1. Nightmare

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Kirishima encarava a porta do loiro e perguntava-se se deveria baté-la ou não, afinal, sabe-se lá o que Katsuki poderia fazer apenas pelo fato de alguém entrar em seu quarto.

Não aguentou mais, bateu três vezes na porta, e foi apenas ignorado.

- Suki? Sou eu.

Demorou um pouco, mas finalmente obteve uma resposta.

- O que 'cê quer, cabelo de merda?

- Eu posso entrar?

- Porra, Kirishima, são quase três da manhã! - disse o loiro, grosso, mas não com raiva. Não tinha nada que o fizesse ter raiva de Kirishima, ele era perfeito demais, lindo demais e... "POR QUE MERDA EU TÔ PENSANDO ISSO?!"- pensou Bakugo.

- E-eu sei, mas eu tive um... um...

- Um o que, caralho?!

- E-eu tive um pesadelo, tá legal...?!

Após dez segundos que pareceram horas, a porta se abriu.

- Qual foi dessa vez?

- Eu não quero falar...

- Veio fazer o que diabos aqui então?!

- Eu só precisava saber que... você... estava aqui...

- O quê?! É claro que eu tô aqui!

- É-é complicado, o pesadelo é difícil de explicar...

Depois de um tempo encarando o mais novo, Bakugo cedeu e o deixou entrar.

- Tsc, pode entrar. Mas você vai me explicar tudo direito e em perfeito tom.

- Tá bom, Suki! - dera aquele sorriso, o sorriso que fazia com que Katsuki se sentisse... estranho. Era perfeito, seus dentes pontiagudos brilhando e uma certa despreocupação se instalava em Bakugo quando o via.

Depois de adentrarem o quarto, Kirishima se sentou no chão e inclinou sua cabeça para deitá-la na cama.

Katsuki sentou na cadeira da sua escrivaninha, virado para Kirishima, o encarando.

- E então? - perguntou Bakugo, quebrando o imbecil do silêncio - vai falar ou tá difícil?

- Promete que não vai rir?

- Não posso prometer o que não sei se vou cumprir - deixou um sorriso ladino escapar ao final da frase.

- Prometa, Bakugo.

- Tsc, táá.

Kirishima ao menos tentou falar alguma coisa, mas ao invés de palavras, saíram outra coisa.

Lágrimas gordas e redondas saiam descontroladamente de seus olhos.

Merda.

Estava chorando na frente de Katsuki.
O que ele iria fazer? Rir? Zoar de sua cara?

Mas ao invés disso, Bakugo saiu rapidamente da cadeira e se sentou na frente de Eijirou.

- Kiri... você tá bem?

- Eu... eu...

Kirishima engasgou com as próprias palavras, havia um nó em sua garganta, o choro não o deixava falar devidamente.

Disse em meio aos soluços:

- E-eu sonhei que você havia morrido, Bakugo, eu... sonhei que você não estava mais aqui...

- E-ei não chora... eu tô aqui, olha! Não precisa ficar assim.

- Eu sei, mas é que... o sonho parecia bem real. Você 'tava lutando contra um vilão e... ele te acertou, você rolou e bateu a cabeça muito forte, e então... Bom, e então aconteceu.

Kirishima olhava para Katsuki.

- Desculpa - agora estava observando suas próprias mãos que estavam sobre seu colo - Eu sei que é bobeira ficar triste só por isso, mas você é meu melhor amigo, seria um inferno não ter você para reclamar ou gritar comigo.

- Sim, é bobeira.

- E-er-

- É bobeira você achar que é bobeira.

- É?

- É.

- M-mas-

- É normal as pessoas terem pesadelos, Kirishima, e ponto.

Eijirou voltara a encarar o loiro.

- Suki.

- Oi?

- Posso dormir aqui hoje?

- Não.

- Aaaaa por quê?

- Três motivos - mostrou três dedos de sua mão - Primeiro que eu odeio companhia. Segundo que você deve roncar pra caralho. E, terceiro - encarou sua cama - só tem uma cama.

- Você realmente já sabe o que falar se alguém te pedir 'pra dormir aqui, tem a desculpa na ponta da língua.

- Lógico.

- Bom, eu tenho a solução para seus problemas.

- Dúvido.

- Primeiro, - se levantou, encarando Bakugo - dependendo da companhia, sim, você gosta.

- E quem disse que eu gosto da sua companhia?

Kirishima inclinou a cabeça, olhando para Katsuki como se fosse um gato na rua.

- Não gosta?

- Não.

- Mentiroso.

- Você tá abusado, hein, cabelo de merda!

- Culpa sua.

Bakugo olhou indignado para Kirishima.

- Segundo que, não, princeso, eu não ronco "pra caralho" - colocou nas próprias palavras de Katsuki - E sobre a cama, é só pegar um lençol, colocar no chão e encher de travesseiros e almofadas.

- Como se eu fosse colocar meus travesseiros no chão.

- Existem os meus, sabia?

- Eu já falei que não, Kirishima!

A situação estava difícil, Kirishima teve que apelar para a decisão mais máscula que poderia pensar.

Implorar.

- Por favooooooor, Sukiiii - fez um biquinho como se fosse um bebê prestes a fazer birra ou chorar.

- Não é não, porra!

- Eu posso ter pesadelos de novo.

- E o que me importa?

- Você me parecia se importar a uns minutos atrás.

- Argh, TÁ! Faz o que quiser! Mas não vem chorar se tiver a buceta dos pesadelos de novo!

Eijirou começou a rir.

- TÁ RINDO DE QUÊ?

- Grita mais alto, Bakubro, o pessoal não tá ouvindo - disse, ainda sorrindo.

- VAI. TOMAR. NO. CU - falou dando pausas nas palavras.

- Enfim, tô indo pegar minhas coisas. Tchau, senhor bomba.

- O cacete - Kirishima não estava mais lá quando ele falou isso, mas não se importou.

a uma porta de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora