"Quando nossos pensamentos são instáveis e caóticos, é de grande refrigério lembrarmo-nos de uma coisa: a Verdade há de aparecer. Ela é como a luz em meio às trevas; impossível de ser ignorada ou ocultada."
Corri sem olhar para trás e subi as escadas rapidamente, fechando bruscamente a porta de meu quarto. Me lancei em minha cama e comecei a chorar. "Ah, que vergonha, que vergonha, que vergonha! Ele vai me achar uma aberração! Ninguém deveria saber disso, ninguém! Como vou encará-lo novamente?" Eu pensava e as lágrimas desciam pelas minhas bochechas.
Ouço algo como um arranhado do outro lado da porta. Só podia ser Apolo raspando suas patas para que eu o deixasse entrar. Eu abro para que ele venha, fechando logo em seguida. Ele volta para a cama junto comigo, tentando consolar-me. Assim permaneci por um bom tempo, até que adormeci.
"Toc, toc!"
- Blair, querida, o jantar está pronto. Diz minha mãe, com voz suave ao entrar no quarto, notando que eu ainda estava meio sonolenta.
- Obrigada, mãe, mas não estou com fome...
- Ora, vamos. Tem sua comida preferida hoje. Pedi especialmente para que Fred fizesse risotto de camarão.
- Não estou com fome, como disse... me encolhi ainda mais, disfarçando minha barriga roncando. Frederico ficará triste se eu não comer. E meu estômago também.
- Querida, o que foi? Você nunca rejeita sua comida favorita.
- Eu só... estou meio cansada, só isso. Não posso comer no meu quarto? Não quero ter que descer para o jantar com essa cara de desânimo. Fred vai ficar chateado pensando que não gostei da comida, mãe.
- Tudo bem, mas só dessa vez! E descanse, tá bom? Quero ver minha Blair sorridente pela manhã, como deve estar. Ela passa sua mão macia pelo meu rosto, me fazendo sorrir.
- Obrigada, mamãe.
Alguns minutos depois ela trás meu jantar. Numa tijela azul e compacta está o arroz petit, branquinho e delicado, com pedaços de camarão e legumes incorporados. Por cima, uma folha de salsinha como decoração, algo que Frederico sempre fazia. Estava saindo muita fumaça, e o aroma era agradabilíssimo. Ao lado, num prato branco de porcelana, há um pedaço de torta de mirtilo. À esquerda do prato há um garfo pequeno e dourado, provavelmente faz parte da coleção dos talheres de ouro. Estava tudo impecável. Antes de provar a torta, peguei uma garfada para analizar o aroma: "Bom, temos canela, baunilha, amêndoas e... limão siciliano."
Fiquei pensando em todo o carinho que ele colocou naquela refeição. Tudo estava perfeito, e minha consciência não me deixou em paz até eu terminar de comer. Como eu fui egoísta... Não acredito que deixei minhas emoções me controlarem tanto assim. Eu preciso consertar isto.
Desço as escadas tão rápido quanto subi, erguendo o pescoço para ver se havia alguém na sala de jantar. Estava vazia. Só me restava verificar o lugar mais óbvio e torcer para não me encontrar com Derick, ao menos, não agora. Entro na cozinha e avisto Frederico e Olga, ambos de costas lavando as louças e arrumando a cozinha.
- Hmm -eu murmuro em baixo tom-...Frederico? ,
- Ah, Alteza! Que bom que se sente melhor! Como estava seu risotto? E a torta de mirtilos, lhe agradou? Ele se vira para mim, abrindo um largo e genuíno sorriso.
- A-ah, s-sim, estava tudo perfeito, Fred...eu só...gostaria de me desculpar. Ele me fita com um olhar confuso.
- Mas, Alteza, à que você me deveria desculpas?
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O Último Império
FantasíaHá muito tempo atrás, na pacífica SoleilLand, a Monarquia era prestigiada pelo povoado há inúmeras gerações. Essa paz, porém, não foi tão forte quanto a ganância do coração dos homens. Os então respeitados Reis, decidiram abusar de seu povo. Cobrand...