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Uma batida forte à porta a acordou na manhã seguinte. Mal havia se inclinado para além da beliche de cima, quando a porta se abriu e os mesmos cinco guardas da véspera entraram com os Lança-Granadas em posição. Janson entrou no quarto logo depois.

- Acordem pra cuspir, meninos. Decidimos
lhes devolver a memória, gostem ou não -- Ela se deixou cair na cama de novo, com o rosto afundando no travesseiro.

- Vá para o inferno -- Retrucou Newt.

- Você disse que não éramos obrigados -- Falou... Talvez Thomas?

- Receio não ter escolha -- Respondeu o Homen-rato - O tempo das mentiras
acabou. Nada vai funcionar com vocês ainda no escuro. Sinto muito. Precisamos fazer isso. E Newt, de todos vocês, será o mais beneficiado por uma cura.

- Não me importo comigo -- Sussurrou Newt num resmungo.

- Olhem, garotos, entendo como devem estar se sentindo. Vocês viram coisas horríveis -- Maitê ergueu o tronco e se apoiou no cotovelo, indignada. Sem mais um pingo de sono - Mas a parte pior acabou. Não podemos mudar o passado, não podemos apagar o que aconteceu com vocês e com seus amigos. Mas não seria um desperdício não concluirmos o plano a essa altura?

- Não podem apagar? -- Gritou Newt - Isso é tudo o que tem a dizer?

- Ei, garoto -- Advertiu um dos guardas, apontando um Lança-Granadas para o peito de Newt. O Homen-rato prosseguiu.

- Estamos correndo contra o tempo. Agora vamos, ou os guardas entrarão em ação. Estão prontos para isso, eu lhes asseguro --
Minho saltou do beliche.

- Ele tem razão -- Afirmou sem rodeios. - Se podemos salvá-lo, Newt, e só Deus sabe quantos mais, seríamos completos idiotas em ficar neste quarto mais um segundo que fosse. Vamos, vamos logo --
Passou pelo Homem-rato e pelos guardas, e se dirigiu ao corredor sem olhar para trás. Maitê franziu o cenho vendo Thomas sair e em seguida Newt. Quando Isac estava prestes a sair também um dos guardas puxou Maitê pelo braço, a fazendo cair do beliche de cima.

Ela caiu com a costas no chão, apertou os olhos e cerrou os punhos levando as mãos as costelas. Por um segundo ela ficou sem ar.

- Ei cara! -- Resmungou Isac indo na direção deles. Outro guarda apontou o Lança-Granadas para Isac. Maitê se ergueu, percebendo que Minho estava na porta, a olhando. Ela entrou na frente de Isac e o Guarda.

- Deixe de estupidez -- Falou para o guarda enquanto fez menção de sair com Isac.

- Você não manda aqui. Posso matar você agora se quiser -- Ele ergueu mais o Lança-Granadas ameaçadoramente. Maitê se virou e caminhou lentamente até ele, com as mãos a mostra.

- Vamos. Faça. Mate um rato desse maldito experimento e acabe logo com uma das vidas que vocês destruíram.

- Vamos, Maitê, não prescisa disso -- Falou o Homen-rato levando a mão ao seu ombro. Ela remecheu os ombros.

- Encoste em mim de novo e arranco ela fora -- Deu meia-volta e guiou Isac para a saída do quarto.

Ela passou em meio aos garotos apertando distraídamente a costela que a incomodava enquanto seguia o Homen-rato pelos corredores.

- Tudo bem, Maitê? -- Quis saber Minho. Ela se virou para ele e seus olhos se encontraram, sorriu de leve em resposta e deu batidinhas em seu ombro.

Será que Minho estava realmente preocupado com ela? Quando passou pela porta do dormitório dos Onze viu que estava aberta e vazia. O quarto era exatamente igual ao deles.

- Onde estão?

- Estou levando vocês para se encontrarem.

Quando chegaram a porta do auditório, o
Homem-rato se deteve, virando-se para falar com eles.

- Espero que todos cooperem hoje. Não serei tolerante com nada menos que isso - Então ele abriu a porta e Maitê viu. Todos eles, Luiza, Lucca, Lebre e Emily. Mas também haviam mais guardas. Somados aos que acompanhavam eles eram 13

Ela entrou e os abraçou, um por um. Quando estava prestes a se afastar deles ouviu um barulho alto. Quando se virou, viu o Homen-rato esborrachado contra uma porta.

- Chame-os de novo de indivíduos, e quebro esse seu maldito pescoço! -- Newt quem havia empurrado ele. Maitê gostou de ver aquele lado de Newt mas logo percebeu que não era o seu lado natural... Era o Fulgor agindo sobre o seu corpo. Se o Fulgor já estava agindo sobre ele também deveria estar acontecendo com Terê.

- Esperem! -- Gritou Janson quando os Lança-Granadas foram apontadas para Newt - Esperem -- Ele alisou a camisa e ajeitando o paletó - Não atirem. Vamos acabar logo com isso.

- Não nos chame de indivíduos. Não somos camundongos tentando encontrar o queijo. E diga aos mértilas dos seus amigos para se acalmarem. Não vou machucá-lo. Pelo menos, não muito -- Maitê se sentiu mal vendo aquilo... Pior ainda ao saber que Lebre ficaria ainda mais agressiva.

Não! Não podia acontecer. De modo algum. Ela estava bem, ainda era a mesma Terê.

De repente a voz de Thomas a tirou de seus pensamentos. Mas ela não ouviu. O Homen-rato também não então ele repetiu:

- Eu era apenas uma criança. Manipularam meu cérebro para me obrigar a fazer essas coisas, para ajudá-los -- Maitê arqueou as sombrancelhas. Thomas se lembrava de muito mais coisa de antes do Labirinto do que ela.

- Bem, não participei disso desde o começo -- Respondeu Janson - Mas você mesmo me aprovou para este trabalho. E deve saber que nunca vi ninguém, criança ou adulto, tão determinado quanto você era.

- Não me importo com o que você...

- Chega! -- Ele interrompeu Thomas com um grito - Vamos começar por ele - Fez um gesto para um dos guardas - Faça uma enfermeira descer até aqui. Brenda está
lá dentro; ela tem insistido para que a chamemos. Talvez fique mais fácil de lidar com Thomas se for ela a técnica que trabalhar com ele. Os outros esperarão aqui. Prefiro lidar com um de cada vez. Agora preciso verificar outro assunto. Encontro vocês lá.

𝑨 𝑪𝑼𝑹𝑨 𝑴𝑶𝑹𝑻𝑨𝑳Onde histórias criam vida. Descubra agora