt - Não disseram que ele estava com vocês antes de virem para o Labirinto? O que ele acha?
- Vou perguntar pra ele -- Afirmou Teresa se afastando dele.
- Odeio essa garota -- Constatou Minho.
- Somos dois -- Disse Emily
- Vamos lá... Ela não é tão ruim assim - replicou Caçarola.
- Bem, se está caindo nessa, eu não estou -- Respondeu Minho.
- Nem eu -- Concordou Newt - Sou o único de nós que não é Imune a esse maldito Fulgor e, portanto, tenho mais a perder que qualquer outra pessoa. Mas não vou cair mais em nenhum truque.
- Aí vem ela -- Disse Thomas anunciando a chegada de Teresa.
- Ele parece estar ainda mais certo que nós. Todos eles são a favor.
- Bem, para mim é o bastante -- Respondeu Minho - Se Aris e Teresa são a favor, sou contra -- Maitê e Emily concodaram com as cabeças.
- Bem, é com vocês agora - Afirmou Teresa sacudindo a cabeça e se virando para afastar-se.
- Ei, cara -- Irrompeu a voz de Caçarola, que gritava atrás de Thomas - Não podemos deixá-los jogar essas porcarias na nossa cara, podemos? Ficaria feliz de voltar à minha cozinha na Sede, juro que ficaria.
- Já se esqueceu dos Verdugos? -- Perguntou Newt.
- Eles nunca se meteram comigo na cozinha, não é mesmo?
- Isso é verdade. Bem, vamos ter de encontrar um novo lugar para você cozinhar - Newt agarrou o braço de Thomas e de Minho e os afastou
do grupo. Ele lançou um olhar culpado a Maitê e depois sinalizou Emily com a cabeça.Talvez Newt quisesse que se separasse de Emily mas ela preferiu se juntar aos Onze e conversar com eles.
- Não se esqueçam, quando se trata do CRUEL nunca é 100% verdade.