{Capítulo 03}

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Angelina hesitou dentro do mal-afamado Santuário.
Tinha entrado subitamente no terceiro piso do limani  - a área reservada para aqueles que se teletranspostavam não fossem vistos - e estavam agora tentando decifrar a paisagem externa.

Mal iluminado, o teto do clube era pintado de preto; as paredes, por sua vez,eram compostas de tijolos vermelho-escuros. Grades e guarnições pretas criavam no lugar a sensação e a aparência de uma caverna.

   Ela passara a maior parte de sua vida na Inglaterra medieval, e preferia o campo aberto e o ar puro ao caos da vida do século XXI.
Agora, sabia o porquê. Prédios como aquele eram claustrofóbicos. Angelina estava acostumada com tetos abobadados de nove metros - e aquele que agora estava sobre sua cabeça, além de plano, não deveria ter mais do que três metros.

Inquieta, olhou as luzes elétricas ao seu redor. Como uma Caçadora de Criaturas Mutantes, ela era suscetível às correntes elétricas.
Uma diminuta descarga e Angelina poderia perder o controle não apenas de sua mágika, mas também de sua aparência humana.

Como seu povo conseguia viver naqueles lugares terrivelmente lotados e excessivamente eletreficados? Ela nunca entendera  aquele gosto. Isso para não mencionar as roupas...

Angelina vestia calças azuis e um top branco que, apesar de macio, era também demasiado curioso.

      __ Tem certeza de que essa é uma boa idéia? - sussurrou para seu acompanhante, Dare.

  Ele era pelo menos 25 centímetros mais alto do que ela. Num primeiro momento, seu cabelo parecia castanho-escuro, mas, na verdade, era composto de uma mistura de todas as cores: branco, castanho, marrom, preto, ruivo e até mesmo alguns fios loiros.
Longos e ondulados, eram provavelmente mais belos do que os cabelos de qualquer homem. À própria Angelina faria qualquer coisa para tê-los. Dare, todavia, não dava a mínima para o fato de ser incrívelmente sexy e atraente. Não que Angelina pudesse dormir com ele.... Dare era praticamente um Katagaria no que dizia respeito à forma como lidava com mulheres e, como uma mulher Arcadiana, ela achava aquele comportamento animalesco e repugnante, muito embora,  de certa forma,  também o achasse bastante excitante.

Ainda assim, ele era um dos mais ferozes caçadores de criaturas mutantes da Pátria de Angelina, e as mulheres de seu clã o disputavam há séculos.

Naquela noite, Dare tinha saído em busca de sangue.
Afortunadamente, não era o sangue dela.
Dare afundou seus nebulosos olhos verde-escuros nos dela.

      __ Está com medo, garotinha? Então volte para casa.

Ela não disfarçou a vontade de empurrá-lo - vontade que era fruto de sua raiva. A arrogância de Dare sempre a impelira para o caminho errado.

      __ Não estou com medo de nada - contentou-se em responder.

      __ Então, venha. E não diga nada.

Angelina fez um gesto obsceno pelas costas de Dare enquanto ele seguia na direção das escadas. Aquela era a única desvantagem de se viver no  passado: os egos masculinos. Ali estava ela, uma Aristi, umas das mais poderosas de sua raça.  E, mesmo assim, Dare a tratava como se ela não passasse de uma escória.

  Deuses, como ela queria espancá-lo!

No entanto, Dare era netodo antigo líder e chefe da tessela de que ela fazia parte, de modo que Angelina era obrigada, pela honra, a segui -lo. Mesmo que quisesse matá-lo...

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