{Capítulo 01}

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Fury Kattalakis estava prestes a entrar no covil do dragão. Bem, não exatamente. Havia, de fato, um dragão no sótão do prédio ao qual Fury estava se dirigindo, mas aquele dragão não representava nem um quinto do perigo que emanava do urso que guardava a porta.

   Aquele filho da mãe era detestável. Não que Fury se importasse com isso . A maioria das pessoas e dos animais o odiava, mas isso não era um problema para ele.

E, de qualquer forma, ela não tinha mesmo muita utilidade para o mundo.

  __ As coisas que você faz pela família... - murmurou Fury, muito embora todo aquele conceito de família ainda lhe fosse algo novo.

Estava acostumado a ser insultado por todos ao seu redor. Foi somente depois do verão de 2004, que Fury percebeu que nem todas as criaturas do universo queriam matá-lo.

O urso, entretanto ainda estava lá...
Dev Peltier ficou tenso assim que viu Fury surgir das sombras próximas à porta do Santuário  -  um bar tosco de motoqueiros e clube privê que ficava na altura do número 688 da Ursulines.

Não era provável que aquele endereço tivesse sido escolhido de propósito pelo clã de ursos donos daquele lugar, de modo que aquilo era, uma pequena ironia do destino .

Vestindo a camiseta preta do uniforme do Santuário e calças jeans, o urso tinha forma humana naquele momento: cabelos loiros, longos e encaracolados, um par de botas de motoqueiro e um par de olhos perspicazes que não perdia nenhum detalhe ou ponto fraco... Mas, apesar de toda aquela aparência humana de Dev, para Lincantropos ( como Fury ), a forma alternativa de Dev era como um sinal que alertava todas as espécies dos outros mundos que ele era perigoso.

Todavia, Fury também era perigoso. E o que lhe faltava em habilidades de magia era-lhe mais do compensado em fúria pura... E em respostas rápidas. E em cólera.
      Ninguém levava vantagem sobre ele. Nunca.

    __ O que você está fazendo aqui?_ grunhiu Dev.

Fury deu de ombros com indiferença e decidiu que não entraria em uma briga, como havia prometido. Ele, cumprindo uma promessa para outra pessoa que não para si mesmo... pois é... isso mesmo. O inferno devia estar congelando. E Fury ainda não sabia direito como tinha permitido que seu irmão,  Fang,  convencesse-o daquele suicídio evidente.
 O filho da mãe lhe devia essa.
 Grande momento.

    __ Calma, cara. _ Fury ergueu as mãos em sinal de rendição dissimulada. __ Só vim aqui para ver Matt.

Dev mostrou os dentes de forma ameaçadora e lançou um olhar pelo corpo de Fury. O que, normalmente, teria feito Fury esmaga-lo como uma lesma, simplesmente por ter sido insultado.
Caramba, seu irmão, Vane, estava gozando com sua cara.

    __ A Pátria Kattalaskis não é bem-vinda aqui e você sabe disso.

Fury Arqueou uma sobrancelha enquanto olhava para o letreiro que se erguia sobre a cabeça de Dev: uma placa preta com luzes azuis e marrons mostrava uma motocicleta em uma colina contornada por uma lua cheia. Além disso, o letriro também dizia que o Santuário era do lar dos Howlers, a banda da casa . Para os desavisados, aquele parecia um letreiro qualquer. Todavia, para aqueles que tinham nascido amaldiçoados,  como eles, as sombras na lua formavam a silhueta de um dragão ascendente  - um símbolo oculto para os seres sobrenaturais do mundo.

Aquele clube não apenas se chamava Santuário. Ele era  um santuário.  Todas as entidades paranormais podiam entrar ali e, uma vez que entrassem,  ninguém podia feri-las, pelo menos enquanto elas obedecessem a Primeira Regra: Não derramar sangue.

    __ Você conhece as leis do nosso povo. Você não pode escolher quem entra. Todos são igualmente bem-vindos. __ disse Fury .

   __ Vá se foder.__ rosnou Dev.

Mistérios que à sombra da lua revela Onde histórias criam vida. Descubra agora